Mais de meia centena de cidadãos manifestaram-se esta segunda-feira em Lagoa, pela preservação da zona húmida de água doce das Alagoas Brancas.
De acordo com comunicado do Movimento Tavira em Transição, os cidadãos marcharam desde o local "onde os animais estão a ser enterrados vivos e a lagoa de água doce está a ser terraplanada e drenada e dirigiram-se até à Câmara Municipal de Lagoa".
O Movimento lembra que as Alagoas Brancas "são um berço da biodiversidade que contém mais de 300 espécies de fauna e flora e alberga 143 espécies de avifauna que ali se alimentam e descansam das grandes viagens migratórias e intercontinentais".
No documento lê-se que apesar dos relatórios conhecidos e recentes - como o estudo realizado em 2019 pela Associação Almargem - terem indicado as Alagoas Brancas como uma das mais importantes novas áreas a classificar, "permaneceram até aos dias de hoje desprotegidas e neste preciso momento estão a ser destruídas, por falta de vontade e estratégia de várias entidades mas sobretudo da Câmara Municipal de Lagoa".
O Movimento acusa a autarquia, como grande responsável pela não qualificação e proteção da zona húmida das Alagoas Brancas, "por ter ignorado estudos científicos e por não ter usado de forma profícua os instrumentos de ordenamento que estavam ao seu alcance", nomeadamente "na mais recente consulta pública de revisão do Plano Diretor Municipal".
A autarquia é ainda criticada, por não ter criado outra estratégia para alocar a empresa e o empreendimento em questão, num local diferente daquele das Alagoas Brancas.
Para o Movimento Tavira em Transição "a culpa não morreu solteira", referindo-se a outras entidades com responsabilidades nesta matéria, como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, a Agência Portuguesa do Ambiente, "que também devem ser questionadas e interpeladas a atuar sobre as suas responsabilidades e com carácter de urgência", exige.
Esta segunda-feira, deu entrada uma providência cautelar pelo partido PAN com dispensa de pronúncia prévia, ou seja, com o objetivo de que a providência tenha efeitos suspensivos imediatos.