De acordo com o especialista norte-americano, «construir algo real exige tempo e esforço e um cuidado acrescido com as promessas». Ao mesmo tempo, o também educador emocional sublinha a importância de incluir os obstáculos e as dificuldades que vamos encontrar ao longo do percurso para evitar que se desista no primeiro embate menos positivo.
Mark Travers explica que, «intelectualmente, todos reconhecem que o sucesso é uma mistura de trabalho persistente, planeamento sólido e um toque de boa sorte. No entanto, a maioria das pessoas falha logo no início porque só acredita em facilidades, que tudo vai correr sempre bem e não inclui os obstáculos, alerta num artigo da Forbes Brasil.
Assim, o psicólogo destaca estas três armadilhas mentais que podem impedir que uma pessoa alcance o sucesso:
1. Gratificação Instantânea
Vivemos numa época em que a velocidade é recompensada, seja por resultados rápidos, fast food ou esquemas para obter lucros avolumados em pouco tempo.
A maioria sabe que construir algo significativo requer tempo, esforço e consistência. Mas muitas pessoas ainda caem em truques que prometem resultados instantâneos, retornos garantidos e sem correr riscos. Essas promessas são especialmente tentadoras quando somos levados a acreditar que são verdadeiras. Um estudo publicado na Frontiers in Psychology permite admitir que, a maioria das pessoas prefere trabalhar menos e receber mais do que esforçar-se e esperar mais tempo para obter mais lucros. Nesse sentido, o esforço e a garantia de maior estabilidade parece não ser apelativa para quem quer começar o seu percurso, o que leva a que muitas pessoas desistam quando percebem que vão ter de trabalhar, de enfrentar dificuldades e que a recompensa virá mais tarde, não no imediato.
As pessoas que procuram resultados imediatos, tendem a desistir aos primeiros sinais, sem que tenham paciência e capacidade para ultrapassar os obstáculos, reinventar qualquer coisa e tentar as vezes que forem necessárias, atualizando-se, mas não desistindo dos seus objetivos. Naturalmente que, quem desiste antes de tempo, acaba por admitir que não consegue, por resignar-se ao fracasso e por continuar a querer tudo no imediato. Quem persiste, enfrenta as dificuldades, reformula e prossegue o esforço, mais cedo ou mais tarde, acaba por receber o sucesso que tanto merece. Tal consegue-se com um autocontrole capaz de gerir os impulsos, os desejos imediatos e a necessidade de dar uma resposta rápida a algo que requer mais tempo, análise e autoeficácia. Esta última traduz capacidade de prosseguir acreditando que se consegue encontrar soluções para os problemas e manter a lucidez para tomar decisões ponderadas.
Mark Travers sugere que, na próxima vez que aprender uma habilidade nova, que começar um projeto ou hobbie, tente:
Aprender a suportar o desconforto da espera. Melhoramos a partir da repetição, tentativa e erro e, isso demora algum tempo.
Defina um prazo que reforce a consistência dos seus planos para que possa prosseguir sem pressas e com vontade de repetir e de aprender as vezes que forem necessárias sem desistir dos seus objetivos.
Estabeleça metas realistas e com planos alargados para que possa gerir melhor a espera.
2. Viés do otimismo
O acreditar excessivamente que tudo vai correr bem não lhe permite fazer uma análise consciente e realista. É importante acreditar, mas também incluir as dificuldades para que se prepare para ultrapassar os obstáculos sem perder de vista o que pretende.
Defina objetivos realistas, aceite os momentos em que está mais desanimado e aproveite-os para melhorar algo, para incluir dados novos ao seu projeto e para encontrar novos desafios que podem alavancar o que pretende. Com essa autoconfiança reforçada, motivação e resiliência, terá forças para continuar.
3. Viés de autoatribuição
Muitas vezes acreditamos que estamos no centro do mundo, que conseguimos tudo o que desejamos e parece que a vida está a nosso favor. O problema é quando tal não acontece e tendemos a desistir. Em ambos os casos, é fundamental admitirmos que podemos sempre melhorar algo em nós, que não estamos sempre preparados para tudo e que há sempre algo que nos falta – às vezes até a vocação para uma determinada área. Por isso, é importante entendermos que, atribuir culpas aos outros pelo que nos acontece e até pelo que não conseguimos, não nos vai ajudar a alcançar o sucesso.
Quando algo não lhe corre bem, resista à tentação de atribuir a culpa aos outros e responsabilize-se pelos seus atos, pelas suas escolhas e atuações. Desse modo, poderá mudar qualquer coisa, fazer de forma diferente e até recuar se for necessário. Se atribuir as culpas aos demais, ficará de braços cruzados e perderá as forças para continuar a lutar. Ao assumir-se como responsável, mais facilmente vai colocar-se dentro do problema , analisá-lo e encontrar soluções.
Acredite que, para chegar ao sucesso é necessário reformular, aprender mais, ser flexível e estar disposto a mudar de estratégia sempre que for necessário. O mundo é dinâmico e também nós temos de estar sempre em permanente atualização e prontos para reformular o que falhou, sem desistir.
Mark Travers deixa algumas dicas para controlar melhor a atribuição de culpas aos outros:
Pratique uma autorreflexão honesta sem culpar imediatamente fatores externos. Pergunte a si mesmo onde falhou e o que pode melhorar.
Aceite e assuma as suas responsabilidades para que possa lidar melhor com os erros e alterar o que for necessário. Ouça pessoas da sua confiança para que possa alargar horizontes e aprofunde o conhecimento sobre a matéria com uma boa leitura, por exemplo.
Para alcançar o verdadeiro sucesso, é essencial equilibrar a autoconfiança com realismo e abertura para mudanças. Quanto mais sabemos, mais crescemos , sublinha o psicólogo no mesmo artigo da Forbes Brasil.