Muitos pais não se apercebem da dificuldade que têm em gerir as emoções, em pensar antes de reagir e no que dizem. Esquecem-se de que os filhos convivem com eles e aprendem tudo o que veem e ouvem porque os progenitores são o seu principal referencial de valores e de autoridade.
Quando uma criança vê um pai ou uma mãe irritada, a primeira impressão que tem é de que a culpa é sua e que ela é o motivo. Naturalmente que isso gera um efeito negativo no desenvolvimento cognitivo e emocional dos filhos, alertam os especialistas na área da psicologia.
Embora este comportamento seja mais comum nos homens, convém reforçar que é tão prejudicial como quando exercido pela mãe. E, pior ainda, quando é característico em ambos os progenitores, lê-se numa publicação do Up to Kids.
Os gritos, por exemplo, independentemente da causa, devido à violência intrínseca, têm um efeito extremamente forte nas crianças (pela negativa). A euforia manifestada por gritos quando uma equipa de futebol marca um golo pode ter o mesmo efeito negativo do que gritar durante uma discussão entre o casal. A criança olha mais para a forma do comportamento do que propriamente para a sua causa. Além disso, comportamentos carregados de ansiedade têm efeitos similares em crianças. Ansiedade gera ansiedade, acrescenta a publicação.
O estágio de maior vulnerabilidade das crianças frente a este tipo de comportamento ocupa a faixa etária desde o nascimento até aos três anos de idade. Mas isto não significa que se forem mais velhas as crianças não se sintam afetadas. O mau humor do pai ou da mãe, é geralmente traduzido por um sentimento de culpa nas crianças. Isto significa que as crianças podem sentir-se responsáveis pela falta de controle emocional dos pais.
São muitas as crianças que sofrem da Síndrome do pai stressado cujos efeitos manifestam-se em problemas de insegurança, angústia e stress cujos sintomas prejudicam o desenvolvimento saudável.
São frequentes prejuízos na evolução cognitiva, emocional e linguística, bem como as habilidades de sociabilização da criança.
O Up to Kids alerta que, o mau humor age como uma epidemia e rapidamente se espalha a toda a família. Torna-se um “estilo de vida” que se repete como um ciclo vicioso. Não menos impactante regista-se também a ansiedade que, em nada facilita a aprendizagem devido ao excesso de concentração psicológica que envolve e limita a disponibilidade para estar atento a outras áreas de vida ou matérias escolares. Segundo a mesma publicação, quem sofre de ansiedade não consegue responsabilizar-se e, muitas vezes, não facilita a que a criança realize tarefas e que as conclua.
A criança que cresce num ambiente tenso e mal-humorado nunca está livre para realizar as suas tarefas e sente muitas dificuldades em responder à vida académica e em casa porque sente-se sempre instável e insegura, está sempre com medo da reação dos pais e que a culpabilizem pelos maus resultados e até pelo mau ambiente familiar em que vive diariamente.
Torna-se essencial admitir que, o que uma criança mais precisa é de compreensão, carinho, afeto e apoio para aprender, pensar livremente e desenvolver-se de modo sadio, pelo que, não é muito difícil imaginar como é que a falta destes alicerces afeta a saúde mental dos mais novos e prolonga-se pela vida fora com as marcas profundas que acarreta.
Um pai rabugento e alterado transmite mensagens agressivas e assustadoras aos filhos. Por isso é que, cada vez mais, se encontram adolescentes (e adultos) fracassados e, muitas vezes, vítimas de algum tipo de vício. São pessoas que se tornam tão atormentadas quanto os seus progenitores e vagueiam pela vida sem esperança.
As crianças aprendem essencialmente pelo exemplo. Inconscientemente, imitam o comportamento dos pais (os seus elementos referenciais), quer este seja positivo ou negativo. Assim, nestes casos, aprendem a ser emocionalmente descontroladas. Ao acatarem os ataques dos progenitores, acreditam que a sua resposta reflete o que eles sentem. Portanto, é muito provável que a criança acabe também por desencadear conflitos na escola. Torna-se tão descontrolada quanto o seu pai e reagindo de forma irracional à mais pequena adversidade, explica o Up do Kids.
Não menos importante é a relação dos mais novos com a escola, na medida em que, o ambiente escolar tem um papel fundamental no desempenho académico. Ora, se a criança transformar as relações na escola numa nova fonte de angústia, provavelmente prejudicará ainda mais a sua capacidade de tirar proveito disso. É uma corrente que se estende e que, na pior das hipóteses, levará ao fracasso escolar, o que levará ao aumento do sentimento de culpa, ao aumento das suas inseguranças e à frustração, completa o Up to Kids.
Por outro lado, o pai que está positivamente envolvido na educação dos filhos está a criar condições para que eles desenvolvam autoconfiança. Esta segurança é manifestada através de habilidades sociais superiores e melhores resultados académicos. Aprender passa a ser encarado como uma aventura interessante e os objetivos como desafios assumidos com entusiasmo.
Evidentemente que, a mãe também assume um papel determinante no processo, seja em relação ao seu próprio comportamento, seja na ligação ao filho, na gestão das suas emoções e também no incentivo para que um pai mal-humorado peça ajuda para reverter o que o leva a viver nesse modo.
As alterações emocionais dos pais como raiva, tristeza e stress, inibem o bom desenvolvimento da criança. Os filhos de pais com essas características replicam esse comportamento com efeitos nocivos a longo prazo. Estes podem causar depressão e problemas de aprendizagem e de linguagem.
Assim, deixamos aqui algumas recomendações, para pais e mães:
Fortaleçam o relacionamento com os vossos filhos:
Expressem os seus sentimentos. Falem sobre o que gostam e não gostam. Das vossas preocupações, anseios, medos e sonhos. Não só estarão a criar um clima de confiança, mas também promovem o diálogo e terá um efeito terapêutico para toda a família.
Responsabilidades profissionais e filhos são fundamentais, mas não são tudo.
Devem saber manter um espaço e um tempo para cada um de vocês, e para os dois em conjunto (se for o caso de estarem juntos). Vocês também merecem atenção. Façam atividades que possam desfrutar. Dividam-se e aprendam a libertar a mente das tensões. Relaxem ou pratiquem um desporto. Arranjem um hobbie!
Fiquem atentos a qualquer sinal de desestabilização do vosso humor, como stress, depressão, angústia ou raiva.
É aconselhável estabelecer limites e manter o autocontrole. É melhor agir na altura certa e não permitir que os conflitos aumentem. Assim não haverá arrependimentos mais tarde. Se for preciso, procure um profissional para o ajudar.
Tente oferecer aos seus filhos, tempo de qualidade, aproxime-se deles e não se esqueça de dizer (todos os dias) o quanto os ama. Não tenha medo de pedir desculpas se agiu de forma menos correta. É muito positivo que os miúdos saibam que esse é um comportamento positivo e que toda a gente deve desculpar-se quando erra e tentar não repetir “a graça”, sugere a publicação.