A medicina do estilo de vida surgiu em 2004, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, como um movimento que procurava um sistema de saúde diferenciado, sustentável, sempre amparado por estudos científicos e evidências.
De lá para cá, a prática popularizou-se, sendo um dos campos da medicina que mais cresce.
As diretrizes de prática clínica das principais doenças crónicas relacionadas ao estilo de vida (como diabetes, hipertensão crônica e dislipidemia) reforçam esta área da medicina como a primeira linha de tratamento, sendo uma intervenção de menor custo, com menores efeitos colaterais e aumento da qualidade de vida.
Isso deve-se essencialmente ao facto de que a medicina do estilo de vida (MEV), tende a atuar em conjunto com um tratamento médico preexistente. Assim, não há um confronto entre a MEV e a prática médica convencional, mas sim uma sinergia e potencialização. Em muitos casos inclusive é possível observar até uma reversão completa de doenças como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, gota, doenças autoimunes, entre outras.
A permanência de comportamentos e hábitos mais saudáveis é hoje o maior desafio de saúde do mundo.
Desenvolver hábitos saudáveis e abandonar os que são nocivos à saúde é fundamental para o tratamento, prevenção de doenças e promoção da saúde.
A medicina do estilo de vida, acaba por ser uma grande aliada neste processo, pois utiliza abordagens terapêuticas baseadas em evidências como: alimentação saudável, atividade física regular, sono adequado, controle do stress e gestão do uso de substâncias de risco como álcool, tabaco e substâncias psicotrópicas.
O objetivo da MEV é prevenir, tratar e, por vezes, reverter doenças crónicas relacionadas ao estilo de vida, isto porque, muitos trabalhos científicos mostram que, hábitos alimentares incorretos, comportamentos pouco adequados, má qualidade do sono, relações pessoais e sociais tóxicas, podem contribuir significativamente para uma redução da qualidade de vida.
Com mudanças orientadas e uma intervenção e acompanhamento adequados, muitas pessoas conseguem reencontrar-se e desenvolver hábitos de vida saudáveis, sugerem os especialistas nesta matéria.
Partindo do pressuposto de que, muitas doenças são desencadeadas pelo estilo de vida, os profissionais de saúde estão cada vez mais capacitados para responder a essa nova realidade de forma a encorajarem os seus utentes para o desenvolvimento de mudanças comportamentais que não se restringem a um período de tempo, mas sim, que se assumem como um novo estilo de vida.
Com a intervenção da MEV, que trabalha em articulação com as demais áreas da medicina, é possível encarar a pessoa como um indivíduo completo e que precisa de ser analisado de uma forma global, mas personalizada, pelo que, o diagnóstico é feito tendo em conta os hábitos diários e a sua análise para que os mesmos possam ser melhorados, explicam os especialistas.
Reduzir o colesterol, por exemplo, implica adotar uma dieta alimentar mais equilibrada e prolongada no tempo, com nutrientes saudáveis, mais à base de vegetais e afastada de produtos processados, mas também é preciso avaliar o stress, os hábitos de sono e eventuais comportamentos de risco que possam prejudicar o tratamento e incentivar o paciente a melhorá-los, exemplificam os entendidos.
Nesse sentido, esta área da medicina surgiu para complementar as já existentes, tem vindo a crescer e exige profissionais cada vez mais qualificados e orientados para a problemática do estilo de vida como uma “peça” fundamental para a melhoria da saúde em geral, concluem.
Fátima Fernandes