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Devemos ou não confiar na intuição?

Devemos ou não confiar na intuição?
Devemos ou não confiar na intuição?  
Foto - Freepik
Costuma desconfiar de uma pessoa sem que a conheça bem?, este artigo é para si.

É comum que tenhamos a sensação de que devemos afastar-nos de uma pessoa e que não saibamos a razão, que duvidemos do conhecimento de alguém, mesmo sem nos certificarmos da sua validade, que coloquemos alguém em evidência só porque não corresponde ao que esperávamos e daí por diante.
 
Segundo a ciência, tal ocorre porque temos uma voz interior a que muitos chamam de intuição, que nos alerta perante as situações de perigo.
 
Os especialistas nesta matéria dizem que, este tipo de sensação que acaricia a superfície da mente, quase como um dedo gelado que nos toca as costas, tem pouco de sobrenatural. Também não é um ato de premonição, nem um “radar” de sabedoria adquirido geneticamente pelos nossos ancestrais. Na verdade, trata-se de um simples mecanismo de sobrevivência.
 
Contudo, «às vezes essa voz interior falha, a primeira impressão nem sempre acerta e há quem peque em excesso ao confiar no seu “suposto” instinto», alertam os especialistas realçando que, viver sempre envolvido em medos e desconfianças, não nos permite desfrutar da vida na sua plenitude.
 
Mas, se existe algo para o qual o nosso cérebro está preparado é para antecipar riscos, e por isso, para evitarmos danos físicos ou psicológicos, dispomos de um mecanismo que, perante uma situação de alerta, nos diz imediatamente para fugirmos ou para nos afastarmos de determinada pessoa ou cenário.
 
Em muitos casos, esses medos e más impressões que temos de outras pessoas sem que as conheçamos verdadeiramente são o reflexo de experiências anteriores pelas quais já passamos e cujas memórias ficaram arquivadas no nosso subconsciente. Assim, perante uma pessoa semelhante a alguém que já nos fez sofrer, por exemplo, na infância, é natural que a receemos e que “fiquemos de pé atrás”.
 
Desconfiamos porque a amígdala controla-nos o comportamento e, em muitos casos, até somos injustos na impressão rápida que fazemos de outra pessoa, mas o cérebro facilmente identifica uma pessoa à semelhança de outra que nos provocou dor e sofrimento. Para evitar uma nova experiência traumática, o cérebro “parte do pressuposto” de que aquela pessoa será como a outra que nos magoou e não nos deixa confiar de forma imediata e natural.
 
Resumem os entendidos em comportamento humano que, «o que rejeitamos, cada coisa que evitamos ou que nos incomoda, diz muito de nós mesmos:  define-nos».
 
O nosso trajeto existencial incorpora-se de forma implacável no inconsciente e nessas estruturas cerebrais associadas à memória emocional, como o hipocampo. Contudo, o ser humano dispõe de uma região cerebral que controla todos e cada um dos nossos julgamentos rápidos: a amígdala.
 
Todas essas reações “viscerais” que vivenciamos e que nos impulsionam a adotar uma conduta de fuga ou evasão são controladas por esta glândula localizada nas profundezas dos nossos lóbulos temporais, explicam, acrescentando que, «as ações que executamos com base nelas não são racionais e respondem somente a uma força motora implacável e automática: o instinto de sobrevivência».
 
As pessoas que desenvolveram o autocontrole, possuem mais facilidade em descodificar as reações da amígdala e, consequentemente, vivem com menos medo, com mais autoconfiança e estabelecem relações mais positivas com os outros e perante a própria existência.
 
Para que possamos melhorar essa habilidade, Daniel Goleman deixa-nos algumas dicas na sua obra: “O cérebro e a Inteligência Emocional” adiantando que, «toda a reação natural em que experimentemos medo ou inquietação é controlada pela amígdala. Ignorar essa emoção ou silenciá-la não é recomendável, assim como também não é bom deixar-nos levar de forma visceral, devendo optar por ouvir essa voz de alerta, parar, pensar e reagir depois». Afinal, ouvir não implica obedecer, no entanto, o sexto sentido pode proteger-nos de muitas situações desconfortáveis se lhe dermos a necessária atenção».
 
Para finalizar, antes de confiar, pense no que sente e descodifique a mensagem que a sua voz interior lhe dá. Antes de desconfiar em pleno, faça o mesmo exercício e tente apurar se, efetivamente, existe um motivo real ou se a pessoa ou situação em causa lhe fazem lembrar de algo negativo que já experimentou e que receia repetir. Tiradas as elações, decida a melhor opção a seguir.