Saúde

Diana Pereira diz que sente "vergonha" do que aprendeu nos últimos três meses

Foto - Diana Pereira (Instagram)
Foto - Diana Pereira (Instagram)  
Diana Pereira, que denunciou alegados erros médicos no Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro, disse hoje num vídeo publicado no Instagram, que antes de apresentar a queixa, teve o apoio de alguns médicos.

A jovem médica assegurou que tem neste momento um advogado que a defende junto da justiça, e volta a frisar que quando formulou a queixa, apresentou provas de tudo o que denunciou às entidades que estão a investigar. Ao mesmo tempo, alega que tem recebido queixas de outros serviços do mesmo hospital. "O que vou fazer com todas as queixas e denuncias que tenho recebido é anexá-las todas e fazer um documento para a Ordem dos Médicos", explicou. 
 
A médica lembra que na sua queixa inicial reportou 10 casos de alegados erros médicos no sábado e que no domingo juntou mais um. Sobre a sua situação no Hospital de Faro, afirmou que pediu a suspensão do internado, "não tenho condições para prosseguir com a minha formação, porque o que vejo nos últimos dias é uma campanha de difamação contra mim, dentro e fora do hospital, e não tenho medo, porque ao contrário deles estou de consciência tranquila". Sobre as consequências da suspensão, explicou que será transitória, "enquanto não houver um novo orientador para mim, ou surgir uma transferência para outro hospital, não quero trabalhar mais naquele Centro Hospitalar, porque não concordo com as práticas que lá se fazem, nem com a normalização de todas estas situações de negligência. Sei que não sou eu que tenho de me despedir mas sim as instâncias que estão acima de mim seja o hospital, a Ordem dos Médicos a ARS, são elas que têm de se pronunciar sobre o meu futuro enquanto interna e apurar os factos além dos tribunais".
 
Sobre a questão psiquiátrica de que tem sido acusada, diz que se trata de uma atitude "de pessoas que não se conseguem defender e que contratacam desta forma, sobre uma pessoa que fez uma queixa e que antes de a fazer alegadamente não tinha problema nenhum e que depois de a fazer passou a ter. Não tenho problemas em dizer que estou a ser acompanhada com consultas de psicologia por toda a ansiedade que tenho vivido com esta situação, não tenho problema em falar de saúde mental e acredito que todos nós precisamos de ajuda quanto temos uma perna partida ou quando a nossa cabeça não está a funcionar da melhor forma. Mesmo assim, se eu tivesse uma patologia, isso não invalida que a minha queixa não seja verdadeira, porque o que fiz tem por base a minha dignidade e a dos doentes, a minha ética profissional e não quero compactuar com este tipo de situações e de sentir que de alguma forma já estava a normalizar tudo isto, e que era um prática normal, ou seja, iria tornar-me numa médica diferente sobre tudo aquilo que aprendi".
 
Sobre o facto de muitas pessoas terem dito de que se tratou de um ato corajoso, esclareceu que, "o problema é a falta de coragem de muita gente que há anos compactua com estas situações. Eu sou do Porto e estudei em Coimbra e sei que a saúde do Norte e Centro não é igual à do Sul, sinto que os portugueses pagam os mesmos impostos, mas depois uns recebem uma saúde de primeira e outros de segunda. Não é justo que por vezes eu tenha pena dos doentes pelo tratamento que recebem naquele hospital [Faro], não é justo que tantos e tantos passem o dia na Urgência por não haver vagas e ao mesmo tempo, compactua-se com uma série de situações em que os doentes já poderiam ter alta e depois as pessoas não querem ter trabalho e é um ciclo vicioso, posto isto, posso dizer que sinto muita vergonha sobre o que aprendi nos últimos três meses", salientou.