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Por que é que nos enganamos tanto com os amigos?

Há pessoas que enganam com muita facilidade, muito em função da sua personalidade, mas também dos seus interesses.
Há pessoas que enganam com muita facilidade, muito em função da sua personalidade, mas também dos seus interesses.  
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De acordo com um estudo publicado recentemente, apenas metade daqueles que consideramos amigos o são de verdade.

Tal acontece porque nas mais variadas fases de vida pelas quais passamos, temos necessidades distintas, sentimentos diferentes e menos conhecimento do que gostaríamos.
 
Se há pessoas que nos transmitem confiança, recetividade e amizade com mais facilidade e depois acabam por mostrar-nos o oposto, existem outras que nem sequer o fazem porque não passaram no nosso filtro e, muitas há também que com o passar do tempo acrescentamos sentimentos positivos e podemos considerar “verdadeiras amigas”.
 
Assim, como cada um de nós passa por diferentes processos de mudança, também as relações que estabelecemos com os outros sofrem alterações, o que não quer dizer que as pessoas sejam sempre as responsáveis pela falta de recetividade, mas sim que, somos mais ou menos compatíveis consoante a etapa de vida em que nos encontramos, as necessidades que sentimos naquele momento, pelo que, os nossos sentimentos também se atualizam e orientam mais ou menos para esta ou para aquela pessoa.
 
De facto, segundo os investigadores, não existe nada de errado nisso, simplesmente é melhor começarmos a aceitar e a assumir que nem todas as pessoas que julgamos nossas amigas o são na realidade, pois tal como nós passamos por estes processos de mudança e de instabilidade, os outros também o passam.
 
Depois, temos sempre de considerar que, há pessoas que enganam com muita facilidade, muito em função da sua personalidade, mas também dos seus interesses, pelo que, se analisarmos bem quem temos ao nosso redor, certamente que vamos ter de reconhecer que, muitas dessas nossas amizades não se orientam por sentimentos genuínos e verdadeiros e que não é só o fator tempo que determina essa condição, mas sim o caráter de cada um.
 
Há quem sinta prazer em enganar os outros, quem os leve a fazer o que pretende, a gozar e a abusar de todas as formas possíveis e imaginárias, pelo que, segundo os cientistas, cada vez mais temos de estar atentos às nossas relações e não considerarmos todos como amigos para que nos possamos proteger.
 
Depois, também há pessoas que só se aproximam de nós quando precisam de alguma coisa ou têm algum interesse, enquanto que há outras que permanecem nos bons e nos maus momentos. Estas últimas são as tais que se encaixam no número de verdadeiros amigos, mas há muitas que não conseguem alcançar esse estatuto, basta que olhemos frontalmente para as suas atitudes, recomendam os entendidos.
 
De acordo com um estudo levado a cabo por uma equipa de investigadores da Universidade de Tel Aviv e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que analisou um grupo de voluntários, «por muito que desejemos o contrário, a verdade é que apenas metade das pessoas que  consideramos nossas amigas o são na realidade».
 
Para chegar a esta conclusão, os cientistas criaram uma espécie de “máquina da verdade” que, por meio de um algoritmo, avaliou a bidirecionalidade e reciprocidade das nossas relações sociais.
 
Com esta invenção, os investigadores demonstraram que, nem todas as pessoas são recetivas ao que lhes damos, nem todos os nossos supostos amigos estão dispostos a retribuir o que lhes damos e ainda menos são capazes de valorizar o que lhes fazemos.
 
Dizem os investigadores que existe em cada ser humano uma tendência para acreditar que, se gostamos de alguém, se estamos dispostos a dar-lhe amor, atenção e amizade, então o outro também sente o mesmo por nós, mas isso não é verdade, completam.
 
O trabalho de investigação envolveu pessoas de Israel, Estados Unidos e Europa e, segundo Erez Shmueli, responsável pelo estudo, “Descobriu-se que 95% dos participantes consideravam que os seus relacionamentos de amizade eram recíprocos, e que na realidade, não o eram, e que 50% dos entrevistados se encaixavam na categoria de amizade bidirecional, isto é, a que é gerada por ambos os lados”.
 
Adianta a mesma equipa de cientistas que, «as verdadeiras amizades são raras e que, por isso, devem ser estimadas e valorizadas. O que acontece com mais frequência é que tenhamos a ilusão de que estamos a construir uma amizade verdadeira, quando na realidade, estamos a conviver com alguém com quem conseguimos desfrutar de alguns momentos, mas não mais do que isso».
 
A maior parte das nossas relações não alcança a profundidade de uma amizade verdadeira e ainda menos o estatuto desejado de “melhor amigo”, mas isso não quer dizer que não possamos viver bons momentos e trocar experiências, mas sim que não podemos contar com aquelas pessoas para mais do que isso, sublinham os especialistas.
 
Na verdade, também não teríamos capacidade para dar e receber tanto se a maioria das pessoas fosse uma amiga ou um amigo “da alma”, pelo que, o segredo é saber muito bem com quem se pode ter uma relação de confiança e de recetividade para que a possamos valorizar mais, cuidar mais dessa relação e saber o devido lugar e importância que damos aos conhecidos e a todos aqueles que não são nossos amigos de verdade, mas que também são importantes para nós, concluem os psicólogos.