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Lidar com uma pessoa em surto psicótico

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De um momento para o outro, qualquer um de nós pode ter de confrontar-se com um surto psicótico ou com alguém que se encontre nessas condições.

O primeiro ponto a reter é que, uma pessoa que esteja em surto psicótico precisa de uma compreensão acrescida, de apoio e de alguém que a ajude a reconectar-se com a realidade.
 
De um modo geral, uma pessoa em surto psicótico perdeu o contacto com a realidade, recebe estímulos que não estão presentes e apresenta pensamentos estranhos e irreais, razões pelas quais assume comportamentos indevidos, muitas vezes sem nexo, para além de proferir ideias ou frases com pouco sentido. Isto é o que ocorre durante uma psicose, uma situação angustiante que impede o paciente de funcionar bem no seu dia a dia. A situação é grave e requer algum tato para melhor conseguir lidar com a situação, alertam os especialistas na área da psicologia.
 
Refira-se que, estes episódios podem ocorrer numa pessoa que não apresente qualquer problema de saúde mental, já que podem advir, por exemplo de um esgotamento ou de qualquer outra condição inesperada e, muitas vezes sem ou com poucos sintomas, clarificam os mesmos entendidos.
 
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) inclui vários quadros nos quais a psicose está presente; entre outros, esquizofrenia, transtorno delirante ou transtorno esquizoafetivo. Além disso, faz menção ao chamado transtorno psicótico breve, que é o que conhecemos como surto psicótico isolado que pode variar de um dia a um mês, podendo a recuperação ser total ou existir uma repetição de sintomas como: delírios, alucinações ou linguagem desorganizada e comportamento catatónico, que também ocorre em algumas condições de transtorno mental.
 
A pessoa em surto psicótico sofre de angústia e desconforto psicológico significativo, o que a leva a expressar-se de forma invulgar, pouco clara e incoerente.
 
De acordo com um trabalho elaborado pelo Serviço de Saúde da Andaluzia (2021), seguem-se algumas orientações a ter em conta perante um caso de surto psicótico:
 
Antes do surgimento do surto psicótico, a pessoa pode apresentar alguns sinais e comportamentos incomuns que a alertam e permitem que procure ajuda a tempo; portanto, é conveniente estar vigilante.
 
Nesse sentido, é provável que encontre apatia, isolamento, alterações de humor ou distúrbios do sono e do apetite. Mas o que mais deve alarmá-lo são percepções estranhas (sejam visuais ou auditivas), crenças ou ideias anômalas (como pensar que as pessoas estão contra si) ou a sensação de que tudo é menos real do que antes.
 
Para ajudar alguém em surto psicótico, é fundamental entender a situação que a pessoa está a viver e o quanto a mesma pode ser complicada e angustiante, sobretudo porque está confusa e desorientada, o que a leva a agir de forma imprevisível e deve merecer compreensão, apoio e empatia da parte de quem está ao seu redor.
 
É importante falar com calma, usar frases simples e curtas e, aos poucos, tentar fazê-la compreender que está a passar por uma situação pontual, mas que terá o apoio necessário para que se recupere. É essencial transmitir-lhe alguma tranquilidade, ainda que perceba que as suas atitudes e crenças não são reais e que é muito difícil que a pessoa em surto psicótico a consiga ouvir e entender adequadamente.
 
Durante uma psicose aguda é necessário ajudar a pessoa a recuperar o contacto com a realidade. Nesse cenário, os exercícios de enraizamento são úteis. Assim, torna-se importante apresentar-lhe uma refeição quente, oferecer-lhe um chá, mostrar-lhe um ou outro objeto que a possa animar, mas sem que a exponha a grandes estímulos, mostra-lhe carinho e compreensão e proporcionar-lhe um ambiente tranquilo e seguro.
 
É também crucial encaminhá-la para um especialista, neste caso, um médico psiquiatra e marcar a sua presença, não só por conforto, mas também porque a pessoa não terá capacidade de o fazer sozinha.
 
Na fase aguda pode ser necessário recorrer aos serviços de urgência e, a médio e longo prazo, é fundamental a intervenção da psiquiatria, psicologia clínica e outras especialidades para prevenir recaídas ou controlar a progressão da doença, alertam os especialistas.
 
Uma publicação do Centro de Prevenção e Intervenção da Psicose Precoce, lembra que, a pessoa pode relutar em tomar a medicação, seguir a psicoterapia ou aceitar o internamento, pelo que os seus familiares podem contribuir fazendo-a ver os benefícios que isso lhe trará e ser um apoio durante o processo.
 
Não menos importante é que, a pessoa que acompanha alguém em surto psicótico também receba uma consulta de psicologia, na medida em que é muito desgastante este contacto e apoio diário e, o técnico poderá fornecer-lhe algumas orientações essenciais para lidar melhor com essa realidade, recomendam os mesmos entendidos na área da psicologia.
 
Por último, importa ressalvar que, quanto mais o acompanhante souber acerca de um surto psicótico, mais e melhor poderá proteger-se e, ao mesmo tempo ajudar a pessoa que passa por essa situação, por isso, leia o que puder e peça ajuda ao médico que está a tratar do seu familiar, concluem os especialistas.