A greve nacional dos enfermeiros registou hoje, no turno da manhã, uma adesão de cerca de 80% nos hospitais e centros de saúde do Algarve e parou vários serviços, disse à Lusa fonte sindical.
“Está a ser uma greve bastante positiva. Já era essa a nossa expectativa, dado aquilo que é o descontentamento vivido pelos colegas. Aqui na região [do Algarve], estamos a falar de cerca de 80% de adesão, o que é bastante expressivo”, afirmou Sónia Lopes, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), num balanço provisório à agência Lusa.
No Hospital de Faro, a greve afetou de forma “mais significativa” a cirurgia de ambulatório e o bloco operatório central, “em que foram adiadas todas as cirurgias programadas”, e as consultas externas, “com tratamentos específicos que não foram assegurados”, enquanto os serviços de internamento estão em serviços mínimos, especificou.
No Hospital de Portimão, a cirurgia de ambulatório e o bloco operatório central também estão “com adesão de 100% e, por isso, não há cirurgias programadas hoje”, e serviços como o hospital de dia da oncologia e os internamentos “estão só dedicados aos cuidados mínimos, que têm de ser cumpridos por lei”, prosseguiu a sindicalista.
Nos centros de saúde, a dirigente confirmou que algumas unidades de saúde familiar “estão a 100%, portanto, não há enfermeiros a trabalhar e o serviço fechou por completo”, nomeadamente em Faro, Albufeira, São Brás de Alportel e Tavira.
Sónia Lopes salientou, sobre a greve nacional, que havia “a expectativa de que estas negociações com o Ministério da Saúde desembocassem naquilo que é uma carreira justa para os enfermeiros e uma tabela salarial que os valorizasse”, mas que “não é nada disto que está a acontecer”.
Em relação à região do Algarve, frisou, mantêm-se as “injustiças relativas” relacionadas com a contagem de pontos, o pagamento dos retroativos a 2018, a contabilização do ano civil e a acumulação de horas extraordinárias.
“São situações muito particulares na região que não estão resolvidas, em que já há orientações específicas da tutela em relação à sua resolução, e que a ULS [Unidade Local de Saúde do Algarve] continua a dizer que ainda não teve tempo para tratar”, sublinhou.
Num balanço aos sete primeiros meses de gestão da ULS criada em janeiro, Sónia Lopes garantiu que “as coisas não melhoraram e os enfermeiros continuam com os seus problemas por resolver”, falando de uma situação “dramática”.
Existem “sinais muito claros” de que a Unidade Local de Saúde do Algarve não consegue reter nem contratar novos profissionais, apontou, lembrando que “a cada dia que passa (…) mais um enfermeiro pondera abandonar” a profissão.
“Não sei como se vão resolver estes problemas com estes ataques diários à classe, o que leva à desmotivação brutal e ao absentismo, já muito sentido e que vai agravar-se, certamente”, sustentou.
O SEP anunciou hoje 12 novas ações de luta para este mês, incluindo 10 greves parciais com início já na segunda-feira.
Segundo Sónia Lopes, haverá uma greve descentralizada no Algarve em agosto, informou Sónia Lopes.
“Vamos voltar a demonstrar o nosso descontentamento com mais enfoque nos problemas da região, por nós sentidos ao longo do ano e agravados neste período em que a população triplica sem recursos proporcionais às exigências”, finalizou.
Os enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde estão hoje em greve nos turnos da manhã e da tarde para exigir a valorização da carreira e a melhoria das condições de trabalho.
A greve foi convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) no dia 16 de julho, alegando que a apresentação da proposta de alteração das grelhas salariais continuava por cumprir, o que levou à suspensão das negociações na reunião marcada para esse dia.
Lusa