O incêndio que deflagrou em Gambelas na terça-feira à noite, junto à Universidade do Algarve, rapidamente chegou ao concelho de Loulé, afetando as freguesias de Almancil e Quarteira.
Quinta do Lago, Vale do Lobo, Vale do Garrão, Fonte Santa, Ferrarias e Quarteira foram zonas por onde o fogo passou, deixando um rasto de destruição.
Em declarações ao Algarve Primeiro, o presidente da Câmara de Loulé, referiu que ainda não tem «a quantificação e a medição total das ocorrências, para já o que posso confirmar é que não há propriamente uma destruição de habitações, a menos que haja apoios e coisas precárias muito ligadas à atividade agrícola, aí sim, pode haver uma ou outra situação, mas residências na Quinta do Lago e Vale do Lobo não temos conhecimento que haja qualquer ocorrência grave».
Vítor Aleixo afirmou ter «confiança absoluta» nas empresas municipais Infralobo e Infraquinta, que «rapidamente estarão à altura para repor o seu estado habitual de grande qualidade como todos nós conhecemos».
O autarca mostrou-se preocupado com os sinais que as alterações climáticas vão dando, relembrando a estratégia que o município tem seguido nos últimos anos para se adaptar a uma nova era climática, «temos perfeita consciência que a prioridade das prioridades é a adaptação, que representa a defesa da vida, a defesa dos valores ambientais, da biodiversidade, até mesmo com as condições de habitabilidade das pessoas. Nesse sentido, estamos a trabalhar muito focadamente na adaptação às alterações climáticas, falo da seca que temos problemas gravíssimos, com uma redução drástica dos níveis de precipitação e menos água disponível para alimentar as necessidades das comunidades humanas e também a agricultura, portanto, há todo um mundo de soluções e de estudos que estão a ser feitos, planeados e em alguns casos, já trabalhados, que vamos ter de aprofundar muito num futuro próximo», sustentou.
Para o edil, começa a haver em todo o país, uma consciência «que cresce rapidamente» quer das autoridades públicas, quer da cidadania, para uma mudança de comportamentos, porque «vamos mesmo ter de lidar com um mundo muito diferente, muito perigoso e há que encarar o problema com realismo e com toda a capacidade que temos de vontade e conhecimento que são indispensáveis».
O exemplo do incêndio que ocorreu, entre Faro e Loulé, foi para Vítor Aleixo, «muito potenciado por ventos absolutamente descontrolados».
«A temperatura sobe e a humidade baixa bastante, quando o vento atinge velocidades com muita frequência que não era hábito assistirmos, tudo isto forma um caldo altamente perigoso». O responsável aproveitou para apelar: «ou mudamos muito rapidamente nos próximos anos, hábitos de consumo e estilos de vida, ou então teremos de enfrentar consequências devastadoras». Nessa mudança, chamou a atenção do trabalho que é necessário desenvolver, relativamente aos planos diretores municipais, falando de um trabalho multidisciplinar, «onde muitos atores são chamados a dar os seus contributos e onde a ação climática, a adaptação, a mitigação, a gestão, a governança dos territórios, tem de ser um processo muito bem caracterizado e contido nesses novos PDM's», observou.