Política

Miguel Pinto Luz defende mais solidariedade nacional para com a falta de água no Algarve

Foto DR
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A Aliança Democrática (AD), Algarve, realizou esta segunda-feira uma conferência de imprensa, em Albufeira, onde estiveram presentes os candidatos da região, às próximas eleições de 10 de março.

O cabeça de lista, Miguel Pinto Luz, reconheceu na sua intervenção, que o Algarve, "é lembrado por todos no verão, e quando há eleições e esquecido e abandonado no inverno, depois na realidade não há concretização". 
 
Para contrariar esse cenário, o candidato diz que "esse é o desafio", salientando que tem mais de 30 anos de vida partidária e mais de 20 de vida pública, "o que prometi fiz, tenho muita obra realizada, não aqui na região, mas na Área Metropolitana de Lisboa, também a nível nacional como governante e como dirigente regional".
 
O "divórcio" que existe entre a classe política e os eleitores, relaciona-se com "a incapacidade de cumprir com as promessas e de entregar territórios melhores do que aqueles que recebemos e o Algarve tem assistido a isso na questão da água, em que a última barragem tem 15 anos, e o problema da seca vai-se empurrando com a barriga", notou. 
 
Para Miguel Pinto Luz, o Algarve deveria ser mais coeso, porque "paradoxalmente", ao passar a mensagem da regionalização, "é uma região absolutamente dividida, com várias associações de hoteleiros, de regantes, os autarcas cada um fala por si e com uma agenda própria, no turismo, na habitação, nos transportes, e portanto, esta competição permanente é quase aquela máxima dos dois males nacionais, que são a inveja e a suspeição, aqui no Algarve parece que isso é elevado a um extremo enorme, refiro-me também a assimetrias gritantes entre municípios, nomeadamente na capacidade económico-financeira". 
 
Questionado sobre o problema da falta de água na região e se apenas uma dessalinizadora dará resposta às necessidades, o candidato adiantou que a água que é tratada numa dessalinizadora andará nos 50 cêntimos por m3, sendo um valor "ainda muito caro", em relação a outros métodos. "Portugal, com a costa que tem não pode perder essa oportunidade e neste aspeto temos que dar esse passo e não andar a prometer, e mesmo assim, a dessalinizadora não vai resolver o problema, porque estamos a falar de 8 hectómetros para uma necessidade de 200 por ano, por isso, é apenas um passo, porque a solução passa a montante, pela questão das barragens que têm de ser desenvolvidas, depois temos as perdas que existem na rede, se no lado dos agricultores temos uma rede já muito modernizada no sotavento, o mesmo não acontece no barlavento, ainda há canais a céu aberto com perdas, mas estamos a falar de 15% de perdas, agora em ciclo urbano, os autarcas e o Governo têm que ter essa consciência, já que estamos a falar de perdas de 30% em média. Um território que tem a falta de água e perde 30% na sua rede, manifestamente tem de existir capacidade de intervenção. Se há municípios que têm mais capacidade de fazer essa intervenção, há outros que não têm, e aí tem de haver investimento de Lisboa para ajudar nessa modernização da infraestrutura", justificou. 
 
Quanto à solução dos transvases, o candidato fala de solidariedade nacional, criticando algumas vozes que se levantaram contra os transvases do Norte para o Sul, lembrando que o Algarve também contribui fortemente para o país e para a economia nacional, "agora parece que quando o Algarve precisa, já o Norte está a dizer, calma lá que nós também temos falta de água". O cabeça de lista da AD, vincou que é preciso mais coesão territorial, dar condições à região pelo potencial económico que representa, além do setor primário, "porque se há duas regiões que lideram a nova vida na agricultura no país, é o Alentejo e o Algarve". 
       
Sobre a questão da gestão dos recursos hídricos, Cristovão Norte, presidente do PSD Algarve e segundo na lista da AD, acrescentou que não foram tomadas medidas a tempo, “porque tivemos uma redução da precipitação muito substancial nos últimos 10 anos e é razoável exigir que o Governo tivesse tomado um conjunto de medidas, que agora aparentemente se apressa a tomar, seja a dessalinizadora, seja a ligação ao Pomarão, seja a barragem da Foupana. Aquilo que eclodiu no Algarve é uma coisa completamente indesejável, que é colocar setores contra setores, o turismo contra a agricultura, pois não havendo água, tem que se impor sacrifícios às pessoas, mas até nos sacrifícios eles são desproporcionais e injustificados”, lamentou.