Dicas

Médica explica relação entre fome e emoções

Médica explica relação entre fome e emoções
Médica explica relação entre fome e emoções  
Foto - ASphotofamily Freepik
A ansiedade, o stress, a solidão, a tristeza e a depressão podem despertar o desejo de comer alguns alimentos.

PUB

De acordo com Beatriz Vieira, médica na Lusíadas, «a fome emocional é diferente da fome fisiológica, na medida em que existe um desejo por alimentos específicos, aparece de uma forma súbita e urgente, surge em resposta a emoções e suscita muitas vezes uma sensação de culpa após a ingestão desses mesmos alimentos».

As emoções interferem com a alimentação que adotamos e daí o conceito de alimentação ou fome emocional. A fome emocional refere-se à ingestão de alimentos em resposta a emoções, em particular às mais negativas como o stress, ansiedade, depressão, tristeza e solidão.

Contudo, vários estudos referem que emoções positivas podem igualmente desencadear episódios de ingestão alimentar, realça a especialista numa publicação da Lusíadas.

Segundo a especialista, a fome fisiológica é baseada na ausência prolongada da ingestão de alimentos, que nos fornecem calorias e nutrientes essenciais para o desempenho das funções do nosso organismo. Este tipo de fome pode ser acompanhado por uma sensação de fraqueza, dificuldade em manter a concentração e tonturas.

No entanto, a alimentação não se limita à satisfação das nossas necessidades fisiológicas, podendo também estar associada à satisfação de necessidades emocionais, sublinha.

A fome emocional tem sido associada a uma perda de controlo sobre a alimentação e a perturbações do comportamento alimentar, nomeadamente ao transtorno de compulsão alimentar, sendo essencial aprender a distingui-la da fome fisiológica.

Atualmente, já existem vários questionários validados cientificamente e que a população portuguesa pode utilizar para avaliar a alimentação emocional, nomeadamente o Emotional Eating Questionnaire. Estes questionários são ferramentas que nos fornecem dados objetivos e nos permitem comparar diferentes etapas e/ou diferentes grupos de indivíduos. 

Em âmbito de consulta, a médica explica que, uma anamnese alimentar (história alimentar detalhada e completa) permite identificar a existência de emoções/sentimentos que potenciam a ingestão alimentar., resume.
 
Como pode evitar comer emocionalmente?

Para controlar a ingestão alimentar em resposta às emoções, o acompanhamento e o apoio de um nutricionista é imprescindível pois promove uma alimentação equilibrada, completa e variada e fornece estratégias para lidar com a fome emocional.

No entanto, é fundamental não abordar com insistência o tema da “dieta”. É crucial não encorajar dietas demasiado restritivas, explicando os perigos associados a esse tipo de atitude com a alimentação, alerta a especialista.

É essencial promover uma reeducação alimentar, utilizando também técnicas de controlo de estímulos e de prevenção de recaídas e resolução de problemas. É importante também desmitificar ideias e/ou pensamentos pré-concebidos sem qualquer tipo de evidência científica.

O acompanhamento deve ser feito por uma equipa multidisciplinar que se adaptará às suas necessidades específicas, promovendo uma recuperação com qualidade e com acesso ao melhor cuidado por parte de nutricionistas, psiquiatras e psicólogos, evidencia Beatriz Vieira, Coordenadora da Unidade de Nutrição Clínica da Lusíadas.

O primeiro passo é, desde logo, tentar identificar o que o/a leva a estar sempre a comer para que possa reverter a situação.

As atividades de relaxamento, a par do exercício físico são essenciais para que descontraia, reflita, analise e entenda o que está por detrás dessa fome constante que, estando associada a distúrbios emocionais, é prejudicial, faz aumentar o peso e provoca desequilíbrios a vários níveis.

Quando tentamos resolver o que nos preocupa, sentimo-nos melhor do que quando comemos para “enganar” a dor e o mal-estar, por isso, se não conseguir sozinho/a, peça ajuda, enfatizam os especialistas.