De 27 a 30 de junho, a zona histórica de Loulé volta a receber o Festival MED, que este ano, assinala 20 anos de existência.
Durante a apresentação do evento, que decorreu na sexta-feira, no stand do Município de Loulé na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, a organização anunciou os primeiros nomes que irão fazer parte do cartaz e uma nova iniciativa: a partir de agora, a cada ano, haverá um país convidado, cabendo ao Reino de Marrocos ser o primeiro a mostrar em Loulé a sua cultura e tradições, seja através da música, artesanato, gastronomia, literatura e outras vertentes culturais, anunciou a Câmara de Loulé.
Segundo informa o Município em nota divulgada, no Claustro do Convento do Espírito Santo será recriado um Souk, e durante estes dias os visitantes poderão vivenciar o verdadeiro ambiente do Magreb, da decoração aos cheiros e sabores, da música às danças. A gastronomia de Marrocos será um dos destaques, já que diariamente o público poderá degustar pratos típicos como as tagines, os couscous, as keftas ou o tradicional chá de menta, ao mesmo que no palco irão atuar artistas marroquinos. O artesanato tradicional será trabalhado “ao vivo e a cores”. Além disso, será exibido um filme de Marrocos integrado na programação do Cinema MED, lançado um livro e realizada uma conferência sobre o seu autor.
“A nossa identidade cultural e o nosso património histórico tem muito a ver com o legado árabe que foi deixado no nosso território. Loulé tem uma grande influência árabe, é aqui onde estão os únicos Banhos islâmicos conhecidos com planta completa na Península Ibérica. Além disso, há um estreitar de laços que temos vindo a fazer com Marrocos por isso fazia todo o sentindo este desafio…", explicou o vereador Carlos Carmo, diretor do Festival.
Desde a primeira edição do Festival MED, este país tem sido presença assídua até pelas suas características mediterrânicas que o aproxima do ambiente que se quer apresentar ao público deste evento. Nour Eddine, Oum, Aywa foram alguns dos artistas marroquinos que já atuaram no MED.
Mas as iniciativas enquadradas nesta nova “rubrica” começam muito antes da realização do festival, e já no dia 23 de março, o Cineteatro Louletano acolhe um concerto “MED Flavour”. Com elementos originários de Marrocos, a Orquestra Al-Garawiyin sobe ao palco para levar a música, no âmbito da programação do Festival Al-Mutamid. A Associação Al-Mutamid Ibn Abbad, através do cônsul honorário de Marrocos no Algarve, José Alegria, e do antigo reitor da Universidade do Algarve, João Guerreiro, em colaboração com a Embaixada de Marrocos no Algarve, são os principais promotores desta iniciativa. Em 2024, o MED conta 90 horas de música, 54 concertos, 358 músicos, 30 nacionalidades, 12 palcos, 100 expositores de artesanato, 2 exposições de arte, 12 grupos de artistas de rua e 1 país convidado, Marrocos.
Quanto à música, a autarquia de Loulé avança que foram anunciados os 20 primeiros nomes dos 54 que figuram nesta edição e um deles é precisamente de Marrocos: o regresso da artista Oum ao MED. Oum El Ghaït Benessahraoui é uma cantautora de música popular marroquina contemporânea, com uma carreira que se estende sobretudo pelo Norte de África e Europa. O seu trabalho é uma fusão de influências de hassani, jazz, gospel, soul, afrobeat e música Sufi. Pela primeira vez estarão representados 3 países – o Chade a Coreia do Sul e a Estónia, que se irão juntar às dezenas de nacionalidades que já estiveram no MED. Afrotronix é um conceito original, uma visão afrofuturista que carrega uma mensagem pan-africana criada pelo famoso guitarrista chadiano-canadiano Caleb Rimtobaye. A banda celebra algoritmos africanos através da música afro eletrónica, arte digital, moda africana e dança urbana africana.
A eletrónica também está na essência dos sul-coreanos Idiotape, o trio eletrónico que vem de Seul. Influenciado pelo rock clássico coreano das décadas de 1960 e 1970, o som único deste grupo é uma mistura musical inovadora de ritmos orientados por sintetizadores e batidas fortes de bateria acústica. Muito celebrada por sua enérgica performance ao vivo, a banda tem atraído a atenção da crítica e do público ao redor do mundo.
Puuluup vão ser os representantes da Estónia na Eurovisão 2024, mas para este ano têm também na sua agenda uma presença no Festival MED. Um duo de nu-folk estónio que foi criado em 2014 por Ramo Teder e Marko Veisson, eles que serão os primeiros estónios a figurar no MED. Destaque no alinhamento desta 20ª edição para um ícone da música dos PALOPS, o cabo-verdiano Tito Paris, músico, compositor e cantor cabo-verdiano, radicado em Lisboa há vários anos. É um dos maiores responsáveis pela divulgação da música das “ilhas da Morabeza” pelo mundo, além de uma figura de relevo da comunidade africana na capital e este ano é um dos artistas que encabeçam o cartaz do MED. Em 2023, o jamaicano Anthony B cancelou a sua participação no Festival MED - e a Tour europeia - devido a problemas burocráticos relacionados com a sua autorização para viajar. Este ano, o artista de reggae não vai faltar a esta data especial e é um dos nomes que seguramente trará uma legião de fãs a Loulé.
Alguns regressos marcam também esta edição e um deles é o da Kumpania Algazarra que vem aos 20 anos do MED celebrar os seus próprios 20 anos. O grupo animou a apresentação na BTL.
Quem também esteve presente no momento foi outra confirmação no cartaz. A cantora e compositores Rita Vian que começa a dar os primeiros passos na música nacional e Loulé será mais uma montra para esta jovem que, em 2022, recebeu um Prémio Play na categoria de Artista Revelação. “Estou muito feliz por fazer parte de um festival que é tão diversificado, e onde vou apresentar o meu disco. Canto música em Português, uma mistura de Fado com cancioneiro português e Hip-Hop. Mas acima de tudo, gosto de escrever sobre mim, sobre a minha vida, é um projeto muito pessoal e muito autobiográfico. Neste concerto podem esperar palavras intimistas e música portuguesa”, desvendou Rita Vian sobre a sua presença em Loulé.
Os primeiros nomes já confirmados no Festival MED’24 são: Afrotronix (Chade), Anthony B (Jamaica), Antti Paalanen (Finlândia), Bixiga 70 (Brasil), Chico César (Brasil), Dubioza Kolektiv (Bósnia e Herzegovina), Idiotape (Coreia do Sul), Kumbia Boruka (México/Chile/Argentina/França), Mazgani (Portugal/Irão), Mouvman Alé (Ilha da Reunião), Oum (Marrocos), Puuluup (Estónia), Roberto Fonseca (Cuba), Sofiane Saidi (Argélia), Throes+The Shine (Angola/Portugal), Tito Paris (Cabo Verde) e de Portugal, Kumpania Algazarra, Lina, Rita Vian e Teresinha Landeiro
Porque o Festival MED quer dar o seu contributo para um melhor futuro do Planeta, as iniciativas que tem integrado ao longo dos anos, tem já a sua marca de sustentabilidade.
A cada edição, procura promover a construção de boas práticas sustentáveis que gerem valor económico, social e ambiental, junto de todas as partes envolvidas. Exemplos disso mesmo são o copo ecológico, a integração de energias renováveis no recinto, a disponibilização de pontos de água gratuitos e eficientes, a colocação de diversos equipamentos de recolha seletiva para diferentes fluxos de resíduos como dispensadores para beatas de cigarro (eco-beatas), pastilhas elásticas (papachicletes) e papeleiras inteligentes totalmente autónomas ao nível energético, ou a promoção da economia circular e o envolvimento de fornecedores e artistas locais com a criação de elementos decorativos através da reutilização de materiais.
Em termos turísticos, o Festival MED é um dos eventos-âncoras, não só do concelho, mas de toda a região. Mais de 40% dos visitantes do MED são estrangeiros, oriundos de diversos pontos da Europa, destacando-se espanhóis, ingleses, holandeses e franceses. Tendo em consideração os turistas que visitam o Algarve, 39% referem que a vinda ao MED foi o principal motivo dessa visita. A afluência ao MED tem vindo a crescer consideravelmente ano após ano, com uma assistência média diária entre as 8 e as 10 mil pessoas. A faixa etária deste público situa-se sobretudo entre os 18 e os 45 anos (79%) e entre 56 a 64 anos (15%).
Na BTL, o diretor do evento sublinhou o facto de tratar-se de um festival organizado por uma entidade pública, o Município de Loulé, o que “revela que as câmaras municipais têm uma grande preocupação com a promoção da cultura para criar públicos”.
Em relação a este 20º aniversário, Carlos Carmo garantiu que “podemos esperar a mesma qualidade que o Festival MED tem trazido ao longo destes 20 anos, uma programação diferente, desafiante e de qualidade”. Nas 19 edições, já passaram pelo MED, mais de 355 mil visitantes e 665 bandas, de 75 países.
De referir que os bilhetes já estão em pré-venda, até ao dia 24 de junho, com os seguintes valores: bilhete diário 10 euros, bilhete festival 30 euros e o bilhete família diário 35 euros. Após 24 de junho os valores passam a: bilhete diário 15 euros, bilhete festival 40 euros e bilhete família diário 40 euros.
O Festival MED’24 tem o apoio da RTP, Antena 1, Antena 2, Antena 3 e RDP África.