Dicas

Pessoas que têm medo de mudanças

Pessoas que têm medo das mudanças
Pessoas que têm medo das mudanças  
Foto - Freepik
De um modo geral, todos tememos as mudanças pela incerteza que acarretam, mas há pessoas que sofrem só com a ideia de algo poder vir a mudar.

Segundo a ciência, estas pessoas podem sofrer de metatesiofobia que é um medo exagerado, angustiante e sufocante só de pensar que se vai perder algo ou alguém, ter de lidar com algo novo ou iniciar uma nova etapa de vida.
 
De acordo com os especialistas, qualquer variação na nossa rotina diária gera stress, tal como uma situação inesperada e que, por alguns momentos, pode colocar em causa os nossos alicerces. Uma pessoa que gere bem as suas emoções e que se sente equilibrada, acaba por adaptar-se de uma forma positiva à mudança, de lhe dar um novo sentido e de criar os seus mecanismos de defesa. Pelo contrário, quem sofre de alguma fobia acaba por arrastar um longo desconforto no tempo e por ver a sua qualidade de vida afetada, como é o caso de quem padece de “metatesiofobia”.
 
Estas pessoas apresentam pensamentos irracionais face a pequenas alterações e entendem que uma mudança pode ser desastrosa, pelo que ficam muito aflitas, com níveis elevados de stress e com pouca capacidade de resistirem ao que lhes é proposto, entrando em estado de desequilíbrio e de profundo mal-estar que se prolonga no tempo, acabando por constituir um estilo de vida.
 
A metatesiofobia surge normalmente após uma experiência negativa que não é tratada e ultrapassada. A pessoa sente um medo profundo e angustiante do incerto, de não saber o que pode acontecer, pelo que teme a ocorrência de eventos imprevisíveis, mesmo os mais simples e banais. Por norma, apresenta uma combinação de várias fobias, o que aumenta o desconforto e inibe a participação em atividades sociais, por exemplo.
 
Atualmente, existem cerca de 470 fobias específicas descritas e todas elas definem um fenômeno cada vez mais comum na saúde mental. A revista Psychological Medicine descreve que as fobias específicas têm uma incidência de 5,5%, sendo as mulheres as mais afetadas.
 
É de anotar que, de um modo ou de outro, todos receamos iniciar algo novo, contudo, quem é portador de uma fobia nem sequer aceita a ideia da alteração e, mais grave, pensa demasiado naquilo que lhe pode acontecer, mesmo que nada o indique e, só por isso, a sua ansiedade já dispara.
 
É ainda de anotar que, quem sofre do medo da mudança já passou por uma alteração repentina e inesperada como a perda de um ente querido, um acidente, uma mudança brusca de casa, uma separação de um colega, amigo ou parceiro ou já foi despedido num qualquer momento de vida, o que dá lugar a uma situação traumática que requer que a pessoa faça uma reflexão pessoal, que procure entender o que se passou e encontrar uma resposta que a satisfaça. Caso contrário, o ideal será pedir apoio psicológico, alertam os especialistas nesta matéria.
 
Essa experiência negativa aloja-se no cérebro do paciente, condicionando-o completamente e moldando a estrutura psicológica de uma fobia específica, manifestando-se deste modo:
 
• Medo de sair da rotina;
• Ataques de pânico;
• Ficam aflitas com qualquer contratempo;
• Pouca ou nenhuma vida social;
• Não aceitam convites para passeios ou comemorações;
• Temem o futuro próximo e antecipam sempre o pior.
• Vivem com uma carga elevada de pensamentos irracionais e angustiantes.
• Podem permanecer em relacionamentos prejudiciais porque não aceitam mudar de vida;
• Mesmo que se sintam infelizes numa situação, nada fazem para mudá-la.
• Não aceitam mudar o seu estilo de vida, mesmo que isso seja inevitável para a sua saúde e bem-estar;
• O medo irracional é combinado com outras fobias como é o caso, por exemplo do medo de mover-se.
 
Segundo a Universidade de Basel, as fobias específicas são acompanhadas por alterações na saúde, o que torna comum a presença de enxaquecas, distúrbios digestivos, taquicardia, entre outros.
 
As fobias são um tipo de transtorno de ansiedade descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). São experiências clínicas acompanhadas de ataques de pânico e que, se não tratadas, podem levar à depressão. Quem padece de uma qualquer fobia, acaba por ver a sua vida muito condicionada, sem motivação, força e capacidade para reagir, para lutar, para conviver, para desfrutar de momentos com outras pessoas e com bem-estar pessoal, alertam os psicólogos entendidos nesta matéria.
 
A revista Learning & Memory destaca os mecanismos neurológicos existentes em fobias específicas: estes pacientes apresentam uma maior ativação na amígdala cerebral, o que leva a um estado de alerta constante e a processar qualquer estímulo como um perigo. São quadros clínicos muito debilitantes que merecem atenção psicológica especializada e o mais urgente possível, porque acarretam uma detioração da saúde mental e da qualidade de vida, resume.
 
Segundo os especialistas, a metatesiofobia pode ser tratada, e existem várias abordagens psicológicas eficazes para combatê-la. Deve-se notar que o mais importante em todos os casos é receber um diagnóstico adequado. Como já mencionado, é comum que essas condições sejam acompanhadas por outras realidades clínicas, como a depressão.
 
O recurso à terapia farmacológica, sejam benzodiazepínicos para ansiedade ou antidepressivos, ocorre com frequência, mas têm de ser prescritos por um médico especialista e devem ser aplicados em simultâneo com uma terapia psicológica, concluem os mesmos entendidos.