O projeto orçado em 500 mil euros foi desenvolvido em parceria com o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (UAlg) e Fundo Ambiental e prevê a instalação de um fundeadouro, em fevereiro de 2024, com capacidade para 57 embarcações junto à Ilha da Culatra, em Faro.
A gestão do fundeadouro da Ilha da Culatra, com capacidade para 57 embarcações, 46 das quais até 12 metros e as restantes até 18 metros, vai ser entregue à Associação dos Amigos da Culatra, prevendo-se a realização de estudos para a colocação de mais sete fundeadouros.
O protocolo para o financiamento dos estudos e implementação da estrutura vai ser assinado hoje na sede da Associação de Moradores da Ilha da Culatra, com a presença do secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino.
Em declarações à agência Lusa, o diretor regional da Conservação da Natureza e Florestas do Algarve, Joaquim Castelão Rodrigues, referiu que o objetivo “é ordenar a ancoragem da náutica de recreio, de forma a preservar a zona lagunar”.
“Sendo uma zona muito procurada durante o verão pela náutica de recreio, as manobras de ancoragem das embarcações causam impactos nos habitats, nomeadamente nas pradarias marinhas” apontou.
Numa primeira fase, o projeto prevê a colocação de 57 pontos de ancoragem que “vão estar disponíveis para o verão do próximo ano”, sendo os restantes colocados após a época estival, adiantou.
Segundo o ICNF, o fundeadouro da ilha da Culatra é um dos 44 georreferenciados em 2009 no Plano do Parque Natural da Ria Formosa, cuja gestão e avaliação da capacidade de carga da ria cabe à Docapesca, à Agência Portuguesa do Ambiente e à Administração dos Portos de Sines e Algarve.
Castelão Rodrigues realçou que o ordenamento das embarcações de recreio “é mais uma das medidas implementadas pela gestão do parque para preservar uma zona de grande valor ecológico, científico e económico, nomeadamente a sua flora e fauna, incluindo as espécies migratórias e os respetivos habitats”.
“Na zona da Culatra já foram contabilizadas mais de 200 embarcações num só dia, resultando numa carga muito grande para a biodiversidade do sistema lagunar”, notou.
Segundo Castelão Rodrigues, não cabendo ao ICNF a responsabilidade nem a competência para a instalação dos fundeadouros “o secretário de Estado da Conservação da Natureza foi sensível à preocupação de preservar o sistema lagunar e foi conseguido que fosse alocada a verba para avançar com o projeto, estudos e impacto dos fundeadouros”.
A Ria Formosa é um sistema lagunar de grandes dimensões que se estende desde o Ancão até à Manta Rota – abrangendo cinco concelhos algarvios: Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António - e inclui uma grande variedade de habitats, nomeadamente ilhas-barreira, barras de maré, sapais, bancos de areia e de vasa, dunas, salinas, lagoas de água doce e salobra, cursos de água, áreas agrícolas e matas.