A médica interna de Cirurgia Geral em Faro, Diana de Carvalho Pereira, apresentou queixa na Diretoria do Sul da Polícia Judiciária (PJ) e expôs as situações nas redes sociais.
De acordo com o
Jornal de Notícias, o Ministério Público (MP) está a investigar as acusações de alegada negligência médica contra um cirurgião e o diretor do Serviço de Cirurgia I do Hospital de Faro.
Segundo a mesma fonte, a médica garante ter conhecimento de «11 casos» ocorridos este ano, em que dos onze doentes: «três morreram, dois estão internados nos cuidados intermédios, os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico, que variam desde a castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida. Um dos doentes esteve uma semana com compressas no abdómen», acrescenta. Sobre o diretor do serviço, lamenta que tenha conhecimento dos casos e das queixas, e não tenha feito queixa ou afastado o cirurgião em causa. «É, portanto, conivente com os atos e foi também, pelo mesmo motivo, alvo das queixas», explica.
Pedro Henriques, principal visado na queixa, disse ao JN, que as afirmações da colega «não fazem qualquer sentido» e que vai «responder em sede própria». Já o diretor do Serviço de Cirurgia, Martins dos Santos, refuta todas as acusações, tendo referido que «só alguém que não está no seu perfeito juízo podia fazer declarações desta natureza».
Na notícia, o JN refere que a médica diz ter sido alvo de retaliações, após as denúncias. «Inventaram uma história para me difamar junto ao hospital inteiro. Alegam insanidade, quando a minha queixa é referente a atos clínicos, baseada em provas com meios complementares de diagnóstico e relatos cirúrgicos. Alegam insanidade. Eu nunca fui um perigo para nenhum doente, ao contrário deles».
Sabe-se que a queixa foi também reportada à Ordem dos Médicos, à Entidade Reguladora da Saúde, à ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde] e ao Ministro da Saúde.
Contactado pelo JN, o Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) disse não ter conhecimento de nenhum dos casos denunciados pela médica interna, na medida em que «optou por os participar a entidades externas e só posteriormente informou o CA», contudo, foi instaurado um processo de inquérito interno urgente.
Ao mesmo tempo, o jornal revela que o Director Clínico pediu ao Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos a abertura de um inquérito urgente, com vista a avaliar a conduta assistencial, estando prevista uma visita de uma Delegação do Conselho Regional do Sul à unidade hospitalar.