O mesmo organismo alerta para o facto de as crianças também poderem ter uma crise de depressão ao longo do seu processo de desenvolvimento e que, a doença pode apresentar-se de forma grave ou ligeira, mas em qualquer uma delas, «é encarada como a patologia mais incapacitante que o ser humano pode experimentar».
Num artigo especializado, a CUF explica que, a depressão constitui uma patologia que pode passar despercebida, uma vez que os seus sintomas podem ser atribuídos a outras causas (como doenças físicas ou stress).
É importante perceber que todos podem estar tristes, mas que esses sentimentos duram pouco tempo, pelo contrário, na depressão ocorre interferência com as atividades do dia-a-dia associadas a um sofrimento intenso. Como tal, a depressão, embora comum, é uma doença grave, alerta.
A depressão é uma perturbação do humor que não deve ser confundida com sentimentos de tristeza, geralmente reativos a acontecimentos da vida, temporários e que, de um modo geral, não são incompatíveis com uma vida normal. Pode apresentar diferentes formas e graus de gravidade e os seus sintomas podem prolongar-se no tempo, podendo incluir:
Sentimentos de tristeza e aborrecimento
Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação
Sensações de aflição, preocupação, receios infundados e insegurança
Diminuição da energia, fadiga e lentidão
Perda de interesse e prazer nas atividades diárias
Perturbação do sono e do desejo sexual
Variações significativas do peso por perturbações do apetite
Sentimentos de culpa e de autodesvalorização
Alterações da concentração, memória e raciocínio
Sintomas físicos não devidos a outra doença (dores de cabeça, perturbações digestivas, dor crónica, mal-estar geral)
Ideias de morte e tentativas de suicídio
De acordo com a CUF, a depressão afeta de modo significativo o rendimento no trabalho, a vida familiar e escolar e todas as atividades do doente, causando grande sofrimento.
Nas formas mais graves, os sintomas podem surgir sem relação aparente com acontecimentos traumáticos da vida e duram diversos meses.
Nas formas mais ligeiras, a intensidade dos sintomas é menor e permite a manutenção das atividades diárias, embora esteja presente a sensação de fadiga, tristeza e desinteresse, e tende a prolongar-se durante anos.
Em alguns casos, a depressão não se manifesta sob a forma de tristeza, mas através de sintomas como a fadiga, dores inespecíficas, sensação de opressão no peito, insónias, perturbações digestivas (náuseas, vómitos, diarreia), o que coloca a hipótese de uma doença diferente, dificultando e retardando o diagnóstico.
A depressão pode fazer parte da doença bipolar, na qual ocorrem episódios de depressão alternados com períodos de excitação e euforia. Nas fases eufóricas, a autoestima dos doentes está muito elevada com perda da noção da realidade, podendo ocorrer gastos excessivos e a realização de negócios impossíveis.
De um modo geral, a depressão resulta de uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos:
Os acontecimentos traumáticos da vida contribuem para o aparecimento da depressão, podendo funcionar como desencadeantes ou facilitadores de episódios depressivos.
O tipo de personalidade e a forma como cada indivíduo lida com os problemas também se associa a uma maior ou menor predisposição para a depressão.
De acordo com o mesmo artigo da CUF, o tratamento é importante de modo a que a depressão não se prolongue e se agrave. Se os sintomas não forem reconhecidos como fazendo parte de uma doença, a avaliação negativa feita pelos outros tenderá a acentuar a fraca imagem pessoal e a reduzida autoestima.
O suicídio é uma possibilidade que não deve ser esquecida e o tratamento é essencial para reduzir esse risco e permitir a melhoria dos sintomas da depressão, alerta o mesmo apontamento da Cuf.
Existem diversos tratamentos possíveis para a depressão, incluindo-se os medicamentos antidepressivos e a psicoterapia, que deverão ser escolhidos pelo médico de forma individualizada. De um modo geral, são tratamentos que devem ser prolongados durante um período de tempo significativo de modo a serem eficazes.
O suporte familiar e social é um complemento importante do tratamento selecionado pelo médico.
O prognóstico da depressão é bom e depende essencialmente do tratamento instituído e de um adequado controlo de todos os fatores de risco presentes em cada caso.
A publicação diz ainda que, em bora não seja possível prevenir a depressão, existem alguns hábitos de vida que pode adotar para a manutenção da sua saúde mental:
Encontrar formas de gerir o stress e melhorar a autoestima.
Cuidar bem de si: dormir o suficiente, adotar uma alimentação saudável e praticar exercício físico com regularidade.
Procurar apoio na família e amigos nas alturas mais difíceis.
Fazer consultas de rotina com regularidade e consultar o seu médico assistente se não se sentir bem.
Procurar ajuda se se sentir deprimido; não espere, pois poderá piorar a situação, recomenda.