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O que faz o nosso cérebro enquanto dormimos?

Anotam os entendidos que, quando o gasto de energia diário é muito elevado, aumentam a duração do sono e a quantidade de sono leve.
Anotam os entendidos que, quando o gasto de energia diário é muito elevado, aumentam a duração do sono e a quantidade de sono leve.  
Foto: Freepik
Todos sabemos o quanto o sono é essencial para o nosso organismo e para a manutenção da saúde mental, mas a neurociência vai mais longe nas explicações.

Em linhas gerais, é importante registar que o sono noturno é o momento em que o cérebro recupera a energia gasta e processa a informação adquirida ao longo do dia, daí ser um processo crucial para o equilíbrio do ser humano.
 
Um dos pontos que mais tem despertado interesse para a ciência é a dificuldade em compreender o significado dos sonhos e dos pesadelos e, nesse âmbito, estudos mais recentes explicam que, «enquanto dormimos o cérebro desempenha inúmeras funções essenciais para a nossa sobrevivência e bem-estar».
 
Durante o descanso noturno, passamos por diversas fases com níveis de atividade cerebral distintos: quatro de sono não REM e uma última de sono REM.
 
• Durante a fase 1, sentimos sonolência, os músculos começam a relaxar ao mesmo tempo em que a atividade cerebral desacelera. No entanto, trata-se de um estado de sono leve, em que podemos acordar facilmente.
 
• Na fase 2, a temperatura corporal, frequência cardíaca e respiratória começam a diminuir progressivamente.
 
• Durante as fases 3 e 4, sentimos um sono mais profundo e a atividade cerebral mantém uma frequência muito lenta. Nesse momento, é mais difícil acordar e é quando ocorrem as parassonias, como os terrores noturnos e o sonambulismo.
 
• Durante o sono REM, ocorrem movimentos oculares rápidos. O tónus muscular diminui drasticamente e a respiração e frequência cardíaca tornam-se irregulares. Nessa fase, ocorre a maior parte dos pesadelos e sonhos. Se acordarmos nesse momento, geralmente conseguiremos recordar o conteúdo do sonho.
 
Um ciclo completo de sono dura aproximadamente 100 minutos, sendo os primeiros 60 ou 70  para passar pelas quatro primeiras fases, pelo que, ao longo de um descanso noturno normal, temos entre quatro e seis ciclos completos, resumem os especialistas nesta matéria.
 
Os muitos trabalhos de investigação levados a cabo, permitiram concluir que, a retenção da memória é muito melhor depois de um período de sono do que após um intervalo de descanso similar, mas permanecendo em estado de vigília.
 
O efeito positivo do sono é verificado, sobretudo, na memória declarativa (relacionada com factos e eventos que ocorreram) e na procedimental (associada a habilidades e destrezas motoras).
 
Quer isto dizer que, mesmo períodos muito curtos de sono, como por exemplo, de seis minutos, assumem uma influência positiva no que se refere à retenção de informação, ainda assim, não se deve, de modo algum, menosprezar o número de horas recomendadas para uma boa noite de sono (entre 7 e 9 horas diárias).
 
Anotam ainda os cientistas que, quando queremos guardar alguma informação para uma prova ou entrevista de trabalho, por exemplo, faz sentido que estudemos antes de dormir, uma vez que, após uma boa noite de sono, o cérebro estará relaxado e capaz de permitir que recuperemos a informação com alguma facilidade. Esta explicação contrasta com a teoria do passado em que se passava uma noite sem dormir para poder estudar e registar melhor a informação, completa a ciência.
 
Ainda que esta não seja a principal função do sono, é verdade que ele contribui para a conservação ou recuperação da energia perdida durante o dia.
 
Anotam ainda os entendidos que, quando o gasto de energia diário é muito elevado, aumentam a duração do sono e a quantidade de sono leve.
 
Na mesma sequência, o sono é fundamental para combater o cansaço diário e permitir que o organismo regresse ao seu estado “normal”. Não é por acaso que, depois de uma boa noite de sono reparador, acordamos com energia, boa disposição e com as nossas capacidades e habilidades mais apuradas, explicam os cientistas.
 
O descanso também é muito importante para recuperar de situações de stress, na medida em que, de acordo com os trabalhos de investigação, após esse desgaste, uma boa noite de sono é capaz de permitir que o organismo regresse ao seu funcionamento adequado. Registe ainda que, a recuperação física é compensada com o descanso, mas a mental só se alcança através do sono, completam.
 
O sono também representa um papel fulcral no que se refere à resolução de problemas, na medida em que, foi provado que, as pessoas que dormem a quantidade de horas necessárias à noite, encontram respostas mais criativas para os seus problemas e conflitos, uma vez que, a dormir, o nosso cérebro é capaz de combinar as ideias, representar os problemas e mostrar-nos possíveis soluções.
 
Quando passamos por sonhos estranhos, aparentemente sem uma lógica ou sentido, são a forma como o nosso cérebro processa, indaga e ensaia diferentes soluções e modos de enfrentar os problemas reais.
 
É por tudo isto que, cuidar do nosso sono traduz cuidar da nossa saúde mental, reforçam os entendidos alertando para a importância de reservar o tempo necessário para dormir , de criar estratégias para adormecer, para estar mesmo em relaxamento absoluto e permitir que “o nosso cérebro trabalhe” livremente.