É importante anotar que, o mau comportamento dos mais novos não é uma forma de irritar os pais, mas sim de demonstrar que algo de errado se passa na educação. Segundo os entendidos nesta matéria, os pais precisam de analisar o comportamento dos filhos para que possam compreender o que podem melhorar e até onde estão a falhar.
Muitas vezes, a falta de limites, de regras ou a ausência de uma conversa esclarecedora, podem ser a base para uma má conduta. Basicamente, o comportamento reflete a forma como a criança pensa, como se sente e até o seu grau de maturidade, pelo que, é essencial procurar analisá-lo como forma de minimizar ações menos corretas, alertam os especialistas.
É ainda de anotar que, nem tudo o que os adultos classificam como “mau comportamento” o é na realidade. Por norma, as crianças são ativas, criativas e curiosas, pelo que, ações que envolvam esse tipo de iniciativa não podem ser consideradas como uma conduta errática.
Depois, é preciso diferenciar uma criança de outra e assumir que, efetivamente, todos somos distintos e que uma menina ou menino pode ser mais tranquilo, enquanto que outro pode ser mais enérgico, o que também não deve ser definido como mau comportamento.
Realçamos este ponto porque, em consulta de aconselhamento psicológico, são muitos os pais que se queixam de “rebeldia” e de “mau comportamento” dos filhos quando, na realidade, se trata apenas de características próprias da idade ou simplesmente formas diferentes de agir. Muitos pais consideram má conduta aquilo que se afasta dos seus princípios, quando cada ser humano é livre para ser igual a si mesmo, desde que cumpra as orientações sociais e as normas de boa convivência, pelo que isso é que deve ser avaliado.
Assim, na posição dos entendidos, existem 10 razões para que uma criança “se porte mal”, são elas:
1. Falta de atenção dos pais
Os mais novos dão enorme importância à atenção dos pais. São muitas as vezes em que os adultos estão ocupados e sem disponibilidade para estar com os filhos, pelo que, as crianças tendem a fazer de tudo para lhes dizer que precisam dessa atenção, acabando por se portar mal para que possam dar nas vistas.
Mesmo que os pais se zanguem, estão a dar-lhes importância, o que no entender dos mais novos, é melhor do que a indiferença.
2. Imitação
As crianças observam o comportamento dos outros e imitam-no, principalmente quando é alguém que lhes é relevante. Se os pais são explosivos, existe um colega de turma que tem mau comportamento ou se a sua série favorita tem um personagem violento como protagonista, é possível que a criança imite esses comportamentos.
3. Testar os limites
Às vezes, as crianças comportam-se mal só para saberem qual será a reação do adulto. Para os mais novos, é muito importante compreender qual é a consequência perante uma determinada ação. Será em função desse resultado que irá aprender o certo ou o errado, pelo que, a repreensão deve ser a mais adequada possível para evitar a repetição do erro.
4. Falta de habilidades
As crianças podem comportar-se mal em resposta a sentimentos de frustração. A falta de habilidades para resolver problemas ou a carência de habilidades sociais podem levá-las a não atingir um determinado objetivo. Esse facto, precipita uma reação inadequada, como bater noutra criança por não lhe emprestar um brinquedo, ou deitar fora um objeto valioso como forma de manifestar a sua revolta.
5. Um grito de independência
À medida em que as crianças crescem, e principalmente quando chegam à adolescência, precisam cada vez mais de espaço para si mesmas. A presença excessiva ou o controlo excessivo dos pais pode levar a reações agressivas ou desrespeitosas. Muitas vezes, os mais novos não cumprem as regras e as orientações dos adultos porque querem afirmar a sua opinião e até mostrar o que já sabem fazer. No fundo, trata-se de um grito de independência que também deve ser analisado e considerado pelos pais para evitar a má conduta.
6. Não sabem gerir as emoções
O mau comportamento das crianças resulta, muitas vezes, da sua fraca habilidade em gerir as emoções. A dificuldade em controlar a raiva, o medo, a tristeza ou a frustração, são a base para uma conduta errática. Há também situações em que, quando os mais novos são muito criticados, humilhados e agredidos pelos pais, acabam por manifestar-se de forma incorreta, o que deve constituir um sinal de alerta para os adultos.
7. Quando as suas necessidades básicas não são atendidas
Também existe uma tendência para o mau comportamento quando a criança não se consegue expressar de forma adequada e acaba por fazer disparates para mostrar que se está a sentir mal ou desconfortável com uma qualquer situação. Ao mesmo tempo, é comum que surjam maus comportamentos quando crianças ou jovens se sentem rejeitados, pouco respeitados ou ignorados, pelo que podem apresentar comportamentos impulsivos ou agressivos. Muitas crianças também expressam atitudes menos corretas quando os pais não lhes reconhecem o valor ou o esforço ou quando os adultos não as incentivam da forma mais adequada.
8. Poder e controle
Algumas crianças podem assumir condutas desafiadoras com os adultos quando sentem que foram tratadas injustamente, mesmo que isso não lhes seja claro. Há ainda situações em que as crianças sentem que têm controle sobre os pais e tentam afirmar-se para conseguir o que querem ou para confirmar que, efetivamente, influenciam os adultos.
9. Aprendizagem prévia
Há muitas situações em que as crianças se comportam mal porque sabem que isso leva os adultos a fazerem o que elas pretendem. Seja através de uma birra, de pontapés ou outras atitudes agressivas, muitos miúdos aprenderam que conseguem tudo o que pretendem, pelo que, utilizam esses comportamentos como estratégia.
10. Existem problemas de base
Em alguns casos, as crianças comportam-se mal porque têm um problema mais sério. Às vezes é um distúrbio de aprendizagem e outras vezes pode ser depressão, problemas de processamento sensorial ou trauma.
Os quadros de depressão infantil podem ser a origem do mau comportamento ou de atitudes que não são assertivas.
O mau comportamento contínuo nada mais é do que um pedido de ajuda, pelo que, os pais e demais adultos devem estar atentos para que possam encaminhar o melhor possível a criança.
Por fim, registe que, qualquer um dos cenários acima descritos merece uma atenção dos pais para que a relação com os filhos melhore e para que, os problemas de comportamentos sejam minimizados.
Muitas vezes, os pais só precisam de estar mais despertos para esta realidade para que possam educar melhor. Em muitos casos, torna-se essencial que dediquem mais tempo, atenção, carinho e amor aos filhos para que, em conjunto, possam encontrar um estilo de educação mais assertiva.
É ainda essencial que as regras de boa convivência social não sejam ignoradas, uma vez que, as mesmas são essenciais para um correto desenvolvimento e para um melhor comportamento. A criança é curiosa, ativa e criativa, mas deve saber os seus limites para que se saiba comportar nas mais variadas situações em que participa.
