Saúde

Detetados indícios de responsabilidade disciplinar em caso de cirurgiões do hospital de Faro

Detetados indícios de responsabilidade disciplinar em caso de cirurgiões do hospital de Faro
Detetados indícios de responsabilidade disciplinar em caso de cirurgiões do hospital de Faro  
Foto de mrsiraphol / Freepik
As autoridades detetaram indícios de responsabilidade disciplinar em alguns dos casos denunciados por alegada má prática no serviço de Cirurgia do hospital de Faro, disse hoje à Lusa fonte da Inspeção-Geral das Atividades em saúde (IGAS).

Questionada pela Lusa sobre o desenvolvimento do processo, desencadeado em abril de 2023 com uma denúncia de uma médica assistente do Centro Hospitalar Universitário do Algarve a reportar alegadas más praticas no serviço, aquela entidade referiu que o processo de inquérito está concluído e que há fundamentação para a instauração de processos disciplinares.
 
“Foi concluído o processo de inquérito […], tendo sido apurados indícios de responsabilidade disciplinar em alguns casos do conjunto dos participados, dos quais emergem factos fundamentadores da instauração de processos disciplinares a alguns dos profissionais intervenientes, na assistência médica em causa”, lê-se numa nota enviada à Lusa pela IGAS.
 
Diana Pereira reportou vários casos de alegado “erro/negligência” na Cirurgia do hospital de Faro, ocorridos entre janeiro e março de 2023, sendo que, segundo a médica, dos 11 casos reportados, três doentes morreram, dois encontravam-se na altura internados nos cuidados intermédios e os restantes tiveram lesões corporais associadas aos alegados erros médicos.
 
Na sequência das denúncias, em junho do ano passado, a Ordem dos Médicos (OM) suspendeu preventivamente e por seis meses dois cirurgiões da unidade, medida tornada pública através de um edital do Conselho Disciplinar da Região Sul da OM, e que abrangia o diretor do serviço e outro cirurgião do hospital algarvio.
 
A Lusa pediu à IGAS o acesso ao processo, mas aquele organismo esclareceu que o mesmo “é de natureza secreta até à acusação”, argumentando que a sua divulgação pública pode “comprometer a eficácia da investigação a prosseguir, agora em sede instrutória de processos disciplinares”.
 
A Lusa tentou obter uma posição sobre o desenvolvimento do caso da médica que fez as denúncias, mas Diana Pereira não quis pronunciar-se nesta fase do processo, remetendo quaisquer esclarecimentos para a IGAS e a Ordem dos Médicos.
 
A Ordem dos Médicos e a atual Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve, que integra o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), foram também contactadas pela Lusa sobre o caso, mas não deram qualquer resposta até ao momento.
 
Estas denúncias levaram também o Ministério Público a instaurar um inquérito, que decorre no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Faro.
 
Lusa