A Inteligência Artificial (IA) aplicada à prática clínica vai estar em debate entre 26 e 27 de abril, em Faro, no 1.º Congresso de Inteligência Artificial na Medicina Dentária: Intelligent Dentistry 2024 (ID2024), anunciou a organização.
Promovido pela Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, no contexto da Pós-Graduação em Medicina Dentária Digital, o congresso realiza-se na Universidade do Algarve, em Faro, e conta com um painel de palestrantes nacionais e internacionais que vai analisar as possibilidades da IA no tratamento de pacientes e na gestão dos consultórios e da atividade, antecipou fonte da organização.
Nuno Jorge, da comissão organizadora do ID2024, disse à Lusa que têm surgido ferramentas tecnológicas, como ‘scanners’, impressoras 3D, ‘softwares’ ou até práticas de cirurgia guiada, “que até à data não existiam”, estão em “grande expansão” e têm “grande investimento por parte da indústria”, pelo que os profissionais devem conhecer esta realidade para aproveitarem as suas potencialidades.
A organização espera 250 participantes, que vão conhecer os novos desenvolvimentos em termos de IA aplicada à medicina dentária e ferramentas que auxiliam os profissionais em matérias como o planeamento cirúrgico e de implantes de reabilitação, gestão de consultórios ou a escolha de cor, adiantou.
“Pode parecer que é uma coisa fácil, mas a escolha da cor é das coisas mais difíceis”, exemplificou Nuno Jorge, sublinhando que a IA permite escolher o tom que coincida com os dentes verdadeiros do paciente para os implantes não destoarem quando são colocados.
Entre os oradores está o brasileiro Fábio Guimarães, gestor e médico dentista considerado “uma das maiores entidades a nível da medicina identitária digital no mundo” e que desenvolveu um ‘software’ próprio que se chama ‘smart cloud’ que facilita “o planeamento de casos complexos”, destacou.
A parte estética também vai estar em análise, com a participação de Florin Cofar, que também é “uma referência mundial”, e que chega ao congresso no Algarve “depois de lançar um livro novo”, tem “uma formação em audiovisuais” e “faz vídeos de divulgação” da estética na medicina dentária, acrescentou.
Questionado sobre se a IA já é utilizada habitualmente nas consultas, Nuno Jorge respondeu que há “muita tecnologia disponível com base em algoritmos de IA a ser utilizada nos consultórios, nomeadamente nos ‘softwares’ de planeamento e nas máquinas que fazem a leitura da boca do paciente”.
Na radiologia também pode ser utilizada a IA, num “processo que chama-se de segmentação, que é o de isolar cada componente da cara: os dentes, o osso, o nervo, e estas ferramentas “já são usados corriqueiramente e são uma coisa do dia-a-dia” dos consultórios, assinalou.
“Obviamente que estamos ainda assim no início de uma caminhada que vai ser revolucionária. Nós estamos à beira de uma série de coisas novas que vão aparecer que nem sequer nós muito bem ainda sabemos qual é o passo”, ressalvou.
Nuno Jorge sublinhou que “estas ferramentas trazem também associadas, de alguma forma, um debate sobre questões éticas e de responsabilidade clínica”, que devem ser sempre acompanhadas de supervisão médica, regulamentação e uma eficaz proteção de dados.
“A tecnologia não pode de nenhuma maneira substituir a validação clínica e a validação humana”, argumentou, frisando que “há certos tratamentos que, com a IA, se tornaram tão acessíveis” e há alguma indústria que considera que “pode vender diretamente aos pacientes” essas soluções.
Entre estes exemplos estão, indicou, os “alinhadores dentais”, que são vendidos na internet e podem provocar danos nos pacientes se são utilizados sem o seguimento de um médico, ou espaços que fazem branqueamentos dentários em centros comerciais, indicou.
Lusa