Desporto

Mundiais: Isaac Nader sai de Budapeste com a certeza de lutar pelo ouro olímpico

Foto - Isaac Nader (sportmedia.es)
Foto - Isaac Nader (sportmedia.es)  
Isaac Nader foi hoje 12.º e último na final dos 1.500 metros dos Campeonatos do Mundo de atletismo, em Budapeste, de onde sai com a certeza de que vai lutar pelo título olímpico dos 1.500 metros em Paris2024.

“O próximo ano vai ser, certamente, melhor e eu continuo a manter a crença e o meu sonho de que vou lutar pelo ouro olímpico. Eu continuo a acreditar nisso, ninguém me tira isso da cabeça e ninguém vai tirar”, assegurou o meio-fundista do Benfica, de 24 anos, em declarações à agência Lusa.
 
O atleta natural de Faro terminou hoje a final dos 1.500 metros na 12.ª e última posição, com o tempo de 03.35,41 minutos.
 
Isaac Nader marcou o regresso luso às corridas decisivas da distância, 18 anos depois do bronze de Rui Silva, em Helsínquia2005, melhorando o 40.º que tinha alcançado na estreia, em Oregon2022.
 
“Eu queria sair como saí nas duas primeiras corridas dos campeonatos, sabendo que a corrida ia ser muito mais rápida. Sabia que tinha de correr na casa dos 03.30 minutos para ganhar uma medalha, que os quenianos iam sair fortes e que o Jakob [Ingebrigtsen] ia partir a corrida aos 500/600 metros, porque faz sempre isso”, sublinhou.
 
Recordando a corrida, que até à entrada na última volta cumpriu até ao sexto lugar, perdendo posições, na fase decisiva.
 
“A minha corrida passava por estar sempre bem colocado, mas, na última volta, quando ainda me sentia bem, mas nos últimos 200 metros tentei manter posição e lutar pelas medalhas já não havia pernas para mais”, admitiu.
 
O britânico Josh Kerr, bronze em Tóquio2020, sagrou-se campeão do mundo, em 03.29,38 minutos, no seu melhor registo da temporada, surpreendendo na chegada Ingebrigtsen, campeão olímpico e vice-campeão mundial nesta distância, segundo classificado, a 27 centésimos de segundo.
 
Os terceiro e quartos classificados, o também norueguês Narve Gilje Nordas e o queniano Abel Kipsang, ainda concluíram as quase quatro voltas à pista do Centro Nacional de Atletismo abaixo dos 03.30 minutos.
 
Para chegar a estes lugares, Isaac Nader, que já conseguiu a marca de qualificação para Paris2024, necessitava de bater o recorde nacional (03.30,07) ainda na posse do seu antigo treinador Rui Silva, desde 19 de julho de 2002, um registo que já disse sentir-se capaz de bater.
 
“Eu cheguei aqui na minha melhor forma de sempre. Não há dúvida nenhuma, nas qualificações foi tudo muito fácil, muito tranquilo, mas hoje nem eu sei o que se passou”, reconheceu.
 
Por sentir esse potencial, agora sob o comando do espanhol Enrique Pascual Oliva, antigo treinador de Fermín Cacho, Isaac Nader acreditou na possibilidade de chegar ao pódio em Budapeste2023.
 
“Eu acreditei. Saí confiante, senti-me bem a aquecer, o que nem é bom sinal, porque quando me sinto mais pesado as corridas acabam por correr bem, mas é um presságio. Nos últimos 100 metros já não tinha mais nada para dar, infelizmente não deu para uma medalha e infelizmente fui último”, lamentou.
 
Apesar de cumprir apenas a sua segunda presença em Mundiais, o algarvio assegurou ter entrado em competição sem ansiedade.
 
“Os nervos fazem parte, mas eu estava perfeitamente tranquilo. Há atletas mais experientes do que eu e isso não jogava a meu favor, mas é importante ter estas experiências. Estou onde quero estar, que é entre os melhores do mundo, nas finais, e, agora, tenho de trabalhar mais, ser mais forte, mais consistente para, à terceira corrida, fazer o que quero fazer e corresponder às minhas capacidades”, sublinhou.
 
E, com o objetivo de lutar pelo título em Paris2024, antevê uma temporada de 2024 “mais focada nos Jogos olímpicos”, apesar de, na agenda, estarem ainda os Mundiais em pista coberta, em Glasgow, na Escócia, e os Europeus ao ar livre, em Roma.
 
O 12.º lugar de Nader corresponde ao quinto melhor resultado português de sempre nos 1.500 metros em Mundiais, atrás do bronze em 2005 de Rui Silva, que foi ainda quinto em Paris2002 e sétimo em Edmonton2001, e da sexta posição de Mário Silva em Tóquio1991.
 
Lusa