Em linhas gerais, muitos filósofos sugerem que, ser uma pessoa boa é ser capaz de dar de si sem esperar algo em troca e não se arrepender por isso.
Sabendo que dificilmente vamos colher uma recompensa por aquilo que damos, tornamo-nos boas pessoas quando somos capazes de dar, de fazer algo em consciência, porque nos sentimos confortáveis, porque sentimos prazer nisso e, não ficarmos à espera que o outro retribua.
Dizem também os entendidos que, «é mais fácil ser uma boa pessoa do que má porque a primeira é a nossa versão natural; aquilo que realmente somos e sentimos, a segunda é aquilo que produzimos para defender-nos e para obtermos o que queremos». Nesse sentido, é gratificante que, quando sentimos necessidade de dar ou de ajudar alguém que o façamos.
As coisas complicam-se quando damos ou fazemos algo e estamos à espera de uma retribuição e até que o nosso gesto seja amplificado e reconhecido, pois de acordo com os mesmos entendidos, o mundo não é justo porque não existem leis próprias para equilibrar as forças naturais e as expectativas dos habitantes do nosso planeta.
Como consequência de dar e de contar com uma retribuição, são muitas as pessoas que deixam de o fazer e que optam por manipular, por querer à força e por lidar com os outros por mero interesse. Tal é o resultado da enorme frustração de alimentar a esperança de que se dá para receber de igual modo, mas como isso não existe, a revolta e os sentimentos negativos dão lugar a pessoas más e capazes de tudo, explicam.
Cada pessoa é livre para decidir e escolher quando e a quem quer ajudar, mas é fundamental que o faça com o coração e com a razão, sob pena de estar sempre angustiada com aquilo que não recebe, recomendam os especialistas alertando para a liberdade que sentimos quando fazemos o bem por nossa iniciativa e o quanto nos sentimos frustrados quando o promovemos com a intenção de colher algo em troca.
Segundo o filósofo e historiador norte americano, David Thoreau Henry , “A bondade é o único investimento que nunca falha”, precisamente porque a sentimos, expressamos, oferecemos e seguimos em frente sem esperar algo em troca. Contudo, é essencial o equilíbrio, a consciência dos nossos gestos e a adequação à realidade, sob pena de nos perdermos por tanto querermos ser boas pessoas.
Ser boa pessoa também significa compreensão, empatia, diálogo e flexibilidade, ao mesmo tempo em que quer dizer que, essa pessoa não sai de casa todos os dias com o intuito de agredir, de ferir, de evidenciar-se a ponto de desenvolver uma competição desenfreada e destrutiva para consigo mesma e para com os demais, mas sim, aceitar-se tal como é, querer melhorar-se, desafiar-se, produzir, trabalhar, pensar e ajustar-se à sua realidade para que possa conquistar o que pretende.
As boas pessoas olham em primeiro lugar para si mesmas, tentam estar bem com o seu passado, com o seu presente e planos de futuro para que depois estejam disponíveis para a sua vida social e, se assim entenderem, dar um pouco de si a alguém ou a alguma causa em que acreditem.
As boas pessoas sabem que, é gratificante e prazeroso promover um gesto que mude algo na vida de uma pessoa, mas têm consciência de que não vão receber mais do que isso em troca. Também admitem que a vida não é orientada pela matemática e ainda menos por promessas ou garantias de que “fazes algo, vais receber o dobro”. Igualmente também não está provado que exista algum tipo de justiça “superior” capaz de assegurar que, quem faz o bem e não olha a quem, será recompensado. Assim, somos bons ou maus consoante o contexto, a capacidade maior ou menor de resolver os nossos conflitos internos e a habilidade para gerir as relações que estabelecemos. Não existe nenhuma pessoa sempre boa ou sempre má, todos temos momentos, interesses mais ou menos conscientes porque é assim a nossa natureza, explicam os entendidos completando que, aprendemos a ser mais desapegados e desinteressados à medida em que assumimos que não vamos receber algo em troca e só somos bem sucedidos quando esse sentimento é genuíno, já que ao não esperarmos, damos o melhor que somos e que temos, enfatizam.
Por fim, importa registar que, nem as pessoas boas são recompensadas, nem as más são punidas, pelo que é melhor aceitar que, nesta dinâmica há espaço para as diferenças, para a maldade, para a bondade, para o desinteresse e que nada nos obriga a ser desta ou daquela forma. Somos bons e maus ao mesmo tempo e sentimos ou não prazer em fazer uma boa ação porque isso nos faz bem e dá prazer, mas a escolha é sempre nossa e, por isso, devemos responsabilizar-nos por tudo o que fazemos.
Registe ainda que, uma boa pessoa é capaz de parar, escutar, olhar e analisar antes de reagir de forma agressiva a um gesto ou palavra, está à altura de conversar, mas também de ignorar e de somente não retribuir com violência, o que já é muito positivo. Quanto mais idealizarmos o que é ser uma boa pessoa, menos nos tornaremos capazes de resistir às adversidades e desafios da vida, por isso, só que não façamos o mal e que pensemos antes de agir, certamente que já nos poderemos considerar boas pessoas, tal como se formos habilidosos ao ponto de conseguirmos lidar com os outros com simplicidade, honestidade, mas com consciência de que o outro pode não ser assim e que somos livres para afastar-nos, também estamos a evitar conflitos e a tornar-nos pessoas boas porque evitamos agredir e responder do mesmo modo destrutivo.
Os entendidos sugerem que «as pessoas boas transportam um brilho natural que contrasta com o obscuro das pessoas más, pelo que são sempre bem aceites num qualquer contexto de vida e podem beneficiar de alguém que os valorize, por isso, ao sentir-se bem a ajudar, alimente essa ideia positiva», concluem.