A raiva tem ganho expressão numa sociedade agressiva, sem tempo para estar, para pensar e para corrigir os erros, mas cabe aos pais ensinar às crianças e jovens como controlar essa emoção.
Assiste-se um pouco por todo o lado a expressões de raiva que, não sendo adstritas ao comportamento de crianças e jovens, pode ser mais notória nessas faixas etárias devido essencialmente à falta de valores e de limites essenciais para um desenvolvimento saudável e para uma convivência harmoniosa.
Parece que se tornou normal que os mais novos atirem objetos, que gritem, que agridam, dando conta de que não se entendeu muito bem o que os psicólogos querem dizer quando afirmam que as emoções precisam de ser libertadas, interpretadas e controladas, sob pena de “fazermos tudo o que nos apetece, mesmo que isso implique o bem-estar e a segurança dos demais”.
É absolutamente necessário que identifiquemos as emoções e que permitamos que os nossos filhos também o façam. Todos precisamos de o fazer porque o mundo emocional é inato e indispensável, “ninguém deixa de ter emoções porque quer, mas qualquer pessoa pode transformar uma emoção negativa em algo mais positivo e controlar-se, evitar agredir física ou verbalmente o outro ou danificar espaços públicos e objetos. É tudo uma questão de autocontrole”, explicam os psicólogos.
Naturalmente que, se todos sabemos da importância das emoções, também todos temos o dever não só de dar exemplos positivos, como de ensinar os nossos filhos a lidarem com elas de modo a que se sintam mais livres e felizes, que se controlem, respeitem e que igualmente transmitam esses valores aos que com eles convivem.
Para isso é fundamental que os pais também saibam controlar-se, que transmitam exemplos positivos quando são confrontados com obstáculos, quando a vida não lhes corre como desejam e que mostrem compreensão e maturidade na resolução de problemas, uma vez que, será essa a base para que os filhos os imitem e reajam de forma semelhante.
Quer isto dizer que, os pais têm um papel fundamental na educação a todos os níveis e também no ensino da regulação emocional, sob pena de todos sofrermos as consequências enquanto sociedade.
Um dos pontos cruciais começa logo na forma de pensar, pois quando comentamos algo que nos acontece, que sentimos, que nos fizeram ou que fizemos, estamos a mostrar como lidamos com as nossas emoções e a fornecer esses exemplos aos nossos filhos.
Quando não gerida adequadamente, a raiva pode resultar em conflitos, problemas de saúde mental e até dificuldades no desempenho escolar.
No entanto, como adultos, temos o papel fundamental de guiar e ensinar estratégias saudáveis para lidar com essa emoção. Eis algumas orientações que deve fornecer aos seus filhos:
1. Comunicação aberta e empática:
Promova um ambiente onde crianças e adolescentes sintam-se à vontade para expressar as suas emoções. Esteja disponível para ouvir sem julgamentos, oferecendo apoio e compreensão.
2. Ensine estratégias de relaxamento:
Ensiná-los a controlar a respiração, ou estimular os pequenos a contarem até dez num momento de raiva, podem ser ferramentas poderosas para lidar com essa emoção:
3. Estimule a prática da empatia:
Mostre aos jovens que a raiva é uma emoção comum, mas que existem maneiras saudáveis de expressá-la. Incentive-os a pensar nas consequências das suas ações sobre os outros.
4. Promova atividades físicas e artísticas:
Exercícios físicos e atividades criativas, como pintura, dança ou música, podem ser excelentes formas de libertar a energia acumulada e reduzir a raiva. Mesmo em casa, reservem uns minutos diários para fazer ginástica ao mesmo tempo em que trocam impressões. Bastam alguns metros da sua sala para que coloque os miúdos e jovens em movimento e, de uma forma divertida, podem aproveitar para descomprimir e produzir energias positivas:
5. Modelagem comportamental:
Lembre-se de que as crianças aprendem muito observando os adultos ao seu redor. Mostre-lhes como se deve lidar com situações estressantes de maneira calma e construtiva.
6. Crie um espaço de reflexão:
Estimule a prática da reflexão sobre as próprias emoções. Pergunte como é que os seus filhos se sentem em determinadas situações e ajude-os a identificar o que desencadeia a raiva.
7. Estabeleça limites claros:
Ao mesmo tempo em que é importante permitir a expressão das emoções, também é fundamental estabelecer limites adequados. Isso ajuda os jovens a entenderem que a raiva não justifica comportamentos agressivos.
8. Procure ajuda profissional quando necessário:
Se a raiva de uma criança ou adolescente estiver a causar-lhe impactos significativos na vida ou nas relações interpessoais, não hesite em procurar a orientação de um psicólogo ou terapeuta.
Um psicólogo infantil é o profissional mais adequado para orientar as crianças e os adolescentes em situações que lhes escapem ao controle, por isso, não adie o pedido de ajuda. Ao mesmo tempo, o pai e a mãe devem dar diariamente o seu melhor não permitindo que a criança ou jovem exceda os limites instituídos, não permitir, de forma alguma, que os mesmos destruam objetos, que agridam ou digam palavras ofensivas quando estão aborrecidos ou com um ataque de raiva. Os pais devem tranquilizar o filho, conversar com ele e tentar saber o que se passa mesmo para evitar que a raiva os domine. Ensinar os mais novos a controlarem-se sem perderem de vista a importância de falarem sobre o que sentem é a base de uma educação saudável, concluem os especialistas.