Estas pessoas manipulam para que possam continuar a abusar da sua vítima. Saiba como proteger-se.
Com a proliferação e o impacto das redes sociais nas nossas vidas, é crescente o número de termos que designam as mais variadas formas de abuso dos sentimentos dos outros. A facilidade com que se programam os encontros e com que se comunica, dá lugar a inúmeras formas de relacionamento e a consequências, nem sempre agradáveis.
O benching, por exemplo, é uma forma de manipulação que tem o intuito de manter a pessoa “presa”, iludida de que “um dia a relação vai acontecer” quando, na realidade, isso não passa pelos planos de quem o pratica.
O termo deriva do inglês e quer dizer: “to bench” (deixar alguém no banco de reservas). Assim, a pessoa manipuladora envolve a outra, fá-la acreditar nas suas intenções em iniciar uma relação, aparenta ser uma pessoa que não é e apresenta sentimentos que não tem. A sua motivação é manter a vítima interessada, dependente e apaixonada e poder usá-la a seu belo prazer. Marca encontros, não aparece, depois inventa desculpas, mostra-se muito interessada nuns momentos, ausente noutros e faz um jogo de sedução que leva quase à loucura de quem sofre dessa dependência.
Quando é confrontada pelo outro, foge ao assunto, descarta-se e, quando menos se espera, volta a aparecer como se nada tivesse ocorrido porque sabe que a sua vítima permanece interessada e o jogo continua até que se aborreça e procure um novo “isco” para as suas ações cobardes, explicam os entendidos nesta matéria.
Naturalmente que a vítima cria expectativas e, durante algum tempo, acaba por envolver-se emocionalmente e por não conseguir entender que, o único objetivo dessa pessoa é aproveitar-se dos seus sentimentos e ter alguém a quem recorrer quando se sente sozinha, quando precisa ou simplesmente quando deseja divertir-se, o que “é profundamente reprovável, que não pode de modo algum ser alimentado numa relação afetiva e que requer uma tomada de posição firme de quem está nas suas mãos”, alertam os profissionais de psicologia.
A vítima acaba por viver numa eterna incerteza, sem saber o que fazer e o que pensar, mas vai alimentando esperanças e ilusões para com quem não a respeita, não possui empatia e ainda menos se preocupa com os sentimentos dos demais.
Desde logo, os especialistas alertam que, muito mais importante do que estar subjugado a alguém, é reunirmos forças para construir um amorpróprio que nos permita olhar para nós mesmos e não aceitar que nos usem de forma alguma.
Para saber se é uma vítima de benching, esteja atento a estes sinais:
- A pessoa demora vários dias a responder a um contacto, seja telefónico, a uma mensagem e, na maioria das vezes, não diz o que o leitor gostaria ou esperava ouvir;
- O manipulador não lhe dá uma justificação para levar tanto tempo a responder e pode demorar até semanas a fazê-lo;
- A pessoa elogia-a com muita frequência e de forma até exagerada;
- Muitos dos seus elogios e galanteios não vão ao encontro do modo como o manipulador o trata na realidade;
- Umas vezes parece muito interessado e, de um momento para o outro, apresenta-se distante e como se não estivesse envolvido consigo;
- Umas vezes parece apaixonado, outras desinteressado e ainda noutros momentos parece confuso e não transmite um discurso coerente e perceptível, o que gera ambiguidade e confusão;
- Costuma evidenciar-lhe as características físicas, mas também emocionais e intelectuais, dando ênfase ao facto de o leitor “ser uma boa pessoa, tranquila, calma e compreensiva” porque o quer enganar e envolver;
- Umas vezes diz que não tem a certeza se quer a relação, noutras parece estar muito seguro, mas afasta-se, desliga o telefone, não responde às mensagens e só aparece quando menos se espera;
- Não responde ou fá-lo de forma confusa, a perguntas incómodas e que se referem aos seus comportamentos e ao futuro da relação que mantêm.
Segundo os entendidos nesta matéria, é fundamental que confrontemos a pessoa sem medo, que lhe perguntemos o que deseja afinal desenvolver connosco e, acima de tudo, não perdermos de vista a nossa autoestima, pois quando alguém nos enrola nesse tipo de jogo, é porque não possui boas intenções e ainda menos, sentimentos honestos e verdadeiros.
Nenhum de nós deveria permitir-se entrar numa relação nestes moldes, pelo que, idealmente, devemos estabelecer limites, envolver-nos com pessoas que cultivam um diálogo franco e honesto e não temer ficar sozinhos, sob pena de facilmente sermos vítimas deste ou de outro tipo de artes de manipulação.
Sabendo que as intenções destas pessoas não se enquadram naquilo que é desejável para uma relação afetiva, oriente a sua vida para um plano superior: tente aproximar-se de pessoas mais honestas, disponíveis, que o respeitem e que se respeitem também, pois quem pratica benching sofre de vários problemas de autoestima que acabam por refletir-se no uso e abuso que fazem daqueles que acreditam nas suas falsas palavras.
Quem ama não usa, quem ama não mente, quem ama respeita, por isso, afaste-se o quanto antes de pessoas que não o tratam com esta honestidade e valores, sublinham os especialistas em comportamento humano.