Talvez a maioria das pessoas ainda não se tenha apercebido de que, dentro de nós existe uma profunda riqueza interior que nos ajuda a concretizar, a aprender, a resolver problemas e a conquistar o que pretendemos.
Tal acontece porque, desde muito cedo, somos habituados a encarar o estatuto como aquilo que possuímos e que mostramos aos outros. Exibir um bom carro, uma boa casa, joias, roupas sofisticadas, não define aquilo que realmente somos e o nosso real valor.
Somos a capacidade para ultrapassar os problemas e os obstáculos que a vida nos dá, somos a força para cuidar bem de nós próprios e daqueles que amamos, somos a fortaleza que nos protege das adversidades e que pensa em alternativas quando tudo parece incerto.
É dentro de nós que reside essa energia a que os filósofos chamam de abundância, no entanto, passamos uma boa parte da nossa vida a lutar por um lugar de topo, pela riqueza, pela casa dos nossos sonhos, por substituir um colega no trabalho, por ser “o melhor” na escola e daí por diante.
Somos o que somos e o que nascemos para ser, sabendo que, com a nossa inteligência, capacidade de olhar para dentro de nós, de nos respeitarmos e de o transmitirmos também aos outros, c conseguiremos superar-nos e, efetivamente alcançar muito mais do que pensamos ser capazes.
É a partir da nossa consciência sobre o que somos e que temos que conseguimos planear, arriscar e realizar muito do que pretendemos.
Ajuda muito sermos realistas, pragmáticos e conhecer-nos bem a nós mesmos, pois só assim seremos capazes de aceitar-nos, de valorizar-nos, de admitir falhas e de corrigi-las, de construir planos realistas e de aceitarmos que nem tudo o que existe em nosso redor nos faz felizes e que, não é por um familiar ou amigo possuir algo que, se o tivéssemos, seríamos as pessoas mais felizes do mundo.
Somos todos diferentes num mundo em que só precisamos de mais respeito, de liberdade de opinião, de valorizar o que conseguimos e de agradecer aquilo que temos oportunidade de fazer com os nossos recursos.
Na realidade, dá a sensação de que “o mundo anda em sentido contrário”, pois esgotamos os recursos do planeta, não poupamos, destruímos, desvalorizamos e queremos sempre mais e mais… mas dentro de nós, estamos cada vez mais sozinhos, tristes, infelizes e a lamentar aquilo que não temos. Possuímos uma inveja enorme em relação ao que os outros conseguem, queremos destruir aquilo que possuem pela revolta de não termos e, mesmo com tanta agressividade, mantemos uma insaciável sensação de falta. Porquê?
Porque não olhamos para dentro de nós, porque não cuidamos carinhosamente do que temos e ainda não entendemos que, é quando fizermos esse exercício interior que estaremos mais preparados para encarar a vida noutra perspetiva.
Quando estamos satisfeitos connosco próprios, não temos um vazio interminável dentro de nós, valorizamos quem somos, o que temos e as pessoas que estão ao nosso lado. Damos o nosso melhor por prazer, trabalhamos com gosto e vivemos com muito mais conforto interior e satisfação e, isso reflete-se em tudo o que fazemos. A partir daí, será muito mais fácil abraçar novos projetos, oportunidades e até criar algo novo.
Ao perdermos energia a lamentar a nossa triste sorte, a sofrer com o que os outros conquistam, efetivamente estamos a perder tempo valioso para erguer a tal fortaleza interior, planear e conquistar algo para nós e que nos dê prazer.
A verdadeira abundância é valorizar aquilo que somos, admitir as nossas falhas, mas também as nossas potencialidades, sentirmo-nos preenchidos e, em vez de lamentarmos o pouco que nos falta, é valorizarmos o muito que temos. A partir daí, estará alinhado com o universo, com a vida, com os outros e… tudo lhe irá correr melhor.