O encerramento do trânsito rodoviário nas frentes ribeirinhas durante o verão e a criação de zonas de estacionamento são propostas do estudo do Plano de Mobilidade Sustentável da cidade de Tavira, em consulta pública até quinta-feira, dia 21.
O estudo, encomendado em 2019 pela Câmara de Tavira, já foi contestado por um movimento de cidadãos e pela associação Ecotopia Ativa, que consideram que o plano foi “feito ao arrepio” dos atuais modelos de mobilidade urbana sustentável e que favorece o transporte automóvel.
No entanto, segundo disse à agência Lusa a presidente da Câmara de Tavira, Ana Paula Martins, nesta fase, trata-se apenas de “relatório com um conjunto de propostas para a melhoria da mobilidade e acessibilidade, que não vinculam o município”, estando a ser recolhidos contributos para a versão final.
O relatório inclui medidas consideradas “urgentes” pela autarquia, “como o estacionamento na cidade e a travessia da Estrada Nacional 125 a norte do município e outras que têm de ser devidamente avaliadas”, adiantou.
Segundo a Lusa, o documento, considerado estratégico para a acessibilidade e uma mobilidade mais sustentável no concelho de Tavira, identifica intervenções de curto, médio e longo prazos, face aos crescimentos populacional, utilização do transporte individual e da procura de estacionamento nas zonas mais centrais.
O Plano de Mobilidade Sustentável aponta diversos objetivos estratégicos de intervenção, entre os quais o encerramento do trânsito rodoviário nas frentes ribeirinhas durante os meses de verão, a requalificação do espaço público e a racionalização do uso do transporte individual.
Aponta ainda a criação de zonas de estacionamento nas zonas centrais da cidade, a melhoria da qualidade e atratividade do transporte público e a promoção de padrões de mobilidade mais sustentáveis, suportados na utilização de veículos elétricos e do transporte público.
Já para os movimentos que o contestam, trata-se de um plano “do passado”, que negligencia as questões da saúde pública, do clima, da poluição, dos recursos hídricos e da convivência social, “sem ter havido participação na sua elaboração dos interessados”, ou seja, os residentes na cidade.
“Não apresenta quaisquer melhorias para a cidade, sugere ao invés, intervenções que em nada refletem as necessidades da cidade: mais carros, mais insegurança e diminuição da qualidade da paisagem urbana para o centro da cidade”, lê-se num comunicado daquela associação e dos Cidadãos pelo Campo de Experimentação Agrária (CEAT) e Hortas Urbanas de Tavira.
A presidente da Câmara de Tavira considera que os estudos “sugerem medidas relevantes para melhorar as acessibilidades e mobilidade do concelho, nomeadamente as que foram apontadas pelo município”, como as bicicletas partilhadas e a sensibilização para a utilização dos transportes públicos.
“Aguardamos também que outras sugestões sejam apresentadas pela população durante esta consulta pública para que seja elaborado um documento final para aprovação autárquica”, explicou a autarca.
O ex-autarca de Tavira, Macário Correia, deu o seu parecer enviado à Associação Ecotopia Activa, onde sublinha que ficou "estupefato" com a proposta, criticando "o motivo de uma consulta de 8 dias sem divulgação" onde "não se percebe o calendário do documento, que passos deu ou vai dar".
Ficou com a dúvida se se trata "de uma ideia de uma empresa ou se são ideias do executivo para consulta" e com a noção de que "o documento é escrito por defensores dos automóveis em todo o lado". Sobre o conteúdo, explica que "visa arrasar Tavira, destrói os 3 jardins e largos da Baixa (Coreto, Corredoura e Alagoa), promove o alcatroamento do único espaço aberto (Largo da Feira) e arrasa no pior local o espaço do Posto Agrário".
O também presidente da Associação de Regantes do Sotavento, considera que "os pressupostos estratégicos e filosóficos do dito plano são uma absoluta contradição com o que se pensa e faz pelo mundo fora", desafiando o executivo municipal a promover uma sessão pública com os tavirenses.
Algarve Primeiro/Lusa