Segundo a psicologia e a neurociência, «o ambiente físico influencia diretamente o estado emocional e mental. E a desorganização tem um custo: ativa o stress, dificulta o descanso e consome energia mental».
Pelo contrário, uma casa limpa e arrumada reduz o stress, melhora o sono e até fortalece relações, afirmam os cientistas.
De acordo com uma publicação do Idealista News, organizar não é apenas estética — é autocuidado real e eficaz.
E os especialistas são unânimes: arrumar não é um luxo estético, é um ato de autocuidado, porque uma casa organizada promove calma, bem-estar e produtividade.
Estudos mostraram que pessoas (especialmente mulheres) que percebem o seu lar como desordenado apresentam níveis de cortisol diurnos elevados, em comparação com pessoas cujas casas são vistas como organizadas.
Isso significa que o corpo está em alerta constante, não apenas em momentos de stress evidente. Esse estado prolongado de ativação hormonal tem consequências: pode afetar o sono, a imunidade e contribuir para o cansaço crónico.
A ciência afirma que, quando há muitos estímulos visuais (papéis, objetos dispersos, cores fortes, luzes, formas distintas) num espaço, o cérebro precisa de fazer uma “triagem”: decidir o que focar, o que ignorar, o que suprimir, o que «exige um esforço constante que conduz à fadiga mental».
Na mesma sequência, um espaço desorganizado dá lugar a sentimentos negativos, dúvidas, instabilidade e a uma enorme carga psicológica que afeta a qualidade de vida e o bem-estar. Quando temos objetos fora do lugar, é como se estivéssemos a adiar constantemente decisões importantes e a arrastá-las sem um fim à vista, o que nos desestabiliza e sobrecarrega só de olharmos para aquilo que não arrumamos.
Os cientistas explicam as razões pelas quais é essencial manter a casa arrumada:
A lógica de arrumar, atribuir um lugar, organizar não é apenas para ter uma casa 'bonita' sempre à espera de visitas. Trata-se também de:
Reduzir o stress diário
“A tua casa devia ser o teu refúgio, não mais uma fonte de stress”, lembra Sandra Miranda, fundadora da SM Organiza. Para a especialista, pequenos gestos diários, como guardar logo os objetos usados ou reservar 15 minutos ao final do dia para arrumar, têm impacto imediato no bem-estar. O cérebro interpreta a ordem como segurança, o que diminui a ansiedade.
Melhorar a qualidade do sono
Quartos sobrecarregados criam ruído visual e mental. Segundo Rafaela Garcez, consultora certificada no método KonMari, “Guardar objetos por apego dá peso ao ambiente e ao corpo.”
Libertar o quarto de tralha, sobretudo junto à cama, promove uma sensação de tranquilidade essencial para adormecer mais rápido e descansar melhor.
Tenha também em conta que, no escritório em casa, a organização é um fator decisivo. Cuca Pinto de Abreu, criadora do projeto Eu Arrumo, sublinha que uma secretária limpa é como uma página em branco para começar o dia. “Uma secretária limpa no final do dia é o maior presente que podes dar ao teu eu do amanhã.”
Com menos distrações visuais, o cérebro concentra-se melhor nas tarefas importantes, reduzindo a procrastinação.
Libertar tempo
Perder minutos à procura de chaves, documentos ou roupa é um clássico em casas desorganizadas. Para Susete Lourenço, autora de Casa Organizada, Vida Feliz, a solução é simples: “Cada coisa precisa de um lugar. Quando cada objeto tem uma ‘casa’, não perdes tempo à procura.”
O ganho de tempo diário é um dos benefícios mais palpáveis da organização.
Dar a sensação de controlo
A desordem transmite a sensação de que a vida está fora de controlo. Cuca Pinto de Abreu lembra que a organização é uma forma de recuperar esse equilíbrio: “Quando eliminas o excesso, libertas espaço para viver e também para sentir.”
Ao arrumar o espaço, muitas pessoas relatam sentir que recuperaram o domínio sobre a sua rotina e sobre si próprias.
Facilitar a tomada de decisões
A indecisão constante é um dos motores da acumulação. Quantas vezes guardamos algo porque “pode ser útil”? Susete Lourenço defende que a organização ajuda a treinar a capacidade de decisão: “Organização não é decoração; é qualidade de vida.
Decidir o destino de um objeto é aprender a decidir na vida.” Este treino diário facilita escolhas maiores e reduz a fadiga mental.
Fortalecer relações em casa
Muitas discussões familiares nascem do tema “quem arruma”. A organização, segundo Sandra Miranda, deve ser adaptada à rotina de todos: “Não existe método perfeito se não se adapta à vida real da família.”
Sistemas simples, caixas para brinquedos, etiquetas, zonas definidas, ajudam a distribuir responsabilidades e diminuem conflitos.
Ajudar a criar hábitos saudáveis
A disciplina de manter a casa arrumada estende-se a outras áreas da vida. Rafaela Garcez explica: “Quando aprendes a libertar objetos que já não servem, também aprendes a libertar hábitos que já não te fazem bem.”
A prática do destralhar ensina desapego e promove rotinas mais conscientes, que podem refletir-se na alimentação, no exercício e até no descanso.
Por fim, a grande promessa da organização é devolver à casa o estatuto de refúgio. Sandra Miranda insiste: “A casa deve ser um espaço de paz e não mais uma fonte de stress.” Susete Lourenço completa: “Uma casa organizada permite-nos descansar do mundo complexo onde vivemos.”
A mensagem é clara: organizar não é um luxo, é um investimento em qualidade de vida.