Política

PAN discorda da forma como a dessalinizadora do Algarve está a ser concebida

Foto - PAN Algarve
Foto - PAN Algarve  
A Comissão Política Distrital do PAN de Faro emitiu um parecer de discordância em relação à proposta de instalação de uma estação de dessalinização no concelho de Albufeira, que esteve disponível no portal “participa” para consulta pública, tendo terminado o seu prazo a 19 de dezembro.

O partido indica que o posicionamento contrário não se baseia numa oposição à dessalinização em si, mas nas preocupações relacionadas com a forma como a estação está a ser concebida. Num parecer anterior, apresentado à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), Agência Portuguesa de Ambiente (APA) e Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), o PAN propôs alternativas mais sustentáveis em termos de tecnologia para a futura central de dessalinização na região.
 
Segundo explica o partido em comunicado, estas soluções incluíram a investigação de mecanismos de dessalinização "offshore" (fora de costa) através de processos mecânicos, e uma análise para o potencial aproveitamento dos subprodutos de salmoura como recurso mineral.
 
"É lamentável observar que as entidades envolvidas neste processo, como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, a Agência Portuguesa de Ambiente e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, optaram por ignorar completamente as propostas construtivas que apresentamos", criticou Saúl Rosa, membro da comissão política do PAN Algarve. "Apesar dos nossos esforços para sensibilizar estas entidades e promover um diálogo construtivo, para o debate de ideias de gestão ambiental que prevejam os desafios das alterações climáticas na região, as sugestões de adotar métodos mais sustentáveis, como o exemplo da dessalinização 'offshore', foram inexplicavelmente deixadas de lado. Exigimos uma abordagem mais inclusiva e atenta à gestão ambiental, instando as entidades responsáveis a reconsiderar a sua decisão e a levar a sério as preocupações levantadas pelo PAN Algarve e pelas associações ambientais. Assim sendo, reiteramos a nossa posição contrária a este projeto, através desta consulta pública e aguardaremos respostas", acrescentou Saúl Rosa.
 
O partido indica que, além desta posição, irá continuar a defender medidas mais sustentáveis na região, no que toca à gestão dos recursos hídricos, e deixa o alerta de que “jogar dinheiro para cima dos problemas”não os fazem desaparecer. Os pontos mais preocupantes destacados no documento enviado à consulta pública referem-se ao uso de desinfetantes, como o hidrocloreto de sódio nas torres de dessalinização. Além disso, a descarga de resíduos para o reservatório de salmoura e águas sujas, com ligação direta ao mar, e a falta de referência à mitigação dos impactos gerados pelos efluentes da estação foram apontados como pontos críticos.
 
O PAN acrescenta que o parecer, que resultou da análise da documentação exposta para consulta pública, também alerta para as descargas de emergência dos reservatórios de água tratada, remineralizada, e água suja de lavagem dos filtros de calcite na ribeira de Quarteira.
 
A preocupação com os subprodutos, incluindo lamas, salmoura e efluentes resultantes da lavagem química das membranas de osmose inversa, é destacada como um fator de preocupação elevada. Além desses pontos, o partido chama a atenção que, segundo o parecer não técnico na consulta pública, das 129 espécies faunísticas, 19 estão ameaçadas, reforçando a necessidade de proteção ambiental.
 
A Comissão Política Distrital de Faro destaca a ausência de referências à mitigação dos impactos dos efluentes da estação e chama a atenção que a implementação da estação de dessalinização de água do mar do Algarve, na forma como está projetada a sua execução e funcionamento, "gerará impactos negativos significativos".