O cabeça de lista da CDU às eleições europeias avisou hoje no Algarve que o Chega “representa tudo o que há de pior na sociedade” e defende “ideias de conflito, de confronto e de divisão” que não servem o povo.
Em declarações aos jornalistas a meio de uma arruada no centro de Faro, João Oliveira foi questionado sobre como é que a CDU enfrenta o crescimento do Chega no Algarve, onde, nas últimas eleições legislativas ficou em primeiro lugar, com 27,19% dos votos - a CDU ficou em sexto, com 3,16%.
João Oliveira disse que essa “é uma questão como outra qualquer do ponto de vista eleitoral, mas do ponto de vista democrático não é uma questão pequena”.
“O Chega representa tudo aquilo que há de pior na sociedade”, afirmou, sustentando que “não há nada de bom venha das políticas e das ideias que o Chega defende, pelo contrário”.
“As ideias do Chega são ideias de conflito, de confronto, de divisão do povo, de agravamento ainda maior das dificuldades que as pessoas têm, porque ninguém deve ter ilusões: o projeto político do Chega serve os mesmos interesses económicos que há décadas comprometem o desenvolvimento do país”, frisou.
Interrogado sobre como é que a CDU pode recuperar os votos perdidos para o Chega, João Oliveira defendeu que as “manobras de manipulação e de instrumentalização” daquele partido são “sempre muito apuradas e refinadas” e visam “maquilhar um projeto político antidemocrático”.
“O discurso que vai sendo feito para virar trabalhadores contra trabalhadores, para dividir o povo em função da cor da pele, da etnia, da sua proveniência, é um discurso que não serve a ninguém. Ninguém quer viver num país de ódio e de conflito entre o povo”, reforçou.
O cabeça de lista da CDU defendeu que o Chega pretende “dividir o povo para servir quem explora o povo e se aproveita das dificuldades que as pessoas têm”.
A nível eleitoral, o candidato insinuou que o crescimento do Chega poderá ser provisório, salientando que também já houve experiências “de maiorias absolutas de alguns partidos que, a seguir, deram derrotas eleitorais estrondosas”.
Da mesma maneira, João Oliveira considerou que “as pessoas também já começaram a ver que aquilo que vem, quer do Chega, quer de outras forças reacionárias e de direita, não corresponde às soluções que são precisas no dia-a-dia”.
Apesar disso, o candidato reconheceu que há eleitores que, ainda que se identifiquem com a CDU, “em algumas circunstâncias, por fatores diversos, em altura de eleições fazem opções distintas”.
“É isso que temos de procurar contrariar, com o esclarecimento, com a informação, indo ao contacto direto e com a esperança de que, naturalmente, à medida que esse trabalho vá avançando, as coisas possam inverter”, disse, admitindo que a perda de influência da CDU a nível institucional “faz mossa”.
Considerando importante que, em período eleitoral, se dê “mais visibilidade à política alternativa que se contrapõe à política do Chega”, João Oliveira disse que, à política antidemocrática da extrema-direita, a CDU quer o “aprofundamento da democracia” e, perante à “destruição das condições de vida”, a coligação apresenta a “valorização dos direitos sociais”.
Esses direitos sociais que “conquistámos com o 25 de Abril. Não foi com o regime fascista antes do 25 de Abril de que o Chega é herdeiro”, disse.
Durante a arruada no centro de Faro, João Oliveira entrou em vários estabelecimentos comerciais, apelando ao voto na CDU para garantir que há uma voz no Parlamento Europeu que defende “os direitos dos trabalhadores e do povo”.
Perguntou também a várias pessoas qual é o problema mais premente que identificam, tendo ouvido queixas sobre os baixos salários, a crise na habitação ou a falta de acesso à saúde no Algarve. Em resposta, garantiu que esses são precisamente algumas das principais prioridades da CDU.
“Portanto, no dia 09 de junho também é importante o voto na CDU para dizer lá que a política que nos serve é outra, e que não podemos andar a reboque daquilo que não nos serve. Fica o desafio”, disse, recebendo em troca algumas promessas de voto.
Lusa