A autoestima e a autoconfiança são duas esferas essenciais para a saúde psicológica, por isso, é importante conhecê-las e melhorá-las diariamente.
A autoestima foca-se na imagem que o leitor tem de si mesmo e o seu valor como pessoa, enquanto que a autoconfiança está mais ligada às suas habilidades, talentos e capacidade de concretizar.
Ambas as vertentes são essencialmente baseadas nas avaliações diárias que fazemos de nós mesmos, daí ser tão importante construir uma imagem positiva a nosso respeito, cuidarmos de nós, assumirmos o que sentimos e admitirmos que temos momentos menos bons que contrastam com as alegrias.
Nathaniel Branden refere no seu livro: Autoestima e os Seus Seis Pilares (2011), que uma boa parte dos nossos problemas psicológicos tem origem no enfraquecimento da autoestima e que, a autoconfiança faz parte da autoestima, mas ambas possuem mecanismos diferentes. Fortalecê-las e cuidar delas «irá proteger-nos, por exemplo de cenários depressivos».
Segundo muitos outros autores, a autoestima é muito mais difícil de construir, mas se não o fizermos diariamente, podemos comprometer a nossa autoconfiança que, apesar de ser mais fácil de desenvolver, depende muito da imagem que temos a nosso respeito, pelo que, idealmente devemos permitir que ambas caminhem lado a lado. Quem não possui uma boa autoestima, dificilmente terá sucesso nas mais variadas áreas de vida, incluindo a relação conjugal, a convivência com os filhos, colegas, amigos e familiares, sinalizam.
As principais diferenças entre autoestima e autoconfiança são:
1. Os seus propósitos
Seja a autoestima ou a autoconfiança, ambas permitem que tenhamos uma imagem positiva a nosso respeito, no entanto, a primeira define a forma como olhamos para nós mesmos e a opinião que temos a nosso respeito, o que sendo positivo, facilita a convivência social. Com a autoestima, tendemos a tentar aferir o que os outros pensam a nosso respeito, sempre com o intuito de melhorar as relações que estabelecemos.
A autoestima é a nossa proteção psicológica e a facilitadora para que gostemos de nós mesmos e para que nos sintamos bem com os demais, fortalecendo-nos dos momentos mais difíceis e permitindo-nos encarar a vida de uma forma mais leve, mas também mais realista, pragmática e frontal.
Por seu turno, a autoconfiança é quem nos permite a realização dos sonhos e objetivos, quem nos motiva para ambicionar bem, quem nos abre portas em termos pessoais, profissionais e sociais.
2. Os seus componentes
A autoconfiança está ligada à autoeficácia. Segundo Albert Bandura, no seu livro: Self-efficacy: The exercise of control (1997), a autoconfiança é um fator que desenvolvemos por conta própria, com as nossas perceções no dia a dia. Com uma boa autoestima, a nossa autoconfiança reforça-se, com uma autoestima fraca, a nossa autoconfiança fica debilitada.
A autoestima integra inúmeras componentes que avaliamos diariamente, como o autoconceito, o esquema corporal, a avaliação externa, as nossas aptidões, a forma como nos tratamos e como os outros nos tratam, entre outras.
O sentimento de pertença é um dos principais componentes da autoestima na medida em que, quanto mais nos sentirmos integrados, acolhidos, apreciados e até amados, mais gozamos de estima por nós mesmos e melhor nos sentimos com os demais.
Já a autoconfiança baseia-se na segurança e nas crenças pessoais, o que traduz que, com estes dois componentes somos capazes de fazer uma melhor avaliação a nosso respeito no que se refere a habilidades e capacidades.
Segundo os especialistas nesta matéria, é muito importante que tenhamos em mente que, a forma como fomos criados e educados na infância tem um impacto enorme na construção da nossa autoestima. E esta, por sua vez, interfere significativamente na nossa autoconfiança.
3. O efeito emocional
Os estados emocionais de valência positiva, como confiança, alegria, serenidade e amor-próprio, fortalecem a autoestima e melhoram a autoconfiança.
Muitas pessoas sentem dificuldade em expressar-se e mostrar o bem-estar e a autoconfiança porque temem ser apelidadas como narcisistas, mas essa é uma nuance desadaptativa destes conceitos, pois quem os possui sabe muito bem o quanto é positivo gozar dos seus benefícios e desfrutar de uma vida plena consigo mesmo e com os demais. Ser autoconfiante não significa ser arrogante e, muito menos ter uma boa autoestima traduz egoísmo ou uma personalidade egóica. Viver mal estas vertentes é que pode dar lugar a essa desadaptação, explicam os cientistas.
O essencial é saber que, quando nos rodeamos de pessoas com uma boa autoestima, enriquecemo-nos e fortalecemo-nos, vivemos mais momentos de alegria e de bem-estar. Quando estamos na presença de pessoas com uma fraca autoestima, naturalmente que somos empurrados para uma dimensão triste, negativa e destrutiva, o que comprova que, efetivamente, o efeito emocional é significativo em nós e que, quanto melhor estivermos rodeados, melhor será a nossa postura perante nós mesmos, perante a vida e com os demais.
O mesmo acontece com a autoconfiança. Se estamos na presença de pessoas que sentem vergonha dos seus talentos, que os escondem, que não querem aprender e melhorar-se diariamente, em pouco tempo, vemos esta dimensão abalada em nós. Se, pelo contrário, procuramos personalidades autoconfiantes, criativas, livres, que expressam as suas emoções, opiniões, que não têm medo de mostrar as suas qualidades, tendemos a melhorar-nos também e a seguir essa motivação positiva.
Do mesmo modo, quando olhamos de forma positiva e agradável para nós mesmos, naturalmente que enriquecemos a imagem que temos de nós próprios e sentimo-nos muito mais predispostos para seguir um objetivo e para enfrentar melhor as adversidades.
4. A forma como são construídas
Um estudo divulgado na Revue Suisse de Psychologie sugerem que a autoestima é um fator-chave na dinâmica familiar. Se os pais apresentarem este construto de forma saudável, a relação com os filhos será mais positiva. Por sua vez, esse tratamento enriquecedor e validador reforça o desenvolvimento de uma visão positiva da criança.
A autoestima desenvolve-se inicialmente no ambiente familiar através da forma como somos tratados e cuidados pelos nossos pais. Seguem-se as relações com os colegas, amigos e demais pessoas intervenientes no ambiente social onde participamos. No seu todo, é aqui que são dados os primeiros grandes passos para a construção da autoestima que pode ser positiva ou negativa, forte ou fraca.
Uma pessoa que, em algum momento da sua vida passe por uma relação abusiva, compromete a imagem que tem de si mesma e, naturalmente que diminui a sua autoestima. Também a adolescência é um período muito importante nesta construção devido ás muitas experiências e vivências que proporciona e também às marcas melhores ou piores que nos pode deixar.
A superação de desafios específicos fortalece-nos a autoconfiança que é baseada nas experiências diretas e nas realizações pessoais. A forma como percebemos o mundo e a interpretação que fazemos das vivências é mais relevante do que as pessoas e as suas opiniões, pelo que, podemos não gozar de uma autoestima muito elevada, mas sermos portadores de uma autoconfiança razoável.
5. Estabilidade
São muitos os autores que defendem que, uma visão positiva e saudável de nós mesmos e durante um tempo considerável, configura uma boa autoestima e bem-estar psicológico.
Assim, outra das diferenças entre autoestima e autoconfiança tem a ver com esse mesmo fator. Em geral, a autoestima costuma ser mais estável e duradoura do que a autoconfiança.
Mediante aquilo que nos acontece num grupo, na escola ou no trabalho, podemos ser mais ou menos confiantes, enquanto que, a autoestima costuma ser mais estável quando não estamos expostos a algum tipo de abuso, violência ou episódios traumáticos. Quando estamos rodeados de pessoas saudáveis, tendemos a manter uma certa estabilidade na autoestima e durante longos períodos de tempo. A autoconfiança pode ser abalada com a sensação de cometer um erro no trabalho ou em qualquer outro contexto e precisar de um reforço.
Embora a autoestima e a autoconfiança apresentem certas diferenças, complementam-se e são o substrato do seu bem-estar psicológico. Quanto mais cultivar e fortalecer as suas habilidades, mais contribuirá para enriquecer a visão que tem de si mesmo. Por sua vez, uma autoestima saudável, brilhante e positiva proporciona-lhe mais segurança para aprimorar habilidades.
Por fim, os especialistas registam a importância de nos sentirmos bem connosco próprios, com os outros, com objetivos, planos, com uma visão positiva de nós mesmos, com capacidade para apreciarmos também os talentos dos outros, de aprendemos com eles, de corrigirmos os nossos erros, de mantermos bons níveis de motivação, empenho e valor pessoal, que são requisitos para uma vida mais plena e com mais momentos de felicidade.
Se não gosta nem cuida de si, se tem pensamentos pouco abonatórios a seu respeito, se não se sente bem com o que tem, não hesite em pedir a ajuda de um psicólogo, pois não compensa tal sofrimento e há técnicas específicas que o vão ajudar a descobrir-se e a valorizar-se mais e melhor.
É sempre tempo de construir uma boa autoestima, de aprimorar a sua autoconfiança, é preciso é que acredite que é possível melhorar e que disso depende a sua saúde mental e bem-estar, sem esquecer a melhoria das relações que estabelece com os outros.