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Pessoas que resistem melhor às adversidades

Pessoas que resistem melhor às adversidades
Pessoas que resistem melhor às adversidades  
Foto: Freepik
A American Psychological Association enfatiza que a resiliência é o resultado da adaptação aos momentos difíceis da vida, por meio da flexibilidade mental, emocional e comportamental.

Ser resiliente não  nos isenta de problemas ou desafios, mas é um recurso para enfrentarmos os infortúnios e superá-los, apesar da dor, do stress, da ansiedade, da tristeza e do trauma, resumem os especialistas na área da psicologia.
 
No livro The Resilient Self, Wolin e Wolin apresentam as bases da resiliência em pessoas que enfrentaram situações infelizes, tendo organizado os resultados nestes 7 pilares:
 
1. Introspecção: consiste na capacidade de compreender e pensar sobre eventos passados, como desafios e problemas. A introspecção favorece a compreensão de si mesmo e de como superamos os infortúnios.                                  
 
2. Independência: é saber traçar limites entre si e o mundo. Implica também manter distância física e emocional, mas sem levar a um isolamento desadaptativo. Permite o desenvolvimento da identidade e da autonomia.
 
3. Interação: refere-se à capacidade de formar laços e ser íntimo com os outros. Inclui confiança nos outros, comunicação assertiva, vínculos significativos e apoio social.
 
4. Iniciativa: refere-se à capacidade de assumir responsabilidades e agir para alcançar objetivos e superar adversidades.
 
5. Criatividade: é a capacidade de projetar soluções inovadoras para problemas. Incentiva o surgimento de diferentes alternativas para responder de forma mais adaptativa ao meio ambiente.
 
6. Humor: alude à capacidade de encontrar o lado cómico das tragédias. Ajuda a reduzir o stress e a minimizar a tensão gerada pelas adversidades. Proporciona alívio através do aparecimento de emoções positivas.
 
7. Moralidade: é a capacidade de comprometimento para com os nossos valores. Orienta comportamentos e decisões por meio do reconhecimento de princípios éticos.
 
De acordo com os mesmos autores, estes 7 componentes representam as habilidades que as pessoas desenvolveram mediante os obstáculos e adversidades pelas quais passaram e que as ajudaram a superar melhor os problemas daí inerentes, pelo que podem ser considerados como uma base sólida e inspiradora para quem está a atravessar um período difícil.
 
Dizem os investigadores que, é graças ás habilidades que as pessoas desenvolvem perante os problemas que se tornam mais ou menos resilientes e mais capazes de enfrentar um problema de saúde seu ou de algum familiar, uma perda, uma situação traumática do passado e daí por diante. Anotam ainda que, cada pessoa tem a sua forma de estar, de pensar e de reagir à dor, sendo que, estas habilidades podem fortalecer quem quer que seja que esteja perante um cenário difícil, mas é sempre de completar com a capacidade de cada um.
 
A  revista Frontiers in behavior neuroscience, acrescenta ainda que, existem fatores que podem facilitar ou dificultar o desenvolvimento da resiliência, tais como genéticos, epigenéticos, desenvolvimentais, psicossociais e neuroquímicos, a que se deve incluir:
 
Carinho e apoio familiar.
 
Capacidade de projetar planos realistas.
 
Visão positiva de si mesmo.
 
Habilidades de comunicação e resolução de problemas
 
Regulação emocional e controle de impulsos.
 
Segundo Wolin e Wolin, as pessoas resilientes apresentam estas características:
 
Exteriorizam os pensamentos e as emoções que experimentam como consequência do infortúnio.
 
Formulam, reavaliam e aplicam diferentes opções de resolução de problemas.
 
Sabem como pedir ajuda e a quem recorrer.
 
Reconhecem os limites entre quem são e o que estão a viver. Não se identificam com o seu sofrimento.
 
Identificam o que precisam e o que não precisam. São muito autoconscientes e sabem ouvir o seu “eu” interior.
 
Possuem uma rede de apoio, seja de amigos ou familiares, constroem uma base significativa e tentam fortalecer-se com aqueles que amam. Com isso, funcionam bem, de forma estável e equilibrada e isso projeta-se no exterior dando bons exemplos de si mesmas nas mais variadas situações.
 
Aceitam o que lhes acontece e, é a partir daí que procuram as soluções para os problemas.
 
Reservam um tempo diário para pensar, para analisar e para aprender mais, pois será dessa forma que encontram alternativas e soluções realistas e adequadas.
 
Têm bons hábitos de vida.
 
Reconhecem que não têm todas as soluções ou todas as respostas.
 
São estes fatores que as tornam mais fortes, mais seguras, mais confiantes e com mais capacidade para enfrentar os obstáculos e, a boa notícia é que, os mesmos são acessíveis a qualquer pessoa, pelo que é preciso conhecer-se cada vez mais para saber como agir primeiro para consigo mesmo e, só depois perante os outros, alertam os entendidos nesta matéria.
 
A American Psychological Association deixa as seguintes recomendações para que se torne, cada vez mais resiliente:
 
1. Desenvolva relacionamentos interpessoais significativos, na medida em que o apoio emocional é dos aspetos mais relevantes que podemos possuir. Ajudar e oferecer ajuda, torna-nos mais fortes.
 
2. Entenda as crises como oportunidades de aprendizagem e de crescimento pessoal
 
3. Aceite a mudança
 
Para ser mais resiliente é preciso aceitar as transições e adversidades. A aceitação de emoções e pensamentos é fundamental para reduzir humores negativos associados a fatores de stress. Aceite o que sente e mude mediante as exigências da vida, acolhendo também que os processos são dinâmicos e que temos de acompanhá-los com a melhor adaptação possível.
 
4. Defina os seus objetivos e procure alcançá-los, pois será dessa forma persistente que irá encontrar forças para enfrentar aquilo que é incerto e adverso.
 
5. Tome decisões mediante aquilo que lhe surgir, sabendo que a flexibilidade e a abertura para a mudança são cruciais.
 
6. Procure oportunidades para se conhecer melhor após as situações negativas, uma vez que, será aí que vai valorizar o que aprendeu com a situação difícil pela qual passou,
 
7. Abra horizontes, uma vez que, desenvolver uma perspetiva mais ampla, vai ajudá-lo a compreender melhor o que se passa e permitir que aprenda algo novo com a adversidade. Ao mesmo tempo, abrir horizontes permite que consigamos analisar a realidade sob várias dimensões, o que nos ajuda a minimizar a dor e a encontrar melhores alternativas.
 
8. Cultive uma visão positiva
 
Observe-se de forma positiva e crie um autoconceito otimista sobre si mesmo. Confie na sua capacidade de resolver problemas e acredite mais nas suas potencialidades.
 
9. Cuide de si
 
Atenda às suas necessidades e desejos. Desfrute de atividades que o ajudem a sentir-se melhor e com mais saúde física e mental.
 
Exercite-se, medite, alimente-se bem, durma o suficiente, caminhe no meio da natureza. Essas atividades permitirão reduzir o stress e aumentar-lhe o bem-estar.
 
10. Mantenha a esperança
 
Acredite que, está a passar por algo grave, mas certamente que vão surgir-lhe situações melhores. Cultive o otimismo de forma a que possa dosear bem os momentos em que deve agir e aqueles em que deve aguardar pela resolução do problema depois de ter dado o seu melhor. Há momentos em que não é preciso reagir, mas só acreditar e esperar.
 
Para finalizar, é importante ter em conta que, a resiliência nunca deve ser usada para mascarar um cenário de violência, de manipulação ou de qualquer outro tipo de dor. Agarre-a para ganhar forças para sair da situação acreditando que será capaz de construir  uma vida melhor noutro cenário mais agradável, concluem os entendidos.