A presidente do conselho de administração da Águas do Algarve, deixa um alerta: As últimas chuvas que caíram no Algarve, acrescentaram muito pouco às reservas de água na região.
Em declarações ao Algarve Primeiro, Isabel Soares explicou que as alterações climáticas trazem uma distribuição desiquilibrada, quer a nível geográfico, quer em termos de quantidade de água da chuva, "não era imaginável há uns anos, no Algarve, que chovesse com mais frequência e maior intensidade nas zonas do litoral, porque normalmente era nas zonas serranas, no entanto, as alterações climáticas criam chuvas convectivas, que resultam de alterações de temperaturas que se formam junto das massas de água e fazem com que massas de ar quente subam mais rapidamente e se transformem em grandes quantidades de água, completamente nefastas, como aconteceu agora".
A responsável fala de falta de planeamento, referindo que foram construídos edifícios, estradas e viadutos, em zonas ecologicamente sensíveis, "e hoje, infelizmente, vê-se que são as zonas urbanas que estão a sofrer mais com esta mudança climática".
Sobre as chuvas que caíram na região, com registo de inundações no espaço público, Isabel Soares adiantou que, "é impensável que não tivesse entrado nada nas nossas barragens, nomeadamente no sistema do Barlavento, onde na barragem de Odelouca, não temos sequer um metro e a ribeira de Odelouca está completamente seca, e vemos que Olhão, Albufeira, Armação de Pêra, e outras zonas do litoral ficaram inundadas".
Tratando-se de uma realidade cada vez mais evidente, defende que tem de haver uma nova sensibilidade por parte dos autarcas em relação ao urbanismo e das populações para a poupança de água, "sobretudo é necessário uma nova concertação de políticas no meio urbano, mas também ao nível da agricultura, porque este setor consome mais de dois terços da água existente nas nossas reservas. Se isso se não for bem adequado com novas regras e com plantações sustentáveis, estamos a exigir cada vez mais dos nossos terrenos que estão a ficar esgotados e desertificados. Entendo que deviam haver planos de ordenamento das florestas como também para as questões agrícolas", notou.