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O que acontece às emoções que reprimimos?

O que acontece às emoções que reprimimos?
O que acontece às emoções que reprimimos?  
Foto - Freepik
Segundo Elsa Punset, “Cada emoção reprimida deixará, de maneira sigilosa, o seu estigma no nosso comportamento através dos padrões emocionais que decidem por nós”.

Tendo por base um estudo realizado pela Universidade de Stanford sobre as emoções, «os indivíduos com tendência a reprimir os seus sentimentos reagem com uma ativação fisiológica muito maior diante de determinadas situações do que outros, por exemplo, quando mostram ansiedade ou raiva».
 
Desse modo, constatou-se que, a melhor forma de conseguirmos controlar os nossos comportamentos é através da identificação das emoções.
 
Ao sabermos o que nos leva a agir de determinada forma, teremos um maior autocontrole e uma maior capacidade de reagir de modo adequado às mais variadas situações, pelo que, a ciência sublinha a importância de ensinar, desde cedo, a identificar, compreender e controlar as emoções para evitar que elas se transformem em emoções reprimidas que orientem o nosso comportamento.
 
Quando sabemos o que sentimos, agimos em conformidade, sentimo-nos melhor e cultivamos mais momentos de prazer, ao mesmo tempo em que melhoramos a convivência social e conhecemos a nossa própria identidade, , realçam os cientistas.
 
Em linhas gerais, «as emoções reprimidas são as que não queremos ouvir, ou às quais damos pouca importância; no entanto, são as emoções que ganham mais força e que acabam por liderar os nossos comportamentos e pensamentos», explicam os entendidos nesta matéria.
 
Já dizia Carl Jung que, tudo o que negamos, domina-nos e que aquilo que gerimos adequadamente leva-nos até nós próprios, pelo que, se torna essencial que reservemos um tempo diário para nos ouvirmos, para entendermos o que motivou este ou aquele comportamento, a razão pela qual estamos a pensar de determinada forma e o que nos levou a reagir de modo inadequado a uma situação.
 
As pessoas são todas diferentes e agem de modo distinto precisamente porque são orientadas pelas suas emoções. Por muito que queiramos entender o que se passa no mundo interior de alguém, apenas temos capacidade de observar a forma como se comporta ou como reage connosco. Se cada um de nós conhecer bem o seu mundo interior, se souber o motivo que o leva a  manter uma determinada conduta, mais facilmente a poderá alterar, melhorar ou continuar se assim se sentir confortável, enfatizam os cientistas.
 
Quando reprimimos emoções como a raiva, quando nos deixamos influenciar pelo medo, quando não nos permitimos sentir a tristeza, quando a vingança se fortalece, ou a dor é aquilo que fala, estamos a dar espaço a um funcionamento independente das emoções não controladas e não dirigidas. Assim, elas falarão por si mesmas através das nossas ações, completam.
 
As pessoas que não conseguem ou que não querem expressar as suas emoções, trabalhá-las e interpretar o que sentem, acabam por sofrer de problemas psicossomáticos como tensões musculares, dores de cabeça, reações dermatológicas ou doenças mais complicadas. As  emoções transformam-se e encontram a sua via de canalização por métodos menos funcionais, advertem.
 
É também importante entender o motivo pelo qual “somos apanhados de surpresa” pelos nossos próprios comportamentos a ponto de ficarmos a pensar na razão pela qual tivemos determinada  atitude. Segundo a ciência, «a explicação deve-se ao facto de termos a memória das nossas próprias experiências que integramos de forma consciente ou inconsciente As emoções reprimidas “saltam-nos” sem filtros, porque estão arquivadas no mais profundo de nós. Ao não as descodificarmos, acabamos por deixá-las libertas para que sejam orientadas por si mesmas e com consequências comportamentais que desconhecemos. Ao não termos controle sobre essas emoções, acabamos por ficar à mercê da sua atuação, o que, na maioria das vezes, não leva às melhores condutas e aos comportamentos mais adequados, explicam os cientistas
 
Para que não sejamos confrontados com aquilo que não queremos e que pode prejudicar-nos, devemos tentar analisar o melhor possível aquilo que se passa dentro de nós, a razão pela qual não gostamos de algo ou de uma determinada pessoa, por exemplo, para que possamos agir em conformidade, pois será essa tomada de consciência que melhor poderá orientar as nossas ações quotidianas e permitir-nos selecionar, decidir, opinar de forma mais consciente, segura e confortável, concluem sugerindo que façamos um “balanço” diário daquilo que vivemos, do que sentimos e do que estamos a pensar para que possamos respeitar as nossas emoções, aceitá-las e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade dos nossos comportamentos.