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O que podemos fazer para recuperar a alegria

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De acordo com os especialistas na área da psicologia positiva, viver sem alegria é passar pelo tempo sem sonhos e sem expectativas. É sobreviver.

E, por muito que possa parecer estranho num tempo em que temos tantas fontes de entretenimento e de prazer, é crescente o número de pessoas em todo o mundo que se queixa da falta de alegria, de esperança, de motivação e de força para viver.
 
Segundo os psicólogos, «a alegria é um sentimento que nem sempre é bem compreendido, apesar de o associarmos à efusividade emocional, ao riso, ao movimento e à conexão com quem amamos e com quem partilhamos momentos de prazer», não é assim tão simples que consigamos sentir-nos bem e durante um tempo considerável. Porquê?
 
De acordo com Johnmarshall Reeve, professor de psicologia positiva da Universidade de Melbourne, «a alegria é sinónimo de bem-estar psicológico».
 
No seu livro: Motivação e Emoção, o autor explica que, podemos viver diariamente de forma simples, basta desfrutarmos do que fazemos, do que somos e do que temos. Graças à alegria, a nossa memória melhora, cuidamos da nossa flexibilidade cognitiva e até incentivamos a criatividade e moldamos soluções mais inovadoras para os problemas.
 
Quando deixamos de sentir alegria, «é porque abandonamos uma parte essencial de nós mesmos, onde estão reunidas a autoestima, a identidade e a nossa capacidade de sermos felizes, completa, enfatizando que, os melhores médicos do mundo são a Dra. Alegria e a Dra. Tranquilidade.
 
Pelo contrário, «viver sem alegria é uma doença silenciosa porque este sentimento é o ingrediente principal do composto da saúde». Substituir a alegria pela raiva, ansiedade, insatisfação emocional, irritação permanente, reclamações, stress ou tristeza, traduz mais problemas cardiovasculares, um sistema imunitário enfraquecido, doenças psicossomáticas, e problemas mentais.
 
Tendo por base os dados da pesquisa Gallup, existem vários elementos que contribuem para esse facto: as dimensões macro e as micro. As primeiras referem-se à esfera social, à política e à economia que têm um impacto sobre nós e sobre a nossa qualidade de vida, mesmo que pensemos que não, mas as decisões de um país, por exemplo, acabam por limitar-nos a ação, a esperança e a confiança no futuro, as expectativas ou as oportunidades de progressão e de poder vislumbrar mais qualidade de vida. As segundas referem-se ao que nós podemos fazer enquanto pessoas, na nossa célula familiar, nos nossos grupos de pertença, na nossa família alargada e no nosso núcleo.
 
Nesta dimensão micro, cada um de nós terá de assumir que, apesar das decisões económicas e políticas,«cada um de nós é responsável pelo seu bem-estar e por encontrar a melhor forma de se sentir feliz com quem ama, com aquilo que ambiciona, com aquilo que possui e com o que quer desenvolver para melhorar a sua conIção».
 
Ainda neste ponto, perdemos a alegria quando:
 
• não temos ferramentas para gerir o desânimo, quando permitimos que o stress assuma o nosso controle total.
• quando nos posicionamos na imobilidade. Quando não reagimos ao que não gostamos. Quando não nos atrevemos a promover mudanças no momento em que surgem a infelicidade, a frustração e a deceção.
• A alegria apaga-se quando convivemos com pessoas que limitam o nosso crescimento pessoal, onde o carinho não é sincero, onde não há respeito ou não se cria uma sensação de bem-estar ao partilhar a vida, espaços ou projetos comuns.
• Fatores como solidão, falta de propósitos, de esperança, além da baixa autoestima, também influenciam esse sentimento.
 
Para transformar o desânimo em alegria, precisamos de assumir que, efetivamente, não podemos fazer muito no que se refere à questão social, apesar de, o nosso contributo ser sempre válido e importante, as expectativas de conseguirmos mudar a sociedade têm de ser realistas, no entanto, temos muito a fazer na nossa esfera pessoal; na tal dimensão muicro. Anote então estas dicas:
 
- Podemos e devemos escolher bem as pessoas com quem convivemos, com quem queremos estabelecer relações mais próximas e de quem nos devemos afastar pelo desconforto e infelicidade que nos oferecem.
 
- Podemos e devemos fazer planos pessoais e de casal que nos permitam criar objetivos realistas de curto, médio e longo prazo.
 
- É fundamental assumir que pode recomeçar e alterar os seus planos as vezes que considerar necessárias e que também pode mudar os protagonistas da sua história sempre que não se sente bem, pois não está condenado a uma vida de dor e de angústia, muito menos a ter de contactar, com a sua permissão, com pessoas que o desvalorizam, diminuem, criticam destrutivamente e que lhe limitam os sonhos e o prazer de viver.
 
- Dar-se sempre uma nova oportunidade de aprender algo novo, de fazer um novo investimento pessoal, de reforçar a autoestima e a autoconfiança, de cuidar e de gostar mais de si e de se fazer acompanhar por pessoas positivas e que o respeitem e estimem tal como merece.
 
- Sintonize-se com a sua melhor versão, com a pessoa autêntica e verdadeira que existe dentro de si e procure saber aquilo que realmente o move, aquilo que o faz feliz e sentir-se bem para que possa lutar por cada vez mais momentos em que se sinta conectado consigo mesmo, dando o seu melhor. Arrisque fazê-lo mesmo que isso implique mudanças.
 
• A alegria não ocorre com bens materiais nem com o euromilhões. A alegria resulta da satisfação pessoal, do bem-estar que surge quando fazemos o que gostamos, quando a autoestima é forte e continuamos a manter a curiosidade e a capacidade de assombro de uma criança.
 
Por último, mas não menos importante, registe que, a alegria cresce e eexpande-se quando nos sentimos amados, respeitados, acarinhados, compreendidos, quando estamos rodeados de pessoas com quem podemos partilhar boas emoções, conquistas, quando podemos confiar e acreditar em nós e naqueles que amamos.
 
Depois, precisamos de assumir que, a alegria é um direito que nos assiste e precisamos dela para termos mais saúde, qualidade de vida e para vivermos mais tempo, pelo que, um desígnio para hoje e para o futuro, é que procure encetar as mudanças que forem necessárias para que encontre a sua verdadeira identidade, o sentido que quer dar à sua vida, aquilo que quer realmente ser e com quem gosta de estar. Não importa que, daqui a algum tempo, reformule os seus planos, mas mantenha-se vivo, ativo, livre e… alegre!