A vida tem altos e baixos e todos passamos por momentos difíceis numa ou noutra fase. Carl Jung enumerou algumas dicas que nos podem ajudar a ultrapassar esses momentos, confira-as.
Segundo este psiquiatra e psicoterapeuta, quando estamos em baixo devemos:
1. Aceitar o caos como parte da vida
Algumas das nossas maiores dificuldades como seres humanos são aceitar os problemas, a adversidade e o stress vital. Carl Jung observou que “para muitos de nós, o caos é aterrorizante e paralisante”. Não é fácil supor que nem sempre temos controle sobre o nosso futuro ou que amanhã terá o mesmo equilíbrio de hoje. Vamos entender que o imprevisível e o caótico são ingredientes da própria existência. Resistir a essas flutuações só aumentará o stress e a ansiedade. Confiemos que aqueles poços repentinos que aparecem no nosso caminho não passam de momentos pontuais, nuvens de tempestade que, mais cedo ou mais tarde, vão dissipar-se. Além disso, quando olharmos para trás e descobrirmos tudo o que superamos, encontraremos sentido na nossa própria existência. Há uma certa ordem no meio daquilo que nos parece, à primeira vista, caótico e desordenado, explica o mesmo psiquiatra.
2. Cuidar da perceção ao interpretar cada evento
Carl Jung afirmou na sua obra que: “As coisas dependem de como as vemos e não tanto de como elas são em si mesmas.” No livro Selected Letters of C.G. Jung, descobrimos a correspondência que o psiquiatra suíço mantinha com os seus pacientes. Um deles perguntou-lhe, metaforicamente, como “atravessar o rio da vida “. Ao que Jung respondeu que, na realidade, não existe uma maneira correta de viver, as pessoas apenas vivem como podem. Com o que, em cada circunstância, nos traz o destino. Para manter a calma nos dias de angústia, recomendou que devemos estar atentos à forma como interpretamos cada experiência. E é aqui que entra o verdadeiro problema. Porque muitos de nós navegamos nesse rio vital com áreas não curadas e reprimidas. Quando nos deixamos levar pela inércia dos nossos impulsos e da nossa sombra, a vida enche-se de maiores obstáculos. Assim, Jung sugere que, “precisamos de colocar luz na nossa própria sombra para que possamos recuperar a autoconfiança para conseguirmos perceber as coisas como elas são e não sob as lentes do medo”.
3. Não nos deixarmos levar, afirmando quem queremos ser
“Eu escolho o que quero ser, não sou o que me aconteceu”. Para manter a calma em dias de instabilidade e pressão infinita, olhemos para dentro e não tanto para o que nos rodeia. É lá onde residem todas as verdades, onde dormem as nossas forças, afirma Jung completando que, a individualidade é a capacidade de construir uma psique forte e independente, descobrindo quem somos e sendo seres criativos. Este é outro objetivo que devemos trabalhar quando damos mais um passo. Somos o que fazemos no nosso dia a dia, e não o que éramos no passado. Tenhamos em mente que somos criaturas autoconscientes com grande potencial, que devemos lembrar-nos da nossa essência para manter a calma quando tudo parece estar contra nós, reforça o mesmo psicoterapeuta.
4. Usar a imaginação ativa para reduzir a ansiedade
Carl Jung apontou que a neurose desapareceria se desenvolvêssemos uma personalidade mais ampla e livre. Ficamos tão obcecados em encaixar-nos na sociedade, em obter reconhecimento, status, reputação e aceitação que, uma parte de nós acaba por adoecer. Precisamos de dar oxigênio à mente, torná-la mais flexível, o que, por sua vez, nos permitirá ter perspetivas mais amplas.
Para isso, Jung cunhou o termo imaginação ativa para que possamos entrar em contacto com um eu mais espontâneo, lúdico e acima de tudo criativo. Atividades como a arte em todas as suas formas, assim como a meditação, são práticas que o psiquiatra suíço costumava recomendar, uma vez que, essas manifestações reduzem o stress, ao mesmo tempo em que permitem que descubramos “novas tramas psicológicas em nós próprios”, afirma o mesmo especialista na sua obra.
Partindo do pressuposto que, o legado de Carl Jung continua atual, podemos sempre usar estas linhas de reflexão quando estamos mais stressados e a passar por momentos complexos, assinalam os entendidos.