Nem todos tiveram a sorte de crescer num ambiente familiar saudável, mas todos podem construir uma família melhor, basta que, para isso, se invista tempo, emoções e muito respeito por si mesmo e pelos outros.
Para nos sentirmos bem, temos de estar rodeados de pessoas que apreciem as nossas qualidades, que nos valorizem, amem, aceitem e respeitem tal como somos, por isso, é fundamental que, não tendo escolhido a família hereditária, procure construir um núcleo que reúna tais qualidades e requisitos, sem se esquecer que, tudo terá de partir de si mesmo.
A teoria geral dos sistemas, proposta pelo biólogo e filósofo Karl Ludwig, contribui para a compreensão da dinâmica familiar. Essa abordagem indica que o comportamento disfuncional de uma única pessoa pode afetar o restante dos componentes do sistema; da mesma forma, ele diz que esses microssistemas são regidos pelas suas regras internas particulares e que nem sempre são saudáveis.
A questão é que, muitas vezes, as pessoas deixam-se levar por comportamentos que perturbam a harmonia e a qualidade dos vínculos que estabelecem. Uma dinâmica familiar saudável e sustentada no tempo exige a prática de competências muito precisas. Assim, registe que, cada membro da família tem a responsabilidade e o dever de cuidar de si mesmo e de apoiar, acarinhar, ouvir e compreender aqueles que ama. Para isso, os especialistas na área da psicologia recomendam:
1. Curar os problemas psicológicos
Muitos homens e mulheres constroem famílias sem que cuidem dos seus traumas e problemas, acreditando que o outro os vai fazer esquecer de tudo o que se passou, mas na realidade, além de não ser assim, essa postura agrava a convivência e perturba o desenvolvimento de relações saudáveis. Alguém que não está bem, naturalmente que vai prejudicar quem está ao seu lado, registam os especialistas.
Para desfrutar de uma vida familiar prazerosa e de um ambiente positivo é fundamental que, cada um de nós trate as suas feridas, as suas memórias negativas, os problemas que acumula. Pode e deve desabafar com quem ama, mas esforçar-se por desenvolver habilidades mais adequadas à convivência salutar com quem lhe é querido. Em muitos casos, o apoio psicológico é o melhor recurso, podendo toda a família participar numa terapia de grupo, recomendam.
2. Boa comunicação
Ter uma comunicação eficaz é um pilar fundamental para garantir que o ambiente familiar é saudável.
Em qualquer idade e num qualquer ambiente, a comunicação é a base para que as pessoas se sintam bem e felizes, razão pela qual, esta deve ser privilegiada especialmente num ambiente onde as pessoas passam muito tempo juntas, onde residem as mais variadas experiências e emoções. Também está provado que, crianças que crescem num ambiente onde existe uma boa comunicação, são jovens e adultos muito mais livres, felizes e amigos dos pais.
Assim, para melhorar esta competência, é pertinente:
• Aplicar a assertividade.
• Praticar uma comunicação respeitosa.
• Saber ouvir no grupo familiar.
• Mostrar um interesse real no que o outro diz.
Os membros de uma família possuem personalidades e características únicas que devem ser respeitadas, lembram os entendidos nesta matéria alertando para a importância de saber “parar, escutar e olhar” antes de reagir.
3. Respeito e tolerância
Numa dinâmica familiar saudável não há espaço para o autoritarismo, na medida em que cada membro da família é único e especial; possui as suas qualidades positivas e negativas, tem os seus gostos e daí por diante. Mesmo quem educa, deve sempre ter em conta as particularidades de cada um, pelo que a autoridade faz sentido em alguns momentos, mas jamais o autoritarismo.
Deve-se privilegiar a comunicação empática e respeitosa; aquela que aceita uma opinião distinta, que não instala o medo, que não agride, que não critica destrutivamente e daí por diante, sendo que, é ela quem proporciona um ambiente confiável e seguro que se desfruta diariamente.
4. Viver momentos de qualidade
Para que cresça o amor, a compreensão e para que se vivam experiências novas e interessantes, é essencial que a família passe por diversas situações em conjunto, uma vez que é isso que fornece novidades, uma dinâmica saudável e, ao mesmo tempo, permite desenvolver um vínculo forte e positivo. Dedicar tempo ao cônjuge e aos filhos é a base para esta construção diária.
5. Validação emocional
Este ponto é fundamental para construir uma relação familiar saudável, uma vez que se refere à capacidade de conseguirmos compreender o que o outro está a sentir num determinado momento e, acima de tudo, mostrar a nossa disponibilidade e afeto. Um pai, uma mãe, uma mulher, um marido que não possua este atributo, dificilmente conseguirá construir um vínculo saudável com o outro. Se não houver essa ligação forte entre os membros dessa célula familiar, a mesma não se distingue de outras relações e leva-nos a questionar que sentido faz estar com aquelas pessoas… analisam os entendidos.
6. Empatia
Ser capaz de sentir em si o que os outros sentem, favorece comportamentos pró-sociais, compreensão e apoio. Mesmo que o leitor não tenha crescido num ambiente empático, tem hoje a possibilidade de o produzir com aqueles que ama. Para tal, mostre a sua compreensão, apoio sincero, vulnerabilidade, cuidado, respeito e carinho a quem ama e verá que igualmente vai receber os mesmos sentimentos.
7. Habilidades para resolver problemas e conflitos
Em todas as famílias há problemas e conflitos, pelo que, não vale a pena lamentar o que nos acontece e, ainda menos, invejar a vida alheia porque cada caso é um caso. O importante é que enfrentemos a realidade, que conversemos abertamente sobre o que se passa e que tentemos superar os obstáculos. Com respeito, uma comunicação eficaz, amor e compreensão à mistura, tudo se torna mais fácil, sugerem os especialistas em terapia familiar. Para ajudar deve:
• Melhorar a comunicação.
• Saber identificar as dificuldades.
• Resolver os problemas sem culpar ninguém.
• Reconhecer as suas próprias forças e fraquezas.
• Fornecer possíveis soluções como um grupo.
• Saber avaliar as vantagens e desvantagens dessas propostas.
• Ser capaz de aplicar mudanças para promover o bem-estar da família.
8. Saber apoiar
O apoio é o tendão psicológico que fortalece uma família, que a mantém saudável e a enriquece. Todos passam por momentos difíceis e saber que, aqueles que mais amamos estão ali para nos dar apoio e conforto é o pilar fundamental para engrandecer a vida familiar e o nosso bem-estar.
Anote, no entanto que, dar apoio e confortar não significa que tenhamos de ter todas as respostas ou soluções para os problemas e ainda menos, termos de ser os “salvadores” do outro, mas sim, prestar atenção, mostrar interesse, compreensão e, em muitos casos, só ouvir, pois só isso basta para transmitir conforto e solidariedade, que é o que o outro precisa e não aquilo que nós acreditamos que ele pode precisar.
9. Acordar as regras de boa convivência familiar
Ter uma dinâmica familiar saudável implica definir uma série de normas, diretrizes e regras internas. Estas podem ir desde aspectos tão básicos como o horário das refeições, o facto de se juntarem à mesa, ou também esclarecer o que é e o que não é permitido.
Os limites são uma referência para o comportamento de cada indivíduo, pois cumprem um trabalho informativo favorável para constituir uma boa convivência. É sempre recomendável que essas diretrizes sejam acordadas.
Com a liberdade que temos ao nosso dispor para escolher a pessoa com quem queremos estar e casar, desfrutamos de liberdade para podermos construir uma família à nossa medida. Nesse sentido, decida a pessoa que quer ser, cure as suas feridas para que as mesmas não o impeçam de cumprir os seus objetivos e viva intensamente a sua relação com quem ama!