O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, visitou a área de refúgio dos cavalos-marinhos da Culatra, onde se concluíram recentemente os trabalhos de assinalamento marítimo, para que os utilizadores da Ria Formosa reconheçam as zonas de refúgio, onde não é permitido navegar, garantindo a preservação das espécies e o seu habitat natural.
A sinalização das áreas de refúgio é um projeto da Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Algarve do ICNF, do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR) e do Almancil International Rotary Club.
Durante a última década, as populações de cavalos-marinhos da Ria Formosa sofreram um grande decréscimo devido a vários fatores ligados à atividade humana na ria.
Segundo a Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas, "um dos fatores foi a pesca ilegal, motivado pela procura destas espécies para venda no mercado asiático, enquanto produto muito apreciado e valorizado para a medicina tradicional chinesa, com impacto negativo entre 2013 e 2015, levando a um decréscimo súbito das populações".
A pesca ilegal (praticada por arrasto) com impacto indireto nos fundos da Ria Formosa, provocou uma acentuada degradação ambiental, nomeadamente nas pradarias marinhas. A poluição sonora subaquática e fenómenos naturais de assoreamento (acumulação de detritos) em zonas perto das barras, foram também identificadas como problemas para a conservação destas espécies.
Face à drástica redução das populações de cavalos-marinhos entre 2018 e 2019, foi criado o Grupo para a Salvaguarda e Conservação da Populações de Cavalos Marinhos da Ria Formosa (GSCPCMRF). Uma das primeiras medidas foi a implementação de áreas de refúgio também conhecidas como zonas de santuário.
Numa parceria entre este grupo e as associações de pesca locais, foram criadas duas áreas marinhas de refúgio, uma na zona da Culatra (contígua ao canal de Olhão) e outra no esteiro da Geada (contíguo ao canal de Faro). A monitorização das populações de cavalos-marinhos na Ria Formosa, bem como das áreas de refúgio, foram realizadas através do projeto HIPPOSAVE (financiamento MAR2020) da Universidade do Algarve.
Entre 2020 e 2021, verificaram-se valores bastante baixos, contudo, em 2022, registou-se uma inversão, com um aumento significativo da população de cavalos-marinhos, (seis vezes superior face às campanhas de 2020 e 2021). Apesar de ter sido verificado que em alguns dos 25 locais monitorizados, os cavalos-marinhos ainda se encontravam ausentes ou presentes em números reduzidos, noutros locais houve um aumento significativo. Atualmente, a abundância de cavalos-marinhos é elevada, valor que se tem mantido estável.
Para a mesma entidade do ICNF, é vital que se mantenha a monitorização continuada das populações de cavalos-marinhos (dentro e fora das áreas de refúgio) para evitar uma nova situação de quase extinção. Há ainda o objetivo, de identificar outras áreas que contribuam para o aumento da biodiversidade e proteção dos valores naturais.