O problema surge quando essa pessoa não o faz e envolve aqueles que a rodeiam na sua necessidade de controle e de poder.
Em linhas gerais, as pessoas controladoras não entendem que não conseguem controlar tudo nas suas vidas e que têm de aprender a responsabilizar-se pelas escolhas que fazem e que, quando não conseguem respeitar o outro e os seus próprios limites, necessitam de apoio psicológico.
Uma pessoa madura sabe que aquilo que faz resulta da sua consciência e da aprendizagem que fez sobre um determinado assunto, pelo que, não faz qualquer sentido atribuir culpas ou responsabilidades aos que a rodeiam ou andar sempre à procura de culpados ou alimentar um sentimento de vitimização. Mas, nem todas as pessoas desenvolvem este grau de consciência e de autoconhecimento que lhes permita ganhar autoestima e autoconfiança a partir das experiências, então acabam por atribuir tudo a outrem.
Para conseguir o que pretendem, manipulam, controlam, agridem, faltam ao respeito, abusam física e emocionalmente de outras pessoas, apresentam-se autoritárias, desconfiadas, agressivas, procedendo de forma errática, brusca e injusta. Sofrem por não obterem o que pretendem, fazem sofrer quem as rodeia com as suas atitudes desajustadas e desequilibradas.
As pessoas controladoras não delegam tarefas a outras pessoas porque nem confiam nelas, nem gostam de depender, o que as leva a acumular tantas atividades que se torna insustentável conseguir cumpri-las. Esta postura leva a que se sintam muito angustiadas, mas que acreditem que estão acima de tudo e de todos; que possuem poder sobre os que os rodeiam, não mostrando qualquer tipo de vulnerabilidade ou necessidade de alguém.
Outro traço bastante característico das pessoas controladoras é a dificuldade em lidar com a autonomia do outro, sobretudo cônjuge, filhos, funcionários, entre outros com quem mantenham algum tipo de proximidade.
Os psicanalistas apontam duas possíveis géneses para este padrão controlador, as quais complementam-se:
(1) O excesso de controle pode resultar de uma forma de sadismo camuflada que dá lugar a manifestações de prazer através da agressão, humilhação e domínio daqueles que lhe são mais próximos, em especial o cônjuge e os filhos. O controlador pode agredir física e emocionalmente e/ou dominar quem depende dele.
(2) O controle pode surgir como uma forma de defesa de alguém que sofreu vários traumas na infância, que não os tratou e que acaba por “tentar assegurar que não volta a sentir o mesmo”. Em geral, estas pessoas experimentaram episódios de abandono familiar, algum tipo de abuso, injustiças, falta de afeto e de atenção, agressões, faltas de respeito, entre outras que as levam a tentar compensar com estas formas de agressão acreditando que, ao manterem os outros sobre o seu controle, não voltam a passar pelo mesmo.
Naturalmente que, independentemente da causa que lhe está associada, o controle não pode ser aceitável numa qualquer relação e acarreta muitas consequências negativas. Nesse sentido, os psicólogos alertam para a necessidade de admitir que estamos perante uma compulsão excessiva que se manifesta através de um desvio de comportamento social.
O controle excessivo exercido por parte de uma pessoa controladora é um dos maiores causadores de aflição nas relações pessoais, nos casais, nas famílias e nas amizades, pelo que, é fundamental ter em conta estes traços:
- Só controlam e dominam quem depende deles;
- São agressivas e impulsivas porque não controlam as suas próprias emoções, nem pensam antes de agir;
- Não se preocupam com o que provocam naqueles que os rodeiam;
- Ameaçam, perseguem, vigiam e intimidam as suas vítimas de forma a manterem-nas sob controle;
- São autoritárias, apresentam uma postura fechada, agressiva, pouco ou nada sorridentes, usam de um tom de voz firme e sonoro, aparentam saber tudo e não ouvem ninguém, tornando-se arrogantes, antipáticas e nada empáticas. Fazem-no para instalar o medo e controlar o ambiente em que participam.
Por fim, é de registar que, nem a vítima se sente bem perante uma pessoa controladora, nem esta está confortável, uma vez que, essa compulsividade resulta de uma profunda insegurança, medo, baixa autoestima e problemas ou traumas mal resolvidos. Idealmente, ambas as partes deveriam pedir apoio psicológico para que consigam encetar um novo modelo e estilo de vida, não sendo garantido que o consigam concretizar em conjunto e manter a relação de modo saudável, pelo que, em muitos casos, a separação poderá dar lugar à mudança, ao autoconhecimento, ao tratamento e ao encontro pessoal, fundamental para desenvolver um estilo de vida mais positivo e saudável.
Existem casos em que, com muita disponibilidade e vontade, é possível melhorar significativamente a convivência, mas é essencial que ambos queiram passar pelo processo e de forma honesta e íntegra, concluem os entendidos lembrando que, quem controla é dependente e infeliz; não se sente capaz de lidar com os problemas diários e sente um medo profundo de sofrer, mas como não o sabe ou consegue expressar de outra forma, canaliza todas as atenções para quem está sob o seu domínio levando a que a relação se torne insustentável para todos.