O Movimento em Defesa dos Doentes com Cancro do Algarve prometeu hoje organizar “vigílias” contra um concurso público que obriga os doentes a deslocarem-se a Espanha para receberem serviços de tratamento de radiocirurgia.
Num comunicado, o movimento disse que irá “partir para a ação direta nas ruas, organizando vigílias em protesto (…) à porta das câmaras municipais das diversas cidades do Algarve”, “face à tentativa de desvalorização das autoridades políticas e de saúde regionais e nacionais sobre este assunto”.
Em 29 de outubro, o Movimento em Defesa dos Doentes com Cancro do Algarve tinha pedido à direção do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), a anulação do concurso público.
Face à “ausência de resposta” sobre uma “decisão infeliz e incompreensível”, o movimento disse hoje que “considera que o Conselho de Administração do CHUA se deve demitir imediatamente”.
Em declarações à Lusa, em 02 de outubro, o diretor clínico do CHUA, Horácio Guerreiro, disse que a região não dispõe dos equipamentos necessários para efetuar todos os diagnósticos e tratamentos oncológicos, o que obriga a que os doentes tenham que sair da região, habitualmente para Lisboa, por vezes para Coimbra, ou para Huelva e Sevilha, em Espanha.
Guerreiro explicou que se candidataram a um concurso internacional para a prestação desses serviços duas empresas, uma portuguesa e outra espanhola, esta última “conceituada na área clínica e que apresentou garantias de qualidade médica com um preço mais baixo do que o outro concorrente”.
De acordo com o diretor clínico do CHUA, os doentes que se deslocam a Sevilha têm transporte assegurado em ambulância pela empresa e “fazem os tratamentos em ambiente hospitalar, com internamento e cuidados intensivos de excelência, caso necessitem”.
Na opinião de Guerreiro, a distância de cerca de 200 quilómetros entre Faro e Sevilha, “não é um problema para os doentes, já que a sua condição é avaliada previamente”.
No comunicado de hoje, o Movimento em Defesa dos Doentes com Cancro do Algarve acrescentou que o caso da troca de cadáveres no Hospital de Faro veio “agravar ainda mais a falta de confiança” na direção do CHUA, defendendo que “não estão reunidas as condições de confiança”.
De acordo com uma nota de imprensa divulgada na segunda-feira pelo Conselho de Administração do CHUA, a troca na identificação de dois doentes falecidos no Hospital de Faro ocorreu no dia 03 de novembro.
Segundo o centro hospitalar – que agrega as unidades de Faro, Portimão e Lagos -, a situação levou a que um dos corpos fosse indevidamente recolhido pela agência funerária e posteriormente cremado.
Na sequência desta ocorrência, o Conselho de Administração do CHUA abriu um inquérito interno e colocou os cargos à disposição.
Também na segunda-feira, tanto a Entidade Reguladora da Saúde como o Ministério Público disseram ter aberto processos sobre esta matéria.
Lusa