Ambiente

Investigadores concluem que maioria das áreas marinhas protegidas da Europa não têm proteção real

Investigadores concluem que maioria das áreas marinhas protegidas da Europa não têm proteção real
Investigadores concluem que maioria das áreas marinhas protegidas da Europa não têm proteção real  
Foto - Freepik
A maioria das áreas marinhas protegidas da União Europeia (EU) “não tem regulamentação” que proteja a biodiversidade e os ecossistemas marinhos, concluíram investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) e da Universidade do Algarve (UALg).

Investigadores da academia algarvia em colaboração com instituições europeias e concluíram que apenas 11,4% de toda a área marinha da União Europeia se encontrava classificada como área marinha protegida em 2022 e que uma análise dos regulamentos existentes revela que apesar de serem legalmente designadas como áreas protegidas, em 86% dessas águas "são permitidas atividades altamente prejudiciais para o ambiente, como a dragagem, a mineração e práticas de pesca destrutiva".
 
“A maioria das áreas protegidas da Europa não tem regulamentação que as proteja dos impactos humanos, foi esta a grande conclusão deste estudo”, disse à agência Lusa Bárbara Horta e Costa, coautora do estudo, em que foram analisadas 4.858 das áreas marinhas protegidas da Europa.
 
Segundo dados do Eurostat referentes a 2021 (os dados mais recentes disponíveis) compilados pela base de dados estatísticos Pordata, Portugal tinha apenas 4,5% das suas águas com estatuto de proteção, através de legislação nacional e no quadro da rede europeia Natura 2000, ocupando o 21.º lugar entre os 27 países da União Europeia.
 
Bárbara Horta e Costa disse hoje à Lusa que o estudo “pretende ser um alerta, porque existem várias políticas europeias a incentivar a criação de áreas marinhas protegidas, mas elas não são protegidas de facto”, porque "são permitidas atividades muito intensas e destrutivas dentro delas e não estão a servir o seu propósito e apenas regulam superficialmente a maior parte das atividades humanas”.
 
A investigadora adiantou que aquelas áreas “enfrentam ameaças diárias provocadas pela ação humana, como a destruição de habitats, a pesca intensiva e mineração”.
 
Barbara Horta e Costa defende a "necessidade de ser revista e reforçada a regulamentação”, para que as áreas marinhas protegidas possam desempenhar o seu objetivo de preservação da biodiversidade e “para que se atinjam as metas europeias estabelecidas até 2030, que apontam para 30% das águas protegidas, 10% das quais sob proteção rigorosa”.
 
"Assumimos estes 10% como de proteção total ou alta, mas estamos muito longe de obter estes valores até 2030. Temos mesmo de mudar muita coisa a nível europeu, como estratégias e leis que obriguem a proteger de facto estas áreas, proibindo as atividades que são danosas para o meio ambiente", concluiu.
 
Para os investigadores, apesar de existirem várias legislações nacionais, internacionais e europeias que promovem a criação destas áreas, as mesmas não estão a ser eficazes na forma como protegem e preservam o meio marinho.
 
Lusa