A Comissão Política Distrital do PAN Algarve informa que expôs recentemente à CCDR, APA, ICNF, entre outras organizações ligadas à gestão ambiental da região e do País, soluções que considera sustentáveis no que toca à tecnologia a ser usada na futura central de dessalinização do Algarve.
O partido indicou que vai questionar o ministério do ambiente, por intermédio da deputada e porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, para saber se a tutela irá considerar alternativas de dessalinização com métodos tecnológicos que favoreçam a sustentabilidade ecológica, sem esquecer propósitos como a preservação dos ecossistemas locais. O PAN também refere existirem questões relacionadas com o subproduto salmoura, no qual deve também recair a maior atenção, já que conforme explica em comunicado, "tratando-se de um subproduto rico em diversos minerais que poderão ser extraídos e aproveitados comercialmente, estes devem ser tratados como uma matéria-prima e não como um resíduo ou uma externalidade".
Na recomendação às entidades, foi explicado que, sendo o avanço da central de dessalinização uma inevitabilidade, existem novas abordagens tecnológicas à dessalinização, como é o caso da dessalinização “offshore”, com zero emissões de CO2, zero eletricidade externa, zero ocupação terrestre e zero químicos. Também os métodos de filtragem estão a passar por novos avanços, existindo agora melhores e mais eficientes membranas de filtragem para osmose (um processo de movimentação da água através de uma membrana semipermeável, usado nas tecnologias de dessalinização) capazes de debitar cerca de 50% mais material filtrado, o que consequentemente reduz também drasticamente a quantidade de energia necessária para o processo.
Além desta temática, o PAN, alerta que "não podem ser esquecidas" outras intervenções ambientais que potenciem o reequilíbrio hidrológico da região, dando como exemplos, o reforço de áreas florestais urbanas, a redução de zonas impermeabilizadas, a reutilização de águas residuais tratadas, a implementação de 'paisagens de retenção de água', a promoção da captura e utilização urbana de águas pluviais, a regeneração de áreas florestais (degradadas ou perdidas) com sistemas biodiversos ou uma regulamentação mais eficaz no que diz respeito ao licenciamento de grandes explorações monoculturais, procurando promover sempre que possível a implementação de sistemas pluriculturais complementares.
Nos dias 26, 27 e 28 de janeiro decorreu em Portimão um ciclo de conferências sobre as práticas NBS, que foram acompanhadas por Pedro Glória, membro suplente da Comissão Política Distrital do PAN de Faro.
Para este representante, o conceito NBS (Nature-based solutions - soluções baseadas na natureza) "importante para a região e para o País" é uma abordagem definida pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) com o objetivo de criar networks e ações para proteger, gerenciar e restaurar ecossistemas naturais de forma sustentável, "adotando uma perspetiva de que a valorização ambiental também pode ter retroativos económicos". Um alinhamento económico verde que segundo indicou, "ajudará a atingir os objetivos de redução de emissões de carbono no planeta e as práticas NBS ajudarão a trazer mais clareza à tomada de decisões, não apenas ambientais, mas nas restantes dimensões em que atua".
Saúl Rosa, comissário político do PAN Algarve acrescenta a esta matéria, que "sendo a transição climática, (mitigação às alterações climáticas), uma diretriz do plano de recuperação e resiliência (PRR) é natural que as medidas propostas por este plano, tenham que conter um cariz de sustentabilidade, sejam eles, energéticos, económicos, ou de outro âmbito das medidas-alvo do PRR. O cariz de sustentabilidade a que nos referimos, é que as medidas para o Algarve e para o País, considerem o nosso património florestal, orla costeira, bem como toda a sua biodiversidade e os fragilizados ecossistemas que não podem ter outro destino, senão o da sua preservação. Esperamos que com esta recomendação, as entidades responsáveis pela gestão do projeto da central de dessalinização, considerem as vias mais sustentáveis possíveis para a construção e funcionamento da mesma. É necessário que os algarvios sintam que novas medidas na região sirvam para resolver problemas, e não para criar novos", considera.