A Plataforma Água Sustentável (PAS) afirma que a construção da Estação de Dessalinização de Água do Mar do Algarve (EDAMA) é uma decisão que considera "ineficaz, um desperdício económico,
uma obra perdulária, um prejuízo para a pesca e turismo locais com elevado custo ambiental, e uma oportunidade perdida pelo governo".
Em comunicado, a PAS explica que se trata de "um projeto ineficaz, porque no máximo da sua produção de água, produzirá 6,8% do total dos consumos anuais da região, cerca de 236,5 hm3. (20% dos 34% do consumo urbano) quando atualmente se perde, em média, 30% da água nas redes de distribuição urbana do Algarve".
Fala de um "desperdício económico", porque "desvia verbas que deveriam ser aplicadas em soluções eficazes, como a reabilitação das redes de abastecimento de água, recorrendo à instalação de tecnologias para a deteção e localização de fugas, monitorização e manutenção das perdas de água, e o aproveitamento das águas residuais tratadas (ApR)".
Considera que se trata de uma "obra perdulária", porque "produzirá água de menor qualidade e muito cara, o que conduzirá ao aumento do preço da água, sem resolver o problema da sua escassez".
Para o movimento, será um prejuízo para a pesca e turismo locais, "porque diminui a quantidade e qualidade do pescado, bem como a qualidade da água do mar, descaracterizando e desfigurando a paisagem natural da praia da Falésia, zona icónica da costa algarvia".
Um investimento que terá, segundo a PAS, um elevado custo ambiental, devido "à poluição química provocada pela descarga da salmoura misturada com substâncias orgânicas e metais pesados com efeitos irreversíveis na vida marinha", com consequências nas arribas da falésia, "com perigo de derrocada, impactes graves no Parque Natural da Ria Formosa, na Zona Especial de Conservação da Ribeira de Quarteira, no Parque Natural Marinho do Recife do Algarve - Pedra do Valado e nos recifes artificiais de Quarteira".
Por outro lado, refere-se aos "relevados" consumos energéticos que o projeto acarreta, "sendo cerca de 85% com recurso a combustíveis fósseis, com o subsequente aumento de emissão de carbono para a atmosfera".
Em alternativa, insta o Governo a aproveitar a reprogramação do PRR, direcionando o financiamento para a resolução do problema das perdas de água na rede de distribuição e para a reutilização das ApR, em que a dessalinização deveria ser, "uma solução de último recurso, o que, manifestamente, não é o caso presente", sublinha.
Considera ainda, que o caminho a seguir para evitar a escassez de água não está no aumento da oferta, mas "na gestão criteriosa do recurso e na execução de ações estruturais, de acordo com a recomendação específica feita a Portugal pelo Conselho Europeu, em 19 junho de 2024", conclui.