Saúde

Loulé: Pai tem de ir a Lisboa receber medicação para o filho

João Eduardo Martins (Facebook)
João Eduardo Martins (Facebook)  
João Eduardo Martins, fez esta madrugada, a viagem de Loulé a Lisboa, em viatura própria, rumo à farmácia hospitalar do Instituto Português de Oncologia (IPO), para ir buscar um medicamento que diz ser "essencial" à sobrevivência e à qualidade de vida do filho, que teve um tumor cerebral grave aos 13 anos de idade, tendo ficado com sequelas irreversíveis, não podendo viver sem esta medicação.

Na rede social Facebook, explica que recebeu um telefonema da farmácia do IPO, a dizer que "por motivos de redução substancial de pessoal, não asseguravam mais o serviço de envio de medicamentos para a região de residência dos doentes e suas famílias". Depois de ter sido aconselhado a ir aos bombeiros da localidade, que fariam o serviço ou que teria de pedir a familiares ou amigos que levantassem o medicamento no IPO, João Eduardo Martins refere na mesma publicação, que foi aos bombeiros, mas que lhe disseram que não fazem o serviço. 
 
Contactou a Associação Nacional de Farmácias, onde foi informado que não tem protocolo com o IPO. Como última possibilidade, ainda contactou a Cruz Vermelha Portuguesa, que apesar de não fazer o serviço, admitiu  "o especial favor de o fazer", sem a garantia de que o medicamento chegasse já. Pelo facto de não ter familiares em Lisboa e de não conhecer ninguém para o ajudar nesta situação, restou-lhe fazer a viagem até à Capital.
 
Revoltado, este pai dá conta que a última medicação que lhe chegou às mãos vinda de Lisboa, e que foi levantar na farmácia em Loulé, que se disponibilizou para a receber, deu para 15 dias. A manter-se o stock de fornecimento da medicação, de 15 em 15 dias, João Martins terá de ir a Lisboa, duas vezes por mês. Queixa-se, por isso, de gastar, "perto de 150 euros em gasolina, portagens, alimentação e desgaste do carro, um dia de trabalho perdido, um enorme desgaste físico e emocional" e que está por sua conta e risco. 
 
Contactado pelo Algarve Primeiro, o IPO Lisboa esclareceu que o serviço farmacêutico em causa, mantém o envio de medicação para os doentes que estão inscritos, "para uma farmácia da respetiva área de residência, em todo o País e ilhas (fora da área metropolitana de Lisboa)". Uma iniciativa que foi implementada em 2019, para apoiar os doentes que tenham limitações de deslocação ao IPO.
 
A mesma entidade avançou que em 2022, cerca de 220 doentes receberam os seus medicamentos através deste serviço, o que representa um total de mais de 900 envios. Em 2023, 70 doentes já receberam a medicação por esta via. No entanto, "por questões logísticas e de gestão de recursos", o IPO confirmou que têm ocorrido alguns constrangimentos no respetivo serviço, que foram "comunicados atempadamente aos doentes que dele usufruem de forma a não condicionar os tratamentos".
 
Sobre esta questão, lembrou também, que um doente que não tenha mesmo disponibilidade de levantar a medicação de forma presencial, existe a possibilidade de delegar este levantamento a um representante, mediante o preenchimento de um formulário.
 
Ainda assim, assegurou estar a "envidar todos os esforços no sentido de repor o normal funcionamento do serviço".