Aproveitando a inauguração do Pavilhão da Água, uma exposição organizada pela Águas do Algarve, em Faro, a ministra do Ambiente e Energia presidiu esta tarde, à cerimónia do anúncio de lançamento do concurso de construção da tomada de água do Pomarão, e à assinatura de protocolos que irão permitir a implementação de soluções definitivas de acesso a água para consumo humano às populações da Mesquita e do Espírito Santo, no concelho de Mértola.
Na mesma sessão pública foi ainda celebrado um protocolo entre a Águas do Algarve e a Câmara Municipal de Castro Marim, para a reabilitação da rede de saneamento daquele concelho, com o objetivo de reduzir as afluências indevidas de água salobra e promover a reutilização de água tratada para o setor agrícola e do golfe.
Aos jornalistas, Maria da Graça Carvalho adiantou que o projeto do Pomarão representa um investimento de 109 milhões de euros. A ministra explicou que na sequência do acordo com Espanha, «o Pomarão dá-nos a possibilidade de utilizar mais 60 hectómetros cúbicos do Guadiana, em que 30 são para abastecer o Sotavento algarvio e os outros 30 que ficam na zona do Alqueva, serão enviados até à Bacia do Mira, e daí uma ligação por exemplo à Bravura, no Barlavento. Tudo somado são cerca de 400 a 500 milhões de euros de investimento em água para o Algarve, que serão executados até meados de 2026», indicou.
Questionada se a construção da dessalinizadora é a melhor solução para a região, respondeu que enquanto engenheira tem o seu entendimento, mas enquanto ministra não havia tempo a perder: «estavam em causa cerca de 200 milhões de euros para os projetos da dessalinizadora e do Pomarão que podiam perder o apoio do PRR, caso não avançassem rapidamente».
A governante sensibilizou que mesmo com estes investimentos «é preciso poupar água, temos que a reutilizar e evitar perdas, e se não chegar, temos o recurso da dessalinizadora, porque o Algarve está numas circunstâncias em que tudo isto que agora referi não chega devido à quantidade de chuva que é cada vez menor. Trata-se de uma frente de desertificação que está a subir para o Norte da Europa e temos de preparar o Algarve para o futuro. Por exemplo, neste momento, Malta sobrevive com dessalinizadora e reutilização de água. Aqui ao lado, Espanha tem mais de 700 dessalinizadoras; Cabo Verde tem 8 e está a construir a nona, e teve a primeira nos anos 50, ainda no tempo de Salazar. Não podemos deixar que o Algarve fique árido, porque isso seria muito mau para a economia, para o turismo e para a qualidade de vida dos algarvios», sublinhou.