Há muito tempo que a ciência afirma que, existe uma correlação entre ser feliz e uma boa resposta imunitária, que se reflete numa melhor saúde cardiovascular, menos estados inflamatórios e até um atraso no envelhecimento celular.
É inquestionável que o stress e a ansiedade nos afetam a qualidade de vida e o bem-estar, razão pela qual os cientistas defendem um estilo de vida mais tranquilo, estar mais tempo com aqueles que amamos e que nos fazem bem, onde haja espaço para relaxar, para estarmos connosco próprios e para aprendermos a encarar a vida, as pessoas e as situações de uma forma mais desapegada que nos possa proporcionar um maior distanciamento e menos tensão e conflito.
Refere ainda a ciência que, os principais sinais de stress que se manifestam em muitas pessoas são o cansaço, a desmotivação, as dores de cabeça, dificuldades digestivas e problemas psicossomáticos.
Um artigo publicado na Dialogues in Clinical Neuroscience vem complementar estas ideias revelando um novo termo científico chamado “imunologia afetiva”. Ou seja, as respostas emocionais e imunitárias estão relacionadas e fortalecem ou enfraquecem a saúde mental e fisiológica, o que não deixa margem para dúvidas do quão importante é manter a nossa saúde e felicidade ao mesmo tempo.
Sabemos que no dia a dia nem sempre é fácil ser feliz. O que podemos experimentar são emoções com valência positiva que medeiam o bem-estar. Estados como calma, satisfação e serenidade têm impacto direto nas nossas defesas naturais, pelo que, a dimensão mental condiciona o âmbito fisiológico.
Para melhorar a qualidade de vida e bem-estar, é importante ter em conta os seguintes pontos:
• Ter uma abordagem mental mais relaxada e otimista facilita a redução da produção de cortisol.
• Homens e mulheres que lidam melhor com o stress têm níveis mais baixos dessa hormona que nos limita o bem-estar e a felicidade.
• Níveis mais baixos de cortisol, epinefrina e norepinefrina estimulam a resposta imunitária.
• Por outro lado, pessoas com atitudes neutras ou tristes apresentam, até 32% a mais desse composto no organismo.
Segundo a ciência, há uma série de emoções com valência positiva que são mais duradouras e que constroem um tipo de atitude que favorece o bem-estar. Ao mesmo tempo, uma personalidade otimista e uma boa abordagem atitudinal permitem um envelhecimento mais saudável. Abaixo listamos os fatores que podem contribuir para um aumento da longevidade, uma maior resistência à depressão e um sistema imunitário mais forte.
• Resiliência.
• Sentido do humor.
• Calma e temperança.
• Boa gestão do stress.
• Esperança e positividade.
• Desejo de conexão social.
Pessoas que mantêm uma vida social ativa, que passam momentos felizes com amigos e familiares, têm, em média, um sistema imunitário mais forte, registam os cientistas envolvidos nos trabalhos de investigação.
Ao mesmo tempo, não nos podemos esquecer que, a felicidade aumenta a produção de neurotransmissores como a serotonina ou a oxitocina. É verdade que os estados mentais gratificantes produzem endorfinas e que estas fortalecem o bem-estar físico e mental. No entanto, é preciso considerar outro elemento.
A Universidade de Telavive realizou um estudo para confirmar que estados como alegria, felicidade ou positividade melhoram a nossa resposta imunitária através das emoções positivas que aumentam a produção de IgA (um anticorpo) e reduzem o cortisol.
A ideia de que um estado de espírito positivo nos oferece uma vantagem biológica, ao melhorar a produção de anticorpos, parece verificar-se mais uma vez, apesar de estes estudos estarem sempre em atualização, sublinham os entendidos.
O grande segredo para ser mais feliz e mais saudável, «não é ambicionar estar bem em todos os momentos, mas sim, ser capaz de controlar a ansiedade e o stress, ao mesmo tempo em que se aprende a desfrutar de mais momentos de qualidade e satisfação», evidenciam os cientistas. Ser positivo, acreditar que é sempre possível mudar e melhorar é a chave a que se junta a resiliência que é a nossa capacidade de resistir às adversidades sempre com a convicção de que se pode fazer melhor, corrigir e aprender com as lições de vida, completam.
Para finalizar, deixamos-lhe algumas dicas dos especialistas para que possa tirar mais partido da vida e das suas habilidades pessoais:
• Comece a praticar mindfulness.
• Racionalize as suas preocupações.
• Pratique técnicas de respiração.
• Torne-se hábil em estratégias de solução de problemas.
• Regule as suas emoções expressando-as em canais como arte, escrita, uma modalidade desportiva, uma boa conversa com amigos, entre outros momentos.
Depois, é fundamental que mantenha uma vida ativa, que pratique uma atividade física e que não descure o plano mental.
Movimentar o corpo harmoniza a mente e também estimula o sistema imunitário.
Não se esqueça de que a solidão é um dos maiores inimigos da nossa saúde, pelo que, procurar pessoas e espaços de convívio, onde possa dar um pouco de si e receber algo dos outros, é um importante requisito para viver melhor. Praticar voluntariado também pode ser uma boa opção para quem quer fazer amigos e sentir-se mais acompanhado.
Registe ainda que, todos passamos por momentos mais difíceis, de desânimo e em que perdemos as forças, contudo, é importante que não deixemos que essa tristeza se instale e que procuremos ajuda sempre que necessário.