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Mulheres que dependem emocionalmente do marido

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Se a sua felicidade depende exclusivamente do que o seu parceiro faz ou deixa de fazer, isso significa que está perante um cenário de dependência emocional.

Apesar de se falar muito mais em mulheres que dependem emocionalmente dos maridos, na realidade, os cientistas afirmam que, também há muitos homens nestas condições.
 
Por detrás das causas desta dependência está a forma como fomos educados: se a relação com os nossos pais era baseada na dependência, se não nos era dada a devida autonomia e liberdade de pensamento e de ação e o modo como esse apego era vivido.
 
Quando a relação com os pais ou cuidadores não é saudável logo a partir dos primeiros anos de vida, é natural que a pessoa desenvolva um Transtorno de Personalidade Dependente que acaba por mascarar sentimentos negativos e uma procura incessante pela satisfação afetiva, o que também desencadeia muitos medos e ansiedade, explicam os especialistas.
 
Numa relação de casal feliz tem de existir uma base de estabilidade, de troca, de partilha, de entreajuda, no entanto, a dependência é algo que ultrapassa estes valores e que se projeta numa necessidade permanente de obter a aceitação do outro, uma ligação que não permite que a pessoa se afirme tal como é, que pense, que sinta e que expresse a sua opinião nos mais variados contextos de vida. É como se o parceiro ou companheira fosse a referência para tudo e se a pessoa se sentisse impotente para ser ela mesma sem esse apoio.
 
Não existe uma relação saudável, equilibrada e feliz sem que os parceiros interajam, sem que partilhem opiniões, que tomem decisões e que se tornem cada vez mais cúmplices e  compatíveis. A ideia de que os opostos se atraem já caiu por terra há muito tempo, no entanto, é preciso reservar uma margem de liberdade para que cada elemento possa encontrar-se, assumir-se e afirmar-se. “Para tal, é preciso realizar um trabalho profundo para que a pessoa se autovalorize, se aceite, para que desenvolva a sua autoestima e autonomia e possa estar na relação como um indivíduo e não como uma metade que procura outra para ser completa”, explicam os profissionais na área da psicologia.
 
A exaustão psicológica surge quando se usa a pessoa amada como o único suprimento de felicidade, na medida em que, esta postura sufoca a própria pessoa que depende e o outro que acaba por também não saber como libertar-se de um peso que em nada se assemelha com amor, sublinham os entendidos.
 
Como a pessoa dependente compromete a sua própria individualidade, liberdade e até a identidade, “terá de passar por um processo de tratamento que a ajude a concentrar-se mais em si mesma, a olhar-se, a conhecer-se, a gostar primeiro de si, para depois poder amar alguém”, evidenciam os mesmos cientistas.
 
Como sugestões para inverter este sofrimento, eis as respostas clínicas:
 
1. Terapia baseada no apego
 
Entre os tratamentos mais eficazes para a dependência emocional está a abordagem baseada no apego. É um modelo que tem muita repercussão nos ambientes terapêuticos porque permite entender e trabalhar aspectos como a possível presença de traumas, as necessidades emocionais da pessoa e a sua forma de entender os relacionamentos.
 
Assim, o primeiro passo é avaliar o tipo de apego em evidência. Para tal, é preciso identificar corretamente a realidade de cada pessoa e perceber onde é que se pode intervir de modo a aliviar-lhe o sofrimento, sendo que, esta resposta baseia-se nestes aspetos:
 
• A terapia focada na emoção é decisiva para ajudar a pessoa a construir vínculos emocionalmente maduros.
 
• Trabalhar as defesas do paciente contribui para o contacto com narrativas internas que provocam padrões de relacionamento disfuncionais e infelizes.
 
• O tratamento baseado na mentalização (MBT) permite que uma pessoa se entenda melhor a si mesma e aos outros, além de regular de maneira ideal as suas emoções e comportamentos, ao entender o funcionamento da sua própria mente.
 
A construção de vínculos baseados num apego seguro promove relacionamentos mais saudáveis, baseados na confiança e onde, além disso, há maior habilidade em questões emocionais.
 
2. Terapia de esquemas emocionais
 
Esta terapia combina a cognitivo-comportamental com Gestalt e psicanálise. Facilita a compreensão dos padrões de pensamento e emoção desadaptativos. O modelo foi desenvolvido pelo psicólogo Jeffrey Young em meados da década de 1980 e é amplamente aceite.
 
O International Journal of Cognitive Therapy destaca a utilidade desta terapia quando se trata de gerir as emoções conflituosas que sustentam grande parte dos problemas quotidianos. Esta terapia está entre os tratamentos mais eficazes para a dependência emocional porque :
 
• Integra uma melhor autoconsciência emocional.
 
• Desativa comportamentos relacionais autodestrutivos.
 
• Desenvolve habilidades de autocompaixão e autovalidação.
 
• O paciente aprende a satisfazer as suas próprias necessidades emocionais.
 
• É uma terapia válida e eficaz para transtorno de personalidade dependente.
 
• A terapia do esquema aumenta a responsabilidade e a independência da pessoa.
 
• Permite detectar esquemas de pensamento herdados da infância que dificultam relacionamentos saudáveis.
 
• Permite compreender que não é possível basear um relacionamento à espera que a outra pessoa satisfaça todas as suas necessidades. Para ter uma boa saúde emocional, os esquemas mentais disfuncionais devem ser desativados e substituídos por outros fortalecedores. De um modo geral, a pessoa aprende a assumir-se tal como é e a encarar a vida e as suas próprias responsabilidades aos mais variados níveis.
 
3. Terapia cognitivo-comportamental
 
A anatomia da dependência emocional esconde nos seus fundamentos múltiplos sintomas e comorbidades. Assim, é natural que, a par da dependência emocional estejam associados quadros de ansiedade, depressão, comportamentos impulsivos, entre outros.
 
Um artigo da revista Frontiers in Psychology argumenta que, esta é a técnica de primeira linha usada com mais frequência para um grande número de problemas e transtornos mentais. É também o modelo com maior respaldo científico. Este é o seu potencial contra a dependência afetiva:
 
• Fortalece a autoestima.
 
• Trabalha o diálogo interno negativo.
 
• Neutraliza mecanismos de defesa e autocrítica.
 
• Promove o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais.
 
• Abrange possíveis depressões, traumas e transtornos de ansiedade.
 
• Desenvolve habilidades de autocuidado e responsabilidade pessoal.
 
• Orienta o paciente para que possa construir relacionamentos mais saudáveis.
 
•  A pessoa coloca em prática hábitos e comportamentos mais enriquecedores e satisfatórios.
 
• Oferece ferramentas de mudança, desativando padrões mentais disfuncionais.
 
Os psicólogos lembram que, o ideal para viver uma relação saudável e feliz é que se encontre um meio termo entre a nossa liberdade e autonomia e o espaço do outro para que igualmente se sinta livre e confiante, sendo que ambos juntam-se para partilharem quem são e o que conseguem fazer, mas também recorrem ao carinho, compreensão e conforto do outro, sem dependências, mas com a afirmação das suas personalidades e individualidades.
 
Os casais são uma construção em conjunto em que se deve proteger o melhor de cada um, o que é diferente e reunir pontos em comum para que ocorra o entendimento. No centro de tudo isto está o respeito, os sentimentos, a vulnerabilidade, a humildade, a vontade de crescer e de construir algo em conjunto.
 
Na realidade, não é fácil conquistar este equilíbrio, mas a palavra que aqui se acrescenta é a disponibilidade para o outro. Tal consegue-se quando nos sentimos bem connosco próprios e sentimos prazer em ver também o outro feliz.
 
Bons e maus momentos todos temos e é importante saber que podemos contar com quem amamos, mas não nos podemos esquecer da nossa individualidade e que as dores são manifestadas e sentidas de formas distintas, pelo que partilhamos, mas não dependemos, porque ninguém nos faz felizes, simplesmente ajudam-nos a encontrar a felicidade dentro de nós mesmos, concluem os mesmos entendidos.