Horácio Guerreiro, diretor clínico do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve - CHUA, afirmou ao Algarve Primeiro, que o serviço que é prestado aos doentes oncológicos do Algarve, em Espanha, "é de excelência".
Na sequência da visita do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, ao Algarve, na passada sexta-feira, onde inaugurou o novo Hospital Terras do Infante, em Lagos e uma nova unidade de Medicina Intensiva, um Centro de AVC e um laboratório de Ortoprotesia no Hospital de Faro, Manuel Pizarro, deixou claro que o tratamento dos doentes oncológicos da região, tem de ser articulado com o futuro Hospital Central do Algarve, cujo concurso será lançado em 2023.
Horácio Guerreiro explicou que a Câmara de Loulé já disponibilizou um terreno para a unidade de tratamento para doentes oncológicos e que há fundos comunitários para avançar com o projeto. Com as declarações do ministro, é notório que o Governo assume que o serviço público deve responder às necessidades destes doentes na região.
O diretor clínico explicou que neste momento, o CHUA não tem capacidade para dar resposta a todas as ressonâncias, "são exames que demoram muito tempo e, portanto, muitos doentes acabam por ir a Espanha fazer esse exame, porque exige anestesia e nós não temos anestesistas suficientes para acorrer a todas as necessidades e serão estes exames que pretendemos concentrar num futuro centro oncológico aqui na região, que terá uma sala de cirurgia para poder fazer radioterapia intraoperatória, irá ter uma câmara hiperbárica, muito importante como forma de atenuar o efeito secundário dos exames, porque o problema da radioterapia é queimar os tecidos em volta e exige muita segurança".
Horácio Guerreiro, defende o mesmo que Manuel Pizarro: dar ao SNS essa responsabilidade de tratar os doentes oncológicos no Algarve. Para o clínico, a radioterapia, "envolve muitos interesses económicos, obviamente vários milhões de euros, a radiocirurgia também alguns milhões. A radioterapia consiste em libertar doses de radiação em várias sessões, já a radiocirurgia é uma sessão única e de elevada dose de radiação, exigindo equipamento de muita precisão, um serviço com muita experiência e vigilância do doente no pós-procedimento, com um mínimo de 6 horas de internamento". Sobre a polémica levantada em torno do envio de doentes para outro país, o responsável avançou que "vale bem a pena que o doente vá a Espanha, fazer uma única sessão de radiação num sítio de excelência, onde só em Lisboa é que há o mesmo nível de excelência, por isso, achamos que os nossos doentes estão muito bem entregues ao fazerem radioterapia em Faro, e muito bem entregues em irem a Espanha, porque houve um concurso e temos de cumprir a lei. Posso dizer que os doentes que têm ido a Espanha, falam maravilhas das instalações, do acolhimento e da forma como são tratados, para além de que são submetidos a uma única sessão, em que o doente vai apenas uma vez, faz o tratamento, dorme no hospital sob vigilância e é transportado de ambulância pelo prestador até cá".
Não querendo pronunciar-se sobre as condições de outros prestadores, questionou "por que é que um serviço que poderia ser público é privado, mas quanto a isso, não é o que me compete, as minhas responsabilidades é zelar pelos interesses dos doentes, sou diretor clínico e é isso que estou a fazer", concluiu.