A confiança é um processo longo e exigente, no entanto, há pessoas que conseguem dar-se ao outro em contactos breves.
Seja para construir uma relação de amizade ou um romance, há pessoas que apresentam uma relativa facilidade em iniciar o processo, enquanto que outras demoram mais tempo e, normalmente, reúnem mais certezas e sucesso.
As redes sociais e as formas virtuais de comunicação trouxeram uma maior facilidade em estabelecer ligações com os outros e, há pessoas que confiam tanto na sua intuição que não precisam sequer de explorar a informação disponibilizada, não carecem de ouvir a opinião de alguém, porque rapidamente têm a sua posição formada em relação a alguém que acabam de conhecer.
Para os especialistas, a questão da confiança tem vindo a ser estudada há muitos anos, precisamente porque é algo que nos desperta interesse, curiosidade e assume-se como muito relevante para o desenvolvimento de uma qualquer relação, pelo que, pode afirmar-se que, «as melhores relações e as mais duradouras baseiam-se na confiança mútua, no entanto, para que se possa acreditar em alguém é preciso tempo e provas».
É também um facto que, as pessoas muito desconfiadas acabam por viver isoladas porque não se dão a conhecer, nem conseguem desvendar o outro pelo medo de arriscar, mas quem se “atira de cabeça” numa nova relação, também tem muitas desilusões para contar. O segredo, então, está no equilíbrio, dizem os especialistas.
Perante a pergunta se podemos confiar em alguém que acabámos de conhecer, os especialistas fazem algumas importantes recomendações, como por exemplo, ter em conta que, a nossa intuição não é assim tão confiável como se pensa.
Segundo um estudo realizado por investigadores das Universidades de Nova Iorque e Dartmouth, o cérebro demora apenas três segundos para decidir se alguém é confiável ou não.
Para chegar a esta conclusão, esse órgão baseia-se em parâmetros puramente físicos. Se uma pessoa tem maçãs do rosto proeminentes e sobrancelhas altas, é considerada mais confiável.
Esta dedução é feita por uma região muito arcaica do nosso cérebro. Na pré-história humana, provavelmente um rosto com bochechas fundas significava fome, e alguém faminto era menos confiável. Este parâmetro já não é válido nos dias de hoje, mas ficou gravado no nosso cérebro, explicam os cientistas.
Além disso, foi estabelecido que tendemos a confiar em quem acabamos de conhecer quando a pessoa tem alguma característica física parecida com a de alguém que já conhecemos, o que também é uma referência muito fraca e enganosa, completam.
Quer isto dizer que, o famoso “instinto” tem muitas limitações. É impossível saber se alguém é confiável com base na intuição. No entanto, também é verdade que a experiência costuma educar o instinto: não impede os erros, mas diminui a possibilidade de cometê-los.
Depois, é preciso registar que, confiar em alguém é um processo, não uma revelação. Uma coisa é partir de um princípio de boa fé, e outra é entregar as chaves das nossas vidas a alguém que acabamos de conhecer. A confiança é algo que vai sendo construído com o tempo, não um fruto do momento.
De uma forma resumida, é natural que tenhamos dificuldade em confiar em alguém que, desde o primeiro momento, nos fala da sua vida, de si e que queira construir logo uma relação. Mas também não se consegue confiar no imediato em alguém que usa frases feitas, que mostra sorrisos desproporcionais à ocasião e menos ainda em pessoas fechadas e pouco dadas ao diálogo.
Assim sendo, os extremos não nos agradam, pelo que devemos optar pela presença de pessoas tranquilas, sem pressa para encetar uma relação e com mais vontade de nos conhecerem aos poucos e, naturalmente de se irem mostrando encontro após encontro. Esta regra serve também para as redes sociais e para os contactos virtuais, completam os entendidos na matéria.
Na mesma sequência, esteja atento às pessoas que, em poucos minutos já estão quase que a convidar-se para irem à nossa casa, que parecem conhecer-nos há anos, que falam muito e prometem ainda mais. Tente identificar também as pessoas que apresentam afetos artificiais e que rapidamente se dizem interessadas em nós ou em estar connosco, pois efetivamente não são pessoas de confiança.
Os cientistas também ressalvam que, já têm ocorrido situações em que, em poucos momentos, as duas pessoas parecem sentir-se tão bem uma com a outra que, naturalmente conseguem desenvolver uma relação e que a mesma é confiável e duradoura, mas não são certamente a maioria dos casos.
A ciência diz ainda que, é muito importante posicionar a pessoa que acabamos de conhecer num contexto, pelo que devemos tentar saber mais sobre ela, também através de outras pessoas, avaliar-lhe o comportamento, a postura, as palavras e os gestos, pois quanto mais informação reunirmos a seu respeito, mais perto estaremos de saber se a pessoa é confiável, coerente e se vale a pena avançar com a relação.
Não nos esqueçamos também que, há pessoas que nunca ultrapassam a linha dos desconhecidos e que isso não constitui um qualquer problema, sobretudo porque nos limitamos a um ou outro contacto pontual devido ao que nos mostrou e ao que é na realidade.
Também há pessoas que acabámos de conhecer e das quais não queremos nada e, isso também não é um motivo de preocupação, mas sim de assumirmos que não podemos gostar de toda a gente, nem os outros todos gostam de nós.
Por fim, os cientistas deixam alguns sinais a que devemos atender quando acabamos de conhecer alguém:
- Se não estiver certo de que essa pessoa é de confiança, não deixe avançar a relação sem que a observe melhor.
- Tente ver a pessoa de fora e de forma realista
- Dê tempo para conhecer melhor a pessoa em causa, reúna o máximo de informação possível e não confie demasiado na sua intuição
- Esteja atento a todos os detalhes que consegue percecionar no outro. Ouça também alguém que já conhece essa pessoa
- Cuidado com pessoas manipuladoras que, desde o primeiro momento, estão sempre prontas para nos agradar e seduzir. Esteja atento a cada palavra e não acredite em tudo o que ouve
- Esteja atento a si mesmo e avalie se confia demais nas pessoas que acaba de conhecer ou que já conhece, pois pode ser alvo de encantamento, de engano e até acabar por se deixar levar por um tipo de pessoa perigosa
- Não tenha medo de contrariar a pessoa que acabou de conhecer, já que, é nos momentos de frustração que se conhece melhor alguém.
Posto isto, confie em quem realmente lhe dá sinais positivos e aprofunde sempre esse contacto!
Fátima Fernandes