Desporto

Neto Gomes apresentou obra sobre o ciclista louletano “Vítor Tenazinha – Brioso, Valoroso, Combativo”

 
A apresentação decorreu, no sábado, no Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé, e contou com uma plateia ligada à modalidade, com antigos corredores, como Casimiro Cabrita e Edmundo Bota, e jovens atletas, ex-autarcas que impulsionaram este deporto ou jornalistas “da velha guarda” que acompanharam muitas das provas velocipédicas em que participaram algarvios.

Segundo adianta nota da Câmara de Loulé, "foi uma manhã de memórias e de afetos", onde se recordou não só Vítor Tenazinha, que envergou a camisola de Sporting, Benfica e do Louletano Desportos Clube. Foi também um momento de partilha das estórias que marcaram o ciclismo português e a sua prova rainha, - a Volta a Portugal -, os seus protagonistas e até as quadras do poeta popular António Aleixo que eram vendidas durante as etapas aos ciclistas, como recordou o representante da Federação Portuguesa de Ciclismo e da UCI, Artur Lopes.
 
E foi este elemento federativo, em nome do presidente Delmino Pereira, que enalteceu "a grandiosidade desportiva e moral de Tenazinha", tecendo elogios a “um ciclista de uma estirpe, de um valor, coragem, entrega e lealdade que são apanágio daqueles que amam a profissão e amam trabalhar com honestidade para com o próximo”.
 
Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, falou de “um grande símbolo que ajudou a construir uma juventude sã. Foi importante na construção e na educação de valores positivos porque o ciclismo é esforço, é trabalho, é competição leal, e é sobretudo a grande capacidade do homem de se superar a si próprio”, realçou.
 
Esta obra é mais um “testemunho que permite preservar a memória coletiva e passar as gerações vindouras informações sobre a nossa identidade enquanto louletanos”. A par de abordar a vida e carreira do ciclista, segundo o autarca, constitui um documento importante para conhecer o evoluir da sociedade louletana, em particular na segunda metade o século XX.
 
Sobre o autor da obra, o presidente do Município referiu-se que Neto Gomes, “além do talento natural para entusiasmar e chegar à alma das pessoas para vibrarem com esta modalidade, tem sido nos últimos anos um homem ao serviço da comunidade louletana, que tem feito um trabalho que ficará na história local desta terra como um marco”, destacou o edil relativamente aos vários livros editados por este jornalista.
 
Numa altura em que está em fase de conclusão mais uma obra com a sua assinatura, o livro sobre o Centenário do Louletano Desportos Clube (que será lançado em meados do mês de dezembro), Neto Gomes explicou que este desafio de escrever em simultâneo dois livros que passarão a figurar na bibliografia de Loulé foi também uma forma de concorrer consigo mesmo e de se testar, um pouco à semelhança do que acontece com os ciclistas durante uma prova. 
 
A obra tem prefácio do ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, conterrâneo de Tenazinha, integra muitos recortes de jornais que foram uma fonte de informação privilegiada para o autor, fotografias da família, amigos, colegas e de muitos com quem ele privou, em Portugal, mas também nos Estados Unidos onde Tenazinha esteve emigrado. “É um livro que trata muito bem a vida do Vítor Tenazinha, a montante e a jusante, que percorre uma vida intensa de grandes desilusões, aliás como foi sempre a vida dos corredores. Portanto foi um livro que me deu imenso trabalho, mas ao mesmo tempo muito gozo”, reforçou o jornalista Neto Gomes. Um agradecimento especial ao escritor veio da parte da viúva em nome da família do ciclista falecido em 2022. “Ver a história do meu marido em livro era um momento que nunca pensei que pudesse acontecer por isso o meu orgulho e gratidão são muito grandes!”.
 
Como relembrou Vítor Aleixo, o ano de 1933 marcou decisivamente este apego do concelho de Loulé ao ciclismo, com a participação, pela primeira vez, de dois ciclistas nascidos no concelho na Volta a Portugal (naquela que foi a sua quarta edição): Francisco de Brito, vestindo as cores do Louletano, e Ildefonso Rodrigues, com a camisola do Sport Lisboa e Benfica.
 
O ciclismo manteve-se a partir desse momento na vida dos louletanos, “com altos e baixos, mas sempre vivido de forma emotiva pelo povo”, ocupando um lugar de eleição no seu coração.
 
Essa paixão já tinha sido imortalizada no início deste novo século com a inauguração, em 2009, da Rotunda do Ciclista e dos nomes de louletanos que participaram na prova rainha. Neste sábado, foi inaugurado o “alargamento” desse monumento, com o descerramento das placas com os nomes dos ciclistas e das ciclistas louletanos/as ou que, em representação de equipas do concelho, participaram na Volta a Portugal em Bicicleta, entre os anos de 2009 e 2022.